Coca-Cola patrocina corrida de trenó que já matou mais de 150 cães no Alasca



Completar uma maratona é fisicamente extenuante. Imagine então correr quatro maratonas em um único dia lidando com o vento, um terreno inóspito e temperaturas congelantes. Para piorar, pense em fazer tudo isso durante os oito dias seguintes.

Isso é o que os cães explorados na corrida de Iditarod, realizada no Alasca (EUA), são obrigados a fazer.

Desde 1995, os animais mais rápidos percorreram aproximadamente 1.600 quilômetros em nove dias ou menos, incluindo uma parada obrigatória de 24 horas.

Isso significa que os cães correm mais de 160 quilômetros por dia enquanto puxam trenós que pesam centenas de quilos em algumas das condições climáticas mais implacáveis do planeta. Pior ainda: essa barbaridade é patrocinada por empresas famosas como a Coca-Cola.

As temperaturas durante a corrida despencam para 60 graus negativos. Os exploradores levam o crédito por terminar a corrida, mesmo que passeiem, se alimentem e até mesmo durmam enquanto os cães fazem todo o trabalho.

O jornalista especializado em esportes Jon Saraceno descreveu a prática absurda como uma “loucura frenética”.

Cinco cães morreram em menos de uma semana em Iditarod neste ano. Um se afastou de seu adestrador e foi atropelado por um carro, outro morreu de hipertermia em um avião e outros três na trilha.

Mais de 150 cães morreram em Iditarod desde que a corrida começou em 1973. Isso significa mais de três falecimentos por ano e essas são apenas as mortes registradas.

Esse número não inclui os cães que morreram imediatamente após a corrida ou durante o treinamento ou os cães acorrentados que não sobreviveram fora da pista ou assassinados porque simplesmente foram eliminados.

Caso isso fosse uma competição de seres humanos, que provocasse mortes todos os anos e cinco delas somente neste ano, ela seria encerrada.

A reportagem do Alternet informa que a regra 42 do regulamento oficial de Iditarod afirma que algumas mortes “podem ser consideradas impensáveis”, usando o eufemismo de que os cães não “morrem” na trilha, eles “expiram”.

Os cães explorados na corrida já foram atingidos por snowmobiles ou morreram de pneumonia depois de inalar o próprio vômito. Eles constantemente sofrem de diarreia, desidratação, vírus intestinais ou sangramento causado por úlceras estomacