Sem raça definida (SRD): diverso e único para cada mistura e personalidade

Tati


Não há um SRD igual ao outro. Todos são únicos e carregam em si todas as possibilidades dentro do universo canino.

Informações gerais

Simplesmente o cachorro mais popular do Brasil! O termo SRD (sem raça definida), usado para designar os vira-latas, abrange todos os cachorros que não possuem origem definida, com misturas em sua linhagem de duas ou mais raças.

Um verdadeiro testamento à natureza, a um tempo em que os animais procriavam sem a interferência do homem. Pode-se dizer que esse é o primeiro cachorro do mundo a surgir do lobo.

Parte do que torna um vira-lata único é sua imprevisibilidade, característica que deve ser vista como positiva. O SRD é uma caixa de surpresas e vem em todos os tamanhos, cores e formatos possíveis e imagináveis. São seres únicos em seu físico, personalidade, temperamento e predisposição. De orelhas eretas a grandes e caídas, pelo curto e rasteiro ou longo e sedoso, focinho achatado ou alongado, calmo ou agitado… só um ponto não varia: a amizade e lealdade. Ao adotar um cachorro SRD, observa-se muito mais o cachorro pelo que ele é, sua personalidade própria e aptidões.

Mesmo sendo grande maioria no mundo, tem sido uma batalha nas últimas décadas a mudança de significado do SRD na cultura. Felizmente, depois de muito trabalho e uma mudança de consciência na sociedade, a imagem do vira-lata tem mudado drasticamente, e muito mais pessoas, de todas as classes sociais, vêm abrindo seus corações e casas para a adoção dos sem raça definida.

Ralf


Origens

Se o vira-lata é qualquer cachorro que não possui pedigree, é possível afirmar que suas origens estejam diretamente ligadas à evolução do cachorro como espécie, há 14, 17 mil anos. Desde sua origem até hoje, a maioria dos cães sempre foi de vira-latas.

Curiosidades sobre os SRD

> O termo 'vira-lata' é utilizado no Brasil e na República Dominicana, devido aos muitos cães famintos que moram nas ruas e exploram o lixo em busca de comida;

> De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, o SRD é o cão mais comum nas famílias paulistanas. Teriam sido entrevistadas 613 pessoas, em uma amostra representativa da cidade de São Paulo. Apenas 26% do grupo teria comprado seus animais;

> O instituto CONECTAí analisou os dados de 11.569 usuários integrantes de seu painel em todo o Brasil em uma pesquisa que teve o intuito de mapear a relação dos internautas do País com seus animais de estimação. Em primeiro lugar, está o SRD, com 20%, na frente do poodle (12%) e pinscher (8%);

> Cães mestiços e SRD apareceram com força depois da Revolução Francesa, que pôs fim ao privilégio do Antigo Regime de ter um cão e de caçar;

> A partir de 2007, o grande público passou a poder encomendar uma análise genética de seu cão. As empresas afirmam que o diagnóstico do teste baseado no DNA pode determinar a composição das raças de cães SRD. Esses testes, porém, são ainda limitados, porque apenas um pequeno número das centenas de raças de cães foi validado, e porque a mesma raça em diferentes áreas geográficas pode ter diferentes perfis genéticos;

> Contrariando a crença popular de que cães sem raça definida seriam mais saudáveis que os de raça definida, um estudo realizado pela Royal Veterinary College, em Londres, mostrou que ambos os grupos têm a mesma probabilidade de desenvolver doenças. Para realizar a pesquisa, foram analisados registros médicos de quase 150 mil cachorros tratados em 100 consultórios veterinários nas regiões centrais e do sudeste da Inglaterra durante os cinco anos anteriores. Das 20 doenças mais vistas pelos veterinários, apenas três tiveram maior incidência nos cães de raça pura: infecções no ouvido, obesidade e tumor na pele. Em relação às outras doenças, não houve diferença significativa. Quando se fala que os cães SRD são mais fortes que os de raça, essa afirmação é mais correta quando empregada para os animais que vivem nas ruas, que precisaram, por necessidade de sobrevivência, se adaptar e criar uma maior resistência, o que pode ser conhecido como pressão seletiva, onde só os mais fortes sobrevivem;

> Todos os cães são inteligentes e possuem diferentes aptidões. No caso dos SRD, eles são herdeiros de uma longa tradição de esperteza, que os tornou, em sua maioria, ativos e engenhosos;

> A visão do público quanto ao vira-lata já foi tão negativa que sua definição no dicionário era associada a algo sem valor. O escritor brasileiro Nelson Rodrigues chegou a criar o termo “complexo de vira-lata”, que se refere a alguém que voluntariamente se coloca como inferior ao outro;

> A maioria dos cães que vive nas ruas ou estão em ONGs e abrigos é de SRD, pois sem castração e vivendo em um ambiente sem controle de natalidade, a procriação acontece continuamente entre os animais;

> Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem 30 milhões de animais vivendo nas ruas. Desse impressionante número, 20 milhões seriam de cães e 10 milhões de gatos. Entre alguns graves motivos, é importante citar a falta de um controle por parte do poder público e de medidas eficientes para lidar com o problema e o abandono dos animais por parte da sociedade civil.

Batatinha


Cuidados e bem-estar

Assim como todos os cachorros, os SRD precisam de todos os cuidados básicos necessários para se manterem saudáveis e felizes.

A quantidade de exercício vai depender do nível de energia que o cachorro precisa gastar – peça a ajuda do veterinário nesse quesito. Não deixe de todos os dias trabalhá-lo mental e fisicamente.

Você deve escovar os dentes do cão pelo menos duas ou três vezes por semana para remover a formação de tártaro e as bactérias que se escondem em seu interior. Para uma melhor prevenção de problemas na gengiva ou mau hálito, o ideal é que a escovação seja feita diariamente.

Apare as unhas uma vez por mês. Se você não tem tanta experiência em cortar unhas caninas - elas podem sangrar quando cortadas muito curtas -, peça para um tosador ou veterinário fazer isso. 

Os ouvidos dos cães devem ser verificados semanalmente, para checar se há vermelhidão ou odor ruim, o que pode indicar uma infecção. Quando você for verificar as orelhas do seu cachorro, aproveite e limpe-as com uma bola de algodão umedecido com um produto suave e de pH equilibrado indicado pelo veterinário. Ouvido limpo ajuda a prevenir infecções. Não insira nada dentro do canal auditivo, apenas limpe o ouvido externo.

O cuidado com a pelagem também vai depender de cada cachorro e suas necessidades (pelagem longa, curta, dupla etc.). A quantidade de banho também vai ser de acordo com cada um, mas recomenda-se pelo menos uma vez por mês.

Verifique se há feridas, erupções cutâneas ou sinais de infecção como vermelhidão, sensibilidade ou inflamação na pele, no focinho, boca, olhos e patas. Os olhos devem ser claros, sem vermelhidão ou secreção. Um cuidadoso exame semanal vai ajudar a detectar mais cedo potenciais problemas de saúde.

O ideal é que esses cuidados comecem enquanto o cachorro ainda é um filhote. No futuro, quando estiver adulto, já estará acostumado com essa manipulação. Entretanto, se você adotou um cão já adulto ou idoso, não há estresse, o importante é que esses rituais de higiene sejam associados com algo positivo, seja um petisco, um afago ou a atenção irrestrita que eles tanto amam.

Quando adotar um cão, castre-o imediatamente*. Dessa forma, é possível controlar a reprodução, diminuir de forma significativa doenças relacionadas ao sistema reprodutor tanto em machos quanto fêmeas, amenizar comportamentos indesejados etc.

Além dos cuidados básicos citados acima, relacionados a qualquer cachorro, como cada SRD pode variar imensamente de um para outro, é importante analisar cada animal e suas necessidades particulares. Se o seu cão possui pelagem grande, se há a necessidade de escovação semanal ou diária. Cães sem pelo necessitam de protetor solar para proteger suas peles. Ele possui dobrinhas? Limpe entre elas e mantenha atenção para não deixá-lo molhado.

