Os produtos feitos com pedaços de corpos de girafa à venda, registrados em uma investigação:
acima, à esquerda, uma capa da Bíblia em couro de girafa; no alto, à direita, uma caveira;
embaixo, à direita, uma pele para costuras sob medida em uma alfaiataria de Nova Iorque;
à esquerda, pés e tornozelos (Fotos: The Humane Society)
No momento em que a população de girafas está despencando no mundo, a venda de produtos feitos com pele e osso desse animal está crescendo nos Estados Unidos. De acordo com um relatório divulgado em 23 de agosto [2018] pela Humane Society, mais de 40 mil partes de girafas foram importadas para o país de 2006 a 2015 para serem transformadas em almofadas, botas, alças de faca, capas de Bíblias e outras bugigangas cobradas a altos preços.
A venda desses produtos é permitida por lei, mas a organização argumenta que são necessárias restrições. Juntamente com outros grupos de defesa, a Humane Society solicitou ao Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos que fornecesse essa proteção, listando as girafas como uma espécie ameaçada de extinção. Ser listada sob a Lei de Espécies em Perigo de Extinção significa que as importações, exportações e comércio interestadual exigem uma permissão do Serviço de Pesca e Vida Selvagem, que deve determinar se a ação afeta a sobrevivência da espécie.
A organização emitiu o relatório "para aumentar a pressão e mostrar ao público a verdadeira natureza do comércio de girafas nos EUA, e mostrar ao governo que o público ama girafas e realmente quer que seus governantes tomem medidas para proteger esse animal", disse o gerente de Programas e Operações da Vida Selvagem para a Humane Society International, Adam Peyman.
Em 2016, um estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza e Recursos Naturais (IUCN, sigla em inglês) determinou que a população mundial de girafas havia despencado de 150 mil para 100 mil animais desde 1985. As girafas enfrentam duas ameaças principais, segundo o relatório: perda de habitat e caça, por sua carne. A caça para produção de troféus e souvenirs parece ser a principal fonte dos restos de animais que chegam aos Estados Unidos, mas não está levando as girafas à extinção, segundo Peyman. Mas qualquer mercado que envolva produtos de girafas coloca mais pressão sobre a espécie.
"Não podemos nos permitir nenhuma pressão adicional em meio ao que os especialistas apelidaram de extinção silenciosa", afirma Peyman. "Esses são produtos em que a maioria das pessoas não estaria interessada, mas acho importante conscientizar o público sobre o fato de que essas coisas são vendidas em todo o país."
Uma girafa empalhada e outros produtos feitos a partir de animais, em Denver, Colorado
(Foto: Tristan Spinski / The New York Times)
Os caçadores de troféus geralmente pegam a cabeça e parte do pescoço da girafa para seu próprio uso, deixando o resto do animal para ser vendido pelo fornecedor que organizou a caça. O Safari Club International afirmou em nota que, “apesar da retórica na mídia, a caça regulada por lei é um dos meios mais eficazes de conservação”. A declaração também fez referência ao estudo da IUCN para argumentar que as populações de girafas são mais saudáveis em nações como Angola, onde há caça legal, e caíram vertiginosamente no Quênia, onde a caça é ilegal.
Há poucos dados sólidos sobre o número de vendas de partes de girafas nos Estados Unidos, mas a Humane Society obteve dados do Departamento de Pescados e Animais Selvagens dos EUA, mostrando que cerca de 40 mil produtos de girafa foram legalmente importados para os Estados Unidos de 2006 a 2015.
O mercado de produtos de girafa, de acordo com Peyman, pode ter sido inadvertidamente aquecido pela proibição de importar alguns produtos de elefantes, o que foi confirmado pelo governo Trump no ano passado. O público norte-americano geralmente se opõe à caça de grande porte, de acordo com uma pesquisa feita em 2016, que encontrou 86% de desaprovação.
Um investigador da Humane Society dos Estados Unidos foi disfarçado a 21 locais para acompanhar as vendas de girafas e conversar com os vendedores. Ele encontrou um corpo taxidermizado de uma girafa juvenil vendido por US$ 7.500 e um travesseiro feito com uma cabeça de animal, intacta até os cílios.
Nas capas da bíblia vendidas por US$ 400 e botas igualmente caras, os fios do pelo foram retirados da pele — então não é evidente que a fonte seja uma girafa.
Um vídeo produzido pelo investigador usando uma câmera escondida mostrou um vendedor explicando que as girafas tinham que ser mortas porque eram agressivas e colocavam em risco a vida e a subsistência dos aldeões africanos. Mas Peyman afirma que não há provas de que as girafas representem qualquer ameaça para pessoas ou plantações. Os animais evoluíram para comer folhas de árvores altas e não são agressivos.
Fonte: O Globo
NOTA DA NATUREZA EM FORMA:
Totais disparates as declarações em benefício próprio do Safari Club International e do tal vendedor sobre a importância de caçar girafas para o bem da saúde do animal e a agressividade em relação aos aldeões. Se os animais (e o meio ambiente) fossem deixados em paz, eles se reproduziriam e morreriam normalmente - por causas naturais ou predação de outros animais -, mantendo o equilíbrio da natureza. Mas o ser humano tem que aparecer para devastar tudo, sempre em nome do dinheiro, causa desequilíbrios ecológicos e depois coloca a culpa nos animais, a fim de justificar a continuidade da matança e barbaridade contra seres inocentes.
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