Homem deixa carro na garagem para preservar ninho de beija-flor no para-choque

Beija-flor utilizou para-choque de caminhonete para construir ninho
(Foto: TV Fronteira / Reprodução)


Foi sob o para-choque da "Brilhosa", como é chamada a caminhonete Ford F-75 do enfermeiro nefrologista Hélio Almeida Moreira, de Presidente Prudente (SP), que uma beija-flor se sentiu segura para construir um lar para sua família. O veículo, estacionado em uma casa no bairro Jardim Aviação, está agora com os passeios suspensos, já que o proprietário decidiu respeitar a natureza e aguardar os dois filhotes que vêm por aí.

O enfermeiro nefrologista Hélio Almeida Moreira relatou ao G1 que ficou um período viajando e, com isso, o veículo permaneceu parado na garagem. Na volta, ele foi preparar a caminhonete para o fim de semana, já que a usa somente para passeio nesse período, e houve uma movimentação diferente. "Quando funcionei a caminhonete, ela [beija-flor] ficou rondando e defendendo seu território. Então, pensei que poderia ter algo referente a ninho por ali", relatou.

"Brilhosa", a escolhida pela beija-flor para fazer seu ninho (Foto: Stephanie Fonseca / G1)


Com as investidas da beija-flor, Moreira lembrou que o local já tem um histórico de construção de ninho. "Tem um perto de uma porta, que foi abandonado", disse ao G1. O enfermeiro comentou que abaixo do veículo surgiram umas sujeirinhas. Foram limpas, mas voltaram a aparecer. Ao recordar o episódio, ele foi verificar a parte de baixo do veículo e localizou o abrigo da ave.

Após a descoberta, o enfermeiro optou por manter o Ford F-75 parado por mais um tempo. "Vamos respeitar esse ciclo", afirmou. "A gente está contente por essa situação. Brilhosa vai ficar parada por uma boa causa: para a beija-flor ter os filhotes com tranquilidade", disse Moreira. 

Para que tudo corra bem, Moreira ainda contou que está deixando o local o mais preservado possível. "Não deixamos mais carros irem até lá e a circulação de pessoas é feita com cuidado para que ela não abandone o ninho."

Beija-flor-tesoura coloca apenas dois ovos por vez (Foto: Stephanie Fonseca / G1)


Interessante

O biólogo Luiz Waldemar de Oliveira relatou ser a primeira vez que vê um ninho em um local como esse e que achou interessante a situação: "Já tinha visto em fios e, no ambiente natural, em galhos bem finos, que são onde ela costuma confeccionar seu ninho, mas utilizar o para-choque de uma caminhonete em uma área urbana foi muito diferente de ver".

Entre as quatro espécies de beija-flor que podem ser encontradas na cidade, o biólogo contou que essa é a beija-flor-tesoura, bastante comum na região.

Segundo ele, há um fator que atrai o beija-flor àquele local. "Ela está se aproveitando de uma espécie de árvore que tem bem em frente à residência, que é uma monguba. Assim, ela tem o alimento necessário nas flores e, pelo que pude observar, utilizou para confeccionar o ninho o material das flores, e também tinta que tirou das paredes da residência", observou.

Monguba contribui para a alimentação da ave (Foto: Stephanie Fonseca / G1)


"Ela se adaptou muito bem à situação, utilizando até material fabricado pelo homem, que é a tinta, além do material natural", acrescentou o biólogo.

Esse não foi o primeiro ninho construído no local. Porém, o outro, que contém um ovo, acabou abandonado.

"Pelo que observamos, o primeiro ninho ficou em local de trânsito intenso de pessoas, então ela fez a postura de um ovo e se sentiu incomodada pela movimentação, abandonou o ninho daquele ovo e achou um local mais escondido para fazer outro ninho bem protegido", explicou.

Ciclo

Segundo o biólogo, provavelmente a caminhonete terá de ficar parada por, pelo menos, mais um mês. Aparentemente, ela está chocando por, aproximadamente, duas semanas. "Ainda vão uns dias para eclodir e umas três semanas para o filhote sair do ninho", contou.

Para Oliveira, a atitude do enfermeiro em deixar o ninho no local foi admirável. "Ainda bem que ele está consciente e quer fazer isso. Outros, talvez, não fariam a mesma coisa. É louvável sua atitude de deixar a caminhonete parada. Será certamente uma satisfação para ele quando os filhotes saírem do ninho, poder acompanhar isso", comentou.

A espécie coloca apenas dois ovos, pois é a quantidade que "consegue cuidar", conforme o biólogo. O terceiro ovo, que está no ninho abandonado, já foi perdido. "Mesmo que o terceiro tivesse condições, não daria para ela cuidar", afirmou Oliveira. "Se ele [Hélio Moreira] quiser retirar e guardar de recordação, pode", acrescentou.

Primeiro ninho, perto de uma porta, foi abandonado pela beija-flor
(Foto: Stephanie Fonseca / G1)


Segundo ninho foi construído no para-choque da caminhonete (Foto: Stephanie Fonseca / G1)


Fonte: G1

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