Todo tutor deve consultar sempre o médico veterinário para que ele possa acompanhar a alimentação e saúde de seu cão, dando todas as diretrizes específicas para o cachorro. Nunca se esqueça de manter a vacinação em dia e frequentar periodicamente o médico para check-up.

Quanto à predisposição a doenças, isso depende de cada animal.

Rosa


Aparência física

Apesar da grande variedade de pelagens, cores e tamanhos dos cães SRD, é possível identificar um perfil médio de aparência: a maioria pesa de 10 a 20 quilos (porte médio), com pelo curto e cor da pelagem escura ou creme.

É interessante observar que o tamanho médio é o mais adequado para a sobrevivência nas ruas. Segundo o zootecnista Alexandre Rossi, um cachorro de porte grande precisaria de mais alimentação, enquanto um de porte pequeno seria mais vulnerável e indefeso em brigas e competições entre machos para cruzar.

Rui


Filhotes

Assim como qualquer filhote canino, os SRD precisam de cuidados, atenção, carinho, treinamento e socialização desde a mais tenra idade.

Como os SRD são uma caixinha de surpresa, muitos tutores têm dúvida quanto ao tamanho que o animal atingirá quando chegar na fase adulta. Não tem como saber com 100% de certeza apenas ao olhar para o cachorro, porém, há algumas dicas. 

O primeiro a observar, se possível, é o tamanho dos pais caninos ou especificamente qual a raça deles. Com essa informação em mãos, pode-se ter uma ideia da média do tamanho da ninhada. Fisicamente, muitos olham as patas do cachorro para ter uma noção de qual será seu tamanho quando adulto. Cães de porte grande normalmente possuem patas relativamente maiores.


Babush


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Perguntas frequentes

O SRD pode viver em apartamentos ou espaços pequenos?

Todos os cachorros, SRD ou não, podem viver em apartamento. Cães de pequeno e médio portes podem tranquilamente viver em espaços pequenos, seja em casa, seja em apartamento. No caso de cães de porte grande e que necessitam de uma quantidade maior de exercício, a recomendação é que tenham um quintal para se exercitar. Mas isso não quer dizer que eles não possam viver em um lugar menor, e sim que o tutor terá que se comprometer a levá-los para passear todos os dias**.

O SRD é recomendado para crianças?

É bom observar cada cachorro e analisar seu temperamento e personalidade. O ideal é que os cães, SRD ou não, sejam acostumados com a presença e particularidades das crianças para que seja construído um ambiente saudável.

O SRD pode ficar sozinho em casa?

Nenhum cão, SRD ou não, deve ser deixado por muito tempo sozinho, principalmente por serem animais sociais e muito apegados aos seus tutores.

Clara



Fotos: Natureza em Forma / Divulgação


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. Os cães nas fotos desta postagem são adoráveis, né? Eles são alguns dos SRD disponíveis para adoção responsável e com amor aqui em nosso Centro de Adoção. Leia também o Relato do Zen, para conhecer mais um cachorro incrível, mas que espera há muito tempo por ser grande e mais velho. 

Clique aqui para ver nosso endereço e telefones. Todos nós estamos esperando sua visita! [Esta postagem foi publicada em 29 de agosto de 2017. Caso você esteja lendo estas linhas em uma data futura, esperamos que então todos esses lindos não estejam mais com a gente, e sim em seus novos lares. Mas nós estaremos com uma nova turma esperando por você!]

*2. Todos os nossos cães para adoção já estão devidamente castrados, vacinados, vermifugados e identificados.

**3. Todos os cachorros, SRD ou não, vivendo em casa ou apartamento, devem ser levados para passear no mínimo três vezes por dia, além de serem estimulados com brincadeiras como bolas, corridas etc. Leia mais aqui.



5. E se você ainda tem dúvidas sobre se vai adotar um SRD ou comprar um cão de raça, recomendamos que se informe a respeito da realidade por trás do comércio de cães e gatos de raça. Leia algumas matérias aqui.

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