Mulheres criam unidade anticaça para salvar rinocerontes

    Reprodução / James Suter


Felicia Mogakane é uma das integrantes da Black Mambas, a primeira unidade de combate à caça na África composta inteiramente por mulheres. Elas protegem a reserva Balule, uma área privada de 50 mil hectares situada dentro do Parque Nacional Kruger, na África do Sul.

O grupo foi criado há três anos e meio e todos os membros da equipe são mulheres jovens da região. Iniciar a Black Mambas foi ideia do diretor da TransFrontier Africa The Organisation, Craig Spencer, que queria fazer algo para combater a disparidade entre a reserva mais afortunada e as comunidades mais pobres que vivem em suas fronteiras.

Na época, a crise gerada pela caça na África do Sul já estava terrível e estimava-se que um rinoceronte era morto no país a cada sete horas. Com a Black Mambas, o número de rinocerontes assassinados diminuiu dramaticamente na reserva, embora eles ainda sejam mortos diariamente em várias regiões por seus chifres.

Nos primeiros 13 meses de ação das guardas, nenhum rinoceronte foi morto. “Quando vamos para a mata, procuramos armadilhas e fios que os caçadores utilizam. Eles podem capturar um impala e até mesmo um rinoceronte dessa forma. Nós não ficamos com medo dos animais porque somos treinadas para lidar com eles”, explicou Felicia em entrevista à DW.

“Nossos voluntários monitoram os rinocerontes todos os dias para ver se estão vivos. Todos os animais possuem rastreadores e, caso haja caçadores, chamamos uma força armada para nos auxiliar. Nesta reserva, não temos encontrado caçadores diretamente”, completou.


    Reprodução / Black Mambas APU


De acordo com Felicia, hoje há 36 mulheres em seu grupo. Ela mora próxima ao Parque Nacional Kruger e seu pai, um guarda-florestal, lhe serviu de inspiração para proteger os animais.

“Gostava de visitá-lo em seu trabalho e olhar ao redor. Com isso, desenvolvi um amor pela preservação da natureza. Fui para uma escola que ensina sobre conservação e que os animais não devem ser assassinados. Eu me candidatei para a Black Mambas e consegui entrar”, afirmou.

Ela conta que desde que o projeto Black Mambas começou, nenhum rinoceronte foi assassinado na reserva, mas, infelizmente, eles são caçados em outras reservas todos os dias. No que se refere às armadilhas, há um lado positivo: “O número foi reduzido em 76%, então acredito que a iniciativa tem sido eficaz”.

“Quando chegamos aqui, havia armadilhas em toda a área porque estavam caçando impalas para vender a carne dos animais para as comunidades. Entretanto, desde que começamos, há muito menos atividades suspeitas porque sabem que estamos lá, vigiando”, finalizou.



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