Antônio dos Santos Palheta cultivou árvores e plantas e criou um bosque em bairro de Macapá
O aposentado Antônio dos Santos Palheta, mais conhecido como seu Didó, 88 anos, morador do bairro Boné Azul, na zona norte de Macapá, não é apenas mais um morador. Apaixonado por plantas e pela terra, ele criou um bosque na área onde mora e no entorno da comunidade. O local é aberto, para que todos possam usufruir.
Árvores frutíferas, flores, madeira de lei e muitas outras variedades de plantas foram cultivadas uma a uma por ele. Tudo começou há 10 anos, desde que se mudou para a região. As mudas cresceram e hoje o bosque tem jambo, cupuaçu, abacate, banana, taberebá, graviola, jaca e caju, além de espécies medicinais, como o pracaxi. Palheta diz que o recanto é a vida dele.
“Só de andiroba plantei mais de 150 árvores, além de outras madeiras de lei. Isso aqui para mim é vida mais prolongada. Eu amo esse lugar. Gosto de cuidar, limpar e pegar o vento. Gosto de ver os moradores e as crianças usando o espaço”, diz o aposentado.
Com tanta fartura, o que seu Didó gosta mesmo é de doar o que planta. Segundo ele, essa é uma forma de compartilhar as riquezas da terra com os vizinhos. E todos os dias ele cuida do espaço, porque ficar parado para ele não é uma opção. Aliás, seu Didó sempre foi inquieto, não à toa foi o primeiro macapaense a ter participado da Corrida de São Silvestre, em São Paulo.
“Eu não podia estar parado, eu não posso. A gente parado adoece. Então pensei em fazer um plantio, mas pensei que iam me proibir [a vizinhança]. Eu doo frutas, folhas e cascas para remédios, tudo eu vou dando. Só não deixo tirarem para estrago e perturbação das árvores”, reforça Palheta.
Para a filha Yoná Palheta, o exemplo do pai é motivo de incentivo, orgulho e cidadania de alguém que ama o meio ambiente. “A natureza é vida para ele. De manhã cedo, ele molha as plantinhas. Nossa família se sente muito feliz, porque o bosque é na cidade, e ao mesmo tempo parece que estamos no interior. É gratificante ver o reconhecimento da sociedade por ele. Quando morávamos no Santa Rita, a gente tinha uma área grande e ele fazia balanços e cadeiras”, conta a filha.
Área ganhou um parquinho, para a alegria das crianças.
Henzo Moraes, neto de seu Didó, adora o lugar
No Boné Azul, o bosque também ganhou parquinho. O local é apreciado pela criançada do bairro, que aparece todas as tardes para brincar. Tudo foi feito pelo seu Didó: balanços, cadeiras, escorrega, plataformas para subir. Seu neto aproveita o espaço para explorar e inventar brincadeiras. “O que mais gosto são os brinquedos que meu avô fez. São os melhores”, diz o menino.
Por essas ações e por ser um verdadeiro amigo da natureza, seu Didó recebeu um certificado em reconhecimento pela contribuição à proteção ao meio ambiente e manutenção urbanística da área de preservação ambiental do bairro Boné Azul. O reconhecimento foi concedido em 2 de junho de 2018, pela Secretaria Municipal de Manutenção Urbanística (Semur).
Com a idade avançada, seu Didó já não tem mais o vigor da juventude, tem dificuldades para andar, mas não abre mão da independência. Os filhos o ajudam a cuidar do bosque, limpar o terreno, monitorar a plantação, mas tudo é supervisionado pelo criador.
Fonte: G1
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