“Eu nunca vou esquecer esse homem. Ele era um funcionário de matadouro. Seu nome é Carlos. Eu o conheci hoje em um Cubo da Verdade.
Ele imigrou para o Canadá em 1967 e precisava construir uma nova vida, então conseguiu trabalho em um matadouro. Pagavam 20 dólares canadenses por hora, se a pessoa estivesse disposta a trabalhar matando os animais.
Ele me contou como foi difícil se acostumar. Ele me contou como era atirar na cabeça de uma vaca, como elas ficavam na frente dele, cada uma delas, com lágrimas de terror escorrendo por seus rostos. Ele disse que é verdade que todas choram porque podem cheirar, ouvir e ver o que aconteceu com as que estavam na frente delas. Ele me perguntou: 'Você sabe que as vacas têm sentimentos? Você sabe o quão gentis elas realmente são?'. 'Sim', eu disse, enquanto lutava contra as lágrimas.
Ele disse que no começo era muito difícil fazer; depois de um tempo, ele simplesmente se enraiveceu. Ele disse que toda vez que atirava em uma vaca, ela se movia ou lutava, então ele tinha que atirar em cada uma delas duas ou três vezes. Ele disse que você quase tem que ficar com raiva ao fazer isso com elas. Mesmo assim, ele disse que muitas vacas acabam sendo esfoladas vivas e o atordoamento não funciona. Ele disse que era como trabalhar em um filme de terror todos os dias.
A cada dia, quando o turno terminava, ele tomava banho no trabalho. Ele disse que todas as casas de abate têm chuveiros porque, é claro, no final do dia você está coberto de sangue, fezes e tripas. Mas toda noite, quando chegava em casa, tomava banho de novo. Sua esposa dizia que ele sempre cheirava a sangue.
Ele disse que fez esse trabalho por quase 20 anos e odiava cada minuto disso. Ele queria que eu soubesse que os trabalhadores dos matadouros não são más pessoas, e sim desesperados por dinheiro e tentando construir vidas em um novo país.
Eventualmente, ele foi para a faculdade para se tornar um eletricista. Ele tinha acabado de criar seus filhos e agora tinha a liberdade de fazer outra coisa e assumir o risco de começar uma nova profissão.
Apesar de sua história não me surpreender, ouvir Carlos falar partiu meu coração. Partiu meu coração porque hoje, em 2018, nossos trabalhadores de matadouro ainda são imigrantes que têm muitas poucas opções de emprego. Em 2018, sabemos que não precisamos comer animais para sobreviver e que todos podemos prosperar com uma dieta baseada em vegetais, mas continuamos a sujeitar pessoas e animais a esse show de horrores dia após dia, sem nenhuma outra razão a não ser ganância e egoísmo.
Carlos nos agradeceu por expor a indústria ao público. E disse que nem mesmo ele percebeu que poderíamos viver uma vida saudável sem consumir animais. Ele não podia acreditar que todos esses anos ele realmente acreditou que esse tipo de crueldade e violência simplesmente tinha de acontecer.
Nós dois aprendemos algo hoje. Eu nunca o esquecerei."
Fonte: Anonymous for the Voiceless (texto e foto de Cathy Stableford-Jaaj)
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