Annie Besant: "Precisamos agir como guardiões e ajudantes dos animais, não como seus tiranos e opressores"

“Não temos nenhum direito de lhes causar terror e sofrimento apenas 
para agradar ao nosso paladar, para acrescentar luxo às nossas vidas” 
(Foto: Reprodução)



A escritora, reformadora social e teosofista britânica Annie Besant se tornou famosa no século 20 por lutar pelos direitos das mulheres. No entanto, o que muita gente não sabe é que ela também foi uma importante defensora dos direitos animais. Vegetariana, Annie discursou para uma multidão no centro de Manchester, na Inglaterra, em 18 de outubro de 1897.

Naquele dia, ela afirmou que o ser humano só começa a se questionar sobre sua relação com os animais a partir do momento que se vê como parte de uma unidade que envolve todas as criaturas vivas, ou seja, quando se afasta de uma concepção antropocêntrica. “Como podemos viver proporcionando menos prejuízo para as vidas que nos rodeiam? Como podemos evitar que nossas vidas gerem menos sofrimento no mundo onde vivemos?”, perguntou aos espectadores.

Em seguida, ela começou a listar uma série de características que são partilhadas tanto pelos seres humanos quanto pelos animais. Os dois são capazes de sentir prazer e dor, de serem movidos pelo amor e pelo ódio. “Os animais também sentem terror e atração. Reconhecemos neles o poder de ter sensações muito próximas das nossas, e enquanto os transcendemos em intelecto, nossa natureza e a dos animais seguem interligadas. Sabemos quando eles estão aterrorizados, e que esse terror significa sofrimento”, disse.

Não apenas as feridas provocadas em um animal por mãos humanas são capazes de gerar dor, mas também as ameaças. Annie citou o fato de que muitos animais se encolhem de medo quando identificam a ausência de tratamento amistoso. “Todas as mentes pensantes e compassivas devem reconhecer que, por sermos privilegiados, precisamos agir como guardiões e ajudantes dos animais, não como seus tiranos e opressores. Não temos nenhum direito de lhes causar terror e sofrimento apenas para agradar ao nosso paladar, para acrescentar luxo às nossas vidas”, declarou.

Para Annie Besant, levando em conta que, à época, o açougueiro era também quem executava os animais, o suposto refinamento do ser humano é tão hipócrita e paradoxal que muitos evitam o contato com o açougueiro que fornece o suposto alimento, para evitarem associações entre morte e comida“Se achamos que eles são toscos pela repulsa que seus corpos despertam por estarem manchados de sangue; se reconhecemos a grosseria física que resulta de tal contato, como ousamos nos chamar de refinados se compramos nosso refinamento por meio da brutalização de outros, e exigimos que sejam brutais para que possamos comer os resultados dessa brutalidade? Não estamos livres dos resultados brutalizantes desse comércio só porque não participamos diretamente dele”, discorreu a defensora dos direitos animais em Manchester, em 18 de outubro de 1897.

Annie Besant nasceu em 1º de outubro de 1847, em Clapham, Londres, e faleceu em 20 de setembro de 1933, em Adyar (Tamil Nadu), Madras, na Índia.


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