Desmerecendo totalmente toda a filosofia que leva milhões de pessoas a adotarem o veganismo, o famoso chef brasileiro Alex Atala afirmou que os jovens estão no veganismo “muito mais pelo lado cool”. A declaração preconceituosa foi divulgada pela revista Época Negócios (leia aqui).
A verdade é que, para o jovem, é muito mais fácil do ponto de vista social frequentar famosas redes de fast-food ou churrascos para parecer “legalzão” e enturmado. Quando uma pessoa decide se tornar vegana, especialmente se ela é adolescente, por vezes precisa enfrentar a desaprovação da família e dos amigos. Então, definitivamente, a maioria dos veganos não está nisso pelo lado “cool”, não.
Na mesma entrevista, Atala questiona a origem da alimentação adotada pelos veganos. “Por que o discurso só apaixonado pelos animais? Vamos discutir: como aquela soja foi produzida? Como aquela comida vegana foi produzida? E se todo mundo virar vegetariano? O que vai acontecer com o planeta? Tem condição?”, provocou o chef.
De fato, a motivação do veganismo é a compaixão pelos animais. Mas uma coisa não exclui a outra. Veganos estão muito mais propensos a se preocuparem com a origem de sua alimentação do que as pessoas que comem carne. O envolvimento de veganos com alimentos orgânicos e comércio justo é uma tendência natural dentro do movimento, embora não seja uma regra para uma pessoa se considerar vegana.
Há ainda muitos veganos preocupados com a questão ambiental. A soja, citada por Atala, só é plantada em imensos campos de monoculturas porque serve para alimentar animais, é usada na ração deles. O Brasil não exporta milhares de toneladas de soja para alimentar veganos na Europa e na Ásia. Esses grãos vão direto para animais da pecuária.
Sobre a questão de “E se todo mundo virar vegetariano? O que vai acontecer com o planeta? Tem condição?”, é muito simples. Produtos de origem animal gastam muito mais água para serem produzidos (confira aqui), logo, se deixássemos de consumir esses produtos, a produção de alimentos teria um impacto muito menor nos recursos hídricos.
Recentemente, o Greenpeace emitiu um relatório condenando o consumo de produtos de origem animal pelo bem do planeta (confira aqui). Mais de 15 mil cientistas de 184 países assinaram um documento alertando para as questões do aquecimento global, também condenando produtos animais (leia aqui). Especialistas da ONU defendem, inclusive, taxas para desencorajar o consumo de carne por conta dos danos ambientais de sua produção (veja aqui).
Além de tudo – e talvez o mais importante –, a comida vegana não é nada excêntrico que ninguém conheça. Todo mundo consome comida vegana: arroz, feijão, batata, lentilha, grão-de-bico, hortaliças, grãos, castanhas e por aí vai. A preocupação que Atala sugere que os veganos devem ter é exatamente a mesma que uma pessoa que come carne também deve ter.
A insustentabilidade do consumo de carne, laticínios e ovos é alvo de estudos e matérias há muitos anos, mas parece que Atala prefere apenas “não saber” e fazer lobby para seu próprio negócio, que é baseado em animais mortos.
Fonte: Vista-se
Foto: Reprodução
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