No início do mês, o texto Como É Ser Vegana e Favelada viralizou nas redes sociais – foram quase 400 compartilhamentos só no Facebook. Ele é de autoria da carioca Thallita Xavier, que publicou a reflexão em seu blogue, Sim, Sou Vegana e Feminista Preta!. Em sua visão, a ideia de que o veganismo seja caro se confunde com o fato de ele ser elitista.
“Ser vegano tá longe de ser caro. Veganismo é uma ideologia ética e política na qual você faz o teu possível pra não causar nenhuma crueldade aos animais. Então nós, veganos, não comemos animais, não vestimos animais, não usamos produtos testados em animais e por aí vai. Mas desde quando vegetais são caros? Até onde eu sei, o kg da batata é bem mais barato que o kg da carne. Então, nas compras do mês, quem é vegetariano faz economia”, ela escreveu.
Em outro trecho, Thallita explica por que, em sua opinião, esse estilo de vida é elitista: “O acesso à informação sobre diversas coisas do mundo vegano não chega na periferia. É elitista porque mesmo não sendo caro o custo da comida, os lugares cobram caro por ela. Porque é criado um conceito que vegetariano é coisa de rico, e pessoas ricas sentem prazer em pagar caro. Por isso, muitas vezes o vegetarianismo é associado a coisa de gente ‘fresca’, porque muito artista, por exemplo, é vegetariano pensando em saúde. E todos nós sabemos que cuidar da saúde é caro”.
A nutricionista Alessandra Luglio, diretora do Departamento de Saúde e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), divulgou a postagem de Thallita em sua página no Facebook. Segundo ela, é possível, sim, seguir uma dieta livre de ingredientes de origem animal sem gastar muito. “São os alimentos mais simples e baratos que existem. Não precisa comprar produtos veganos que estão no mercado e são mais caros”, comenta.
Se você está pensando em excluir do cardápio carnes, leite, queijos, ovos e mel, por exemplo, mas tem medo de aumentar seus gastos, não desista dessa ideia. O processo de se tornar vegano requer alterações profundas de mentalidade, organização e até de paladar, mas, quando incorporadas, essas mudanças prometem fazer você economizar. Sério!
A seguir, confira dicas práticas de Alessandra Luglio e da chef Luna Passeri, professora de gastronomia, para adotar o veganismo sem ter de se preocupar com a conta bancária.
1. Tenha certeza de que você quer ser vegano
Uma vez que você se propõe a seguir uma dieta diferente, precisa se informar muito sobre ela e estar aberto a modificar seus hábitos alimentares. “É importante entender que a estrela principal do prato serão os legumes, e não mais a proteína animal”, observa Luna.
2. Aprenda a cozinhar*
Se você é do time que diz não saber cozinhar, é hora de virar a casaca. Exatamente porque as opções de restaurantes e produtos prontos ainda são poucas (e, por isso, geralmente custam caro), é fundamental adquirir habilidades culinárias. “O queijo vegano, por exemplo, é supercaro. E, com pouco dinheiro, dá para comprar os ingredientes e fazer um monte em casa”, destaca a chef.
3. Aposte nos alimentos certos
Seu menu básico do dia a dia é o combo arroz, feijão, carne e salada? No veganismo, é muito importante variar o cardápio. E, para isso, não é preciso gastar muito – só incluir no menu alimentos diferentes. Entre os ingredientes que não podem faltar, estão as leguminosas, que vão muito além do feijão. “Deve haver, todos os dias, uma quantidade razoável. Pode ser lentilha, ervilha, grão-de-bico…”, exemplifica Luna. Esse grupo alimentar é fonte de nutrientes como proteína, ferro e cálcio.
Verduras verde-escuras – caso de couve, escarola, espinafre – também precisam marcar mais presença no prato. “Elas têm um aporte significativo de cálcio e ferro”, diz a nutricionista Alessandra Luglio.
As sementes (de linhaça, girassol, gergelim…) são versáteis e fontes baratas de gorduras boas. “É muito mais acessível consumir ômega 3 pela linhaça do que pelo peixe”, pontua Alessandra.
Comer grande variedade de frutas e legumes também é fundamental. Para economizar, vale ficar de olho na época em que eles estão melhores para o consumo. Nesses períodos, a tendência é que os preços diminuam.
4. Conheça os locais com os melhores preços
Nem sempre a feira ou o supermercado ao lado de casa é o local ideal para comprar seus alimentos. Informe-se sobre os lugares que oferecem bons preços e até se há um dia na semana em que determinados alimentos estejam em promoção. Em São Paulo, por exemplo, a Zona Cerealista é ótima para adquirir castanhas e cereais por preços bem mais amigos.
5. Use a criatividade
“Ninguém consegue sustentar uma dieta sem graça por muito tempo”, garante Luna. Por isso, é interessante pensar em preparações que não sejam só nutricionalmente completas, mas apetitosas também. “Uma feijoada de legumes, por exemplo, é um prato legal e barato”, sugere a chef e professora.
6. Planeje-se
Por haver menos opções de alimentos prontos e lugares onde comer, planejamento é tudo na vida de um vegano. “Pegue um dia para fazer a marmita da semana toda”, propõe Luna. “Se vai comer na rua, pesquise opções boas de restaurantes. Caso contrário, você fica muito solto e pode acabar comendo sempre arroz, feijão, alface e macarrão”, diz.
Fonte: Boa Forma
Foto: Thinkstock / Getty Images
NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:
*1. Confira aqui a lista que publicamos de sites e livros de receitas veganas!
2. No Facebook, existem grupos voltados para o veganismo sem gastar muito, com compartilhamentos de receitas e dicas. Dois exemplos são o Veganismo Popular e o Veganos Pobres Brasil.
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