Papagaio é o principal alvo do tráfico de animais silvestres no Brasil


A habilidade para imitar a voz humana transformou a ave conhecida popularmente como papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) no principal alvo dos traficantes de animais silvestres no Brasil. O problema por trás do hábito aparentemente inocente de manter um papagaio em casa é que ele pode levar a espécie à extinção*.

Em 2014, o Ministério do Meio Ambiente classificou o papagaio-verdadeiro como “quase ameaçado”, status atribuído às espécies com grandes probabilidades de chegarem ao patamar de “ameaçadas” em um futuro próximo. Essas espécies classificadas como “quase ameaçadas” são consideradas prioritárias para pesquisa sobre o estado de conservação.

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), 80% dos animais silvestres apreendidos no País são aves. Destes, a grande maioria é de papagaios, principalmente os que “falam”, seguidos de jandaias, periquitos e araras.

Já o Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Paraná recebe, em média, uma denúncia por semana de papagaios mantidos de forma irregular em casa. A última grande apreensão foi em outubro do ano passado, quando 40 filhotes foram apreendidos em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.

A ameaça à espécie existe porque os traficantes destroem os ninhos, que são feitos em buracos nas árvores, chamados de “ocos”. Muitos traficantes derrubam as árvores e eliminam futuros ninhos, além de capturarem os filhotes.

“Muitas populações naturais dessa espécie estão diminuindo ou envelhecendo”, alerta a zootecnista e doutora em ecologia Gláucia Seixas, idealizadora do Projeto Papagaio-Verdadeiro, no Mato Grosso do Sul. “São ‘alegres’ e ‘falantes’, e por isso ganharam fama de bons animais de companhia, desde o descobrimento do Brasil. Mas capturar, vender ou criar papagaios nascidos em vida livre, além de crime ambiental, leva à extinção da espécie”, afirma.

Ave ‘fala’ porque confunde humanos com seu bando

Os papagaios são extremamente sociáveis e vivem em bando, diz a bióloga Roberta Boss, da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental). Quando ficam afastados da espécie, tendem a confundir os seres humanos com seu grupo e passam a imitar os sons.

“Os papagaios vivem em bandos, têm o hábito de se reunir no final da tarde nas áreas de dormitório e de manhã saem para se alimentar”, diz a bióloga. “Eles entendem que os humanos são seu bando, por isso acabam se apegando. Eles não imitam (a voz humana) porque gostam, eles entendem que os humanos são o bando deles e imitam.”

Fidelidade

Outra característica dos papagaios é a fidelidade: em geral, eles só têm um parceiro ao longo da vida. A idade reprodutiva começa aos dois anos e os ovos são incubados por 28 dias. Começam a ensaiar os primeiros voos 60 dias depois do nascimento. Passam entre nove e 10 meses com os pais e depois desse período já se alimentam sozinhos.

Segundo Roberta, é raro trocarem de parceiro: “Só se acontecer alguma eventualidade e estiverem em idade reprodutiva adequada. Quando eles pareiam, continuam com o parceiro até o fim da vida”.

Fonte: Metro 

Foto: Reprodução


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

*1. O Olhar Animal, que também replicou a matéria acima, fez a seguinte nota: "Não, o principal problema relacionado ao tráfico de papagaios (ou de qualquer animal) não é a possibilidade de extinção. O PRINCIPAL problema são os danos causados A CADA indivíduo. Animais não são meras engrenagens ambientais".

E quanto ao "hábito aparentemente inocente de manter um papagaio em casa", nós frisamos: não tem nada de inocente em manter preso dentro de casa - mesmo que fora da gaiola - um animal que deveria estar vivendo livre na natureza, com outros de sua espécie. 

2. Leia também: Animal silvestre não é pet! 

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