Ativista invade palco do Sesc para tentar salvar animal que estava sendo maltratado em peça

    Foto: Divulgação

O grupo vegano Vox Vegan esteve, na última sexta-feira (9/9/2016), no Sesc da cidade de Santos, litoral de São Paulo, para protestar contra a peça teatral “4” - o nome é uma alusão ao número de atores que entram em cena.

Dirigida pelo argentino Rodrigo García, radicado na Espanha, a peça tem a proposta de chocar os espectadores, mas para isso usa galos vivos em cena. Os animais são trazidos ao palco por duas crianças de Santos, que foram escolhidas após testes, e sua presença já é questionável, pois a peça é de linguagem adulta e chula, além de mostrar cenas como insinuação de masturbação e até uma vagina projetada de forma explícita. 

Os galos usados em “4” são colocados no palco com tênis e permanecem imóveis durante o espetáculo. Há a suspeita de que os animais sejam dopados para a peça, já que não esboçam reações que seriam naturais de sua espécie. 

Enquanto um drone sobrevoa as aves, por exemplo, produzindo um vento forte sobre elas, não há reação. A reportagem do portal Uol, que esteve no local, confirmou a impressão de que os animais não esboçam reações naturais durante a peça (leia aqui). 

Os tênis colocados nos animais são pesados para que eles tenham dificuldade de se locomover pelo palco. Em dado momento, um dos atores pega os animais pelos pés e os coloca dentro da roupa de cabeça para baixo. Em outra cena, um ator segura um galo em cima de uma guitarra que produz um som altíssimo. 

A manipulação dos animais como se fossem objetos de cena revoltou boa parte da audiência. O grupo Vox Vegan gravou alguns depoimentos de pessoas que assistiram (ou tentaram assistir) à peça. Confira a transcrição no fim desta matéria. 

Uma das ativistas do Vox Vegan invadiu o palco aos gritos para tentar retirar os animais: “Isso não é teatro! Isso é maldade o que vocês estão fazendo!”. A tentativa de retirar os galos do palco não foi bem-sucedida porque ela foi contida - enquanto um ator segurava um dos galos de cabeça para baixo em uma das mãos, segurava firmemente a ativista com a outra. 

Há uma lei no município de Santos que proíbe a participação de animais em espetáculos. A Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de Santos multou a unidade local do Sesc em R$ 2 mil por infringir a lei ao permitir uso de animais no espetáculo “4”. 

Em nota emitida por sua assessoria para a reportagem do Uol, o Sesc Santos tenta retirar sua parcela de culpa no acontecido. 

“O Sesc São Paulo e sua equipe de curadores não interfere no processo criativo dos autores dos espetáculos, mas só programa aqueles que cumprem efetivamente todas as normas, cuidados e procedimentos necessários para utilização de animais em cena, como é o caso da obra ‘4’, do dramaturgo espanhol [sic] Rodrigo García. O levantamento criterioso dessas condições é uma premissa em nossos estudos curatoriais, tal qual a análise da obra em si”, diz a nota. 

O posicionamento ridículo do Sesc Santos mostra que eles não sabiam que os animais eram manipulados como objetos, sendo enfiados dentro das roupas dos atores, ou que eles não consideram que isso seja uma forma de maus-tratos contra os animais. Onde ficou o tal levantamento criterioso das condições em que os animais seriam apresentados? 

Na página oficial do Sesc Santos no Facebook, internautas criticaram a instituição. Não há informações sobre o paradeiro dos animais.

                 Foto: Divulgação

Esses são trechos de alguns depoimentos de pessoas que assistiram (ou tentaram assistir) à peça:

"Aquele drone faz a maior ventania em cima das pobres galinhas, e elas quietinhas. Uma querendo sair daquele sapatinho que não dá para tirar, mas o pior eu achei que foi sufocar a bichinha, porque eles põem dentro do paletó, assim de ponta-cabeça."

"Uma peça ridícula, não é teatro! É sadismo."

"Acho um absurdo o Sesc trazer isso. Vou reclamar mesmo!"

"É você se colocar no lugar do animal, sabe? O galo está mole, ele deve estar dopado, porque nem reage  mais."

"Colocaram ele no palco, ele ficou assim (gesto de desmaio)."

"E eles estão de tênis, não conseguem sair do lugar."

"Ele enfia a mão dentro do casaco e tira assim, fora que antes ficam tocando uma guitarra no ouvido do bicho."

"Tem um drone que ventila muito, fica gelado - estava gelado para mim, imaginava para eles, pois estava em cima deles."

"Comecei a me incomodar, porque pensei 'olha o som, olha o vento que está'. (...) Ontem, o pessoal que era da minha escola de teatro levantou e foi embora."

                                          Fotos: Vox Vegan

Fonte: Vista-se

NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. "Espetáculos" como esse, infelizmente, ocorrem diariamente, em todo o mundo. E muitas pessoas que dizem gostar de animais acabam sendo cúmplices desses crimes. A tal peça surpreendeu seus espectadores, que não esperavam que algo assim fosse acontecer. Mas e quem frequenta zoológicos, circos, shows de golfinhos, aquários etc.? E quem, durante viagens ao exterior, anda sobre camelos e elefantes, posa com tigres etc. etc.? Essas pessoas estão sendo cúmplices dos crimes de maus-tratos e privação de liberdade a que esses animais estão sendo submetidos. Porque quem frequenta esses lugares, está financiando-os. 

Por isso, se você realmente gosta de animais, pedimos que não vá nunca a esses lugares. Há tantas opções saudáveis e educativas para levar seus filhos. Há tantas coisas realmente interessantes para fazer durante viagens. ANIMAIS NÃO SÃO ATRAÇÃO.

Entenda melhor o que se passa nesses antros de exploração animal: As "atrações" mais cruéis do mundo.

2. Nosso Centro de Adoção também promove a adoção responsável de galos resgatados de rinhas, outra expressão da insanidade humana e crueldade contra os animais. Se você é vegetariano e tem um espaço adequado em sua casa, venha nos visitar para uma entrevista. Se não puder adotar, você pode apadrinhar - saiba como aqui.

O bonitão clicado na foto abaixo é o Stallone, um dos galos que esperam um lar onde sejam tratados com o devido amor e respeito que todos os animais merecem!

Mais informações: (11) 3151-2536 / 3151-4885 / 7766-1559 (Nextel) / contato@naturezaemforma.org.br

      Foto: Thiago Testa / Natureza em Forma