Peles sintéticas ganham adeptos de peso nas passarelas

Chapéus de pele em cores fantasia foram destaque no desfile da Giorgio Armani 
(Foto: Alessandro Garofalo / Reuters)


Numa das mais engajadas temporadas de moda da história recente, não faltaram bandeiras. Teve feminismo na Dior, luta contra a fome mundial na Balenciaga e defesa do controle de venda de armas na Gucci, mas o maior beneficiado da estação foi mesmo o reino animal. Grifes de luxo que resistiam a abolir o uso de peles em seus produtos enfim aderiram às versões sintéticas do material. Nos desfiles dessa estação, Armani, Chanel, Givenchy, Gucci e Michael Kors reforçam o time liderado por Stella McCartney, a estilista britânica, defensora dos direitos animais e uma das pioneiras a tratar da questão na indústria da moda. 

Entre os novatos no ramo da pele sintética, está a grife Michael Kors, que declarou em dezembro que não iria mais usar pele - seis meses após o estilista que dá nome à grife ter um discurso interrompido por ativistas. O resultado já foi visto em fevereiro, durante a Semana de Moda de Nova Iorque, com uma coleção recheada de casacos que imitam a pelagem natural dos animais e outros em tons vibrantes, como o vermelho. 

O grupo Armani desde 2016 firmou um compromisso contra a crueldade animal. Na última apresentação da Emporio Armani, foram apresentados casacos, saias e estolas feitos de pele sintética, em preto, verde e dois tons de azul. Já na marca mãe do conglomerado, a Giorgio Armani, o mesmo material foi base de munhequeiras e chapéus em tons fantasia, que deixaram as produções mais charmosas. 

A pele sintética foi um dos destaques do desfile da Michael Kors 
(Foto: Shannon Stapleton / Reuters)


A Gucci, que assinou em outubro de 2017 um contrato com a Aliança Livre de Pele, organização que visa acabar com a exploração animal na indústria da moda, endossa o movimento. “Tomamos essa atitude porque acredito que usar pele não é moderno, é datado”, declarou na ocasião o presidente da grife, Marco Bizzarri

Até mesmo o estilista Karl Lagerfeld teve de rever seus conceitos - ao menos na Chanel. Grande defensor do uso de pele e inimigo dos ambientalistas, ele teve de se render ao movimento, colocando apenas peles sintéticas no desfile da marca francesa. Na italiana Fendi, onde também atua como diretor criativo, o material de origem animal ainda foi usado.

Segundo levantamento feito pela ONG People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), 95% das marcas do Reino Unido não usam mais pele em suas criações, incluindo algumas das mais tradicionais grifes como Burberry e Mulberry, que costumavam atrair ativistas para a porta de seus desfiles.

Principal representante desse movimento, a estilista britânica Stella McCartney (sim, ela é filha do Paul) vai além: não usa produto algum de origem animal. E vem sustentando uma clientela fiel desde o surgimento da marca que leva seu nome, em 2001. 

Casaco de pelúcia da Stella McCartney (Foto: Pascal Rossignol / Reuters)


Fonte: Estadão 


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