Substituindo animais no ensino: impressão 3D auxilia aprendizado prático de anatomia veterinária

Medicina veterinária vem incorporando novas tecnologias como impressão 3D também no ensino (Foto: Polski via Pixabay – CC)



A tecnologia já não é auxiliar, mas sim parte do dia a dia dos estudantes. Artigo publicado na Revista de Graduação USP nos apresenta uma técnica digital inovadora “sem precedentes na medicina veterinária”, importante, sobretudo, como ferramenta facilitadora para alunos assimilarem os conteúdos aplicados no ensino de anatomia veterinária. O trabalho relatado teve como foco aplicar a digitalização e a impressão 3D para a produção de biomodelos dos esqueletos de cães e cavalos, no intuito de disponibilizar as peças produzidas como “ferramenta alternativa de estudo nas aulas práticas”.

A impressora 3D funciona como todas as outras, mas, em vez da tinta, usa-se material como um pó, um gel ou um filamento de metal ou de plástico, que, no lugar de letras, imprime peças tridimensionais por camadas. A impressão dos ossos de cães e cavalos foi digitalizada e preservadas suas principais estruturas anatômicas. Esse material, guardado em arquivos digitais, tornou-se ótima estratégia de aprendizado durante as aulas práticas de anatomia. Os autores apontam os resultados positivos do emprego da impressão 3D produzindo biomodelos não só na medicina veterinária, como em outras áreas da saúde – na medicina humana e na odontologia.

Etapas da produção de um biomodelo do osso coxal 
de um cão. Imagem real (A) e digitalizada (B) do osso 
coxal. Biomodelo do osso coxal de um cão (C) produzido 
com o uso de impressora 3D. Nessa imagem, pode 
ser observado osso ainda com a resina de suporte. 
Biomodelo do osso coxal de um cão (D) finalizado 
(Foto: Antônio Chaves de Assis Neto)


A biomodelagem “é um termo que denomina a reprodução das características morfológicas de uma estrutura anatômica em um modelo físico, e o biomodelo é o produto desse processo de reprodução física”. Na biomodelagem virtual, há a criação e manipulação de um modelo digital, cuja imagem é tratada com o auxílio de softwares específicos. Na biomodelagem física, o modelo físico é obtido por uma impressora 3D. Os benefícios da técnica, para os autores, podem ser utilizados de forma mais aplicada dentro da medicina veterinária, como no “planejamento cirúrgico: a redução do tempo de realização dos procedimentos operatórios, a redução do período de anestesia, do risco de infecção e do número de cirurgias”.

Interação dos alunos com os arquivos digitais dispostos em telas como tablets durante 
as aulas práticas de anatomia veterinária. (Foto: Antônio Chaves de Assis Neto)


Os modelos utilizados mostrados pertencem ao Laboratório de Anatomia Veterinária do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, onde se criou um acervo digital com as imagens tridimensionais. Nele, “os alunos podem interagir com o material, girar a imagem em vários ângulos e identificar as particularidades e estruturas anatômicas”. Os biomodelos, quando aplicados em salas de aula, não apresentam desvantagens em relação ao modelo animal real. As aulas de anatomia podem ficar mais completas em termos comparativos, uma vez que a variedade de espécies animais disponível poderá ser bem maior.

Arquivos digitais interativos produzidos que podem ser instalados em tablets. 
(A) Ossos metacárpicos II, III e IV de um equino; (B) Fêmur de um cão nas vistas cranial e caudal; (C) Tíbia e fíbula de um cão (Foto: Antônio Chaves de Assis Neto)


A pesquisa possibilita aos alunos estudarem anatomia em outros locais e até mesmo em casa, e não somente nos laboratórios de anatomia da universidade, pois as cópias (biomodelos) são leves, resistentes e produzidas com material semelhante ao plástico. Outras possibilidades são a manutenção de arquivos digitalizados salvos e a impressão de cópias a qualquer momento. Para os autores, a tecnologia 3D na área de ensino da anatomia animal é pouco utilizada, e “esse trabalho assume papel importante na introdução de biomodelos como meio didático alternativo no ensino anatômico”.

Fonte: Jornal da USP 

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