Livro traz poemas de Bukowski sobre gatos, os animais que ele mais admirava

Nova edição de Sobre Gatos tem imagens do escritor 
Charles Bukowski com vários de seus felinos: esse da foto é Manx 
(Foto: Divulgação)


Animais de estimação preferidos dos escritores (e reis das redes sociais), os gatos têm uma imensa galeria de adoradores letrados. Notáveis de variadas nacionalidades, como Jorge Luis Borges, Jean Cocteau, T.S. Eliot, Guimarães Rosa, Julio Cortázar, Ray Bradbury, Lygia Fagundes Telles, Raymond Chandler, Ernest Hemingway, Ferreira Gullar, Stephen King e Bukowski. E, obviamente, eles inspiraram textos desses fãs especiais.

Poeta da sarjeta e da ressaca, o alemão-americano Charles Bukowski (1920-1994) chegou a ter vários felinos ao mesmo tempo. Espécie de beat honorário, embora jamais tenha se associado à turma de Jack Kerouac, William S. Burroughs e Allen Ginsberg, o Velho Safado via os peludos ronronantes como professores, sábios, caçadores, misteriosos, vagabundos e sobreviventes - como ele próprio.

Em nova edição que inclui várias fotos de Bukowski com seus felinos, o livro Sobre Gatos (editora L&PM, 139 páginas, tradução de Rodrigo Breunig) reúne poemas e textos em prosa do escritor sobre esses seres sensíveis cujo olhar inquietante parece penetrar as profundezas da alma.


Para Abel Debritto, biógrafo do autor, se o personagem Henry Chinaski (protagonista de cinco de seus livros) era o alter ego de Bukowski, os gatos são seu alter ego de quatro patas. Ao falar de gatos, o último “maldito” da literatura norte-americana discorria sobre seu assunto predileto: ele mesmo.

"Você tem um gato? Ou gatos? Eles dormem, baby. Eles conseguem dormir 20 horas por dias e são lindões. Sabem que não há motivo algum para grandes exaltações. A próxima refeição. E uma coisinha para matar de vez em quando. Quando estou sendo rasgado pelas forças, simplesmente olho para um ou mais dos meus gatos. Há nove deles. Simplesmente olho para um deles dormindo ou meio dormindo e relaxo. Escrever também é meu gato. Escrever me permite encarar a coisa. Esfria minha cuca. Por algum tempo, pelo menos. Aí me dá um curto-circuito e preciso fazer tudo de novo”, diz na página 115.

No poema Nossa Turma, Charles Bukowski enternece e diverte com maestria: “Eu queria batizar nossos gatos de / Ezra, Céline, Turguêniev / Ernie, Fyodor e Gertrude / Mas sendo um cara legal / deixei minha esposa batizá-los e ficou: Ting, Ding, Beeker / Bhau, Feather e Beauty. / Nem mesmo um Tolstói no maldito lote todo”. 

Como resistir? Miau!

Fonte: Jornal Correio  

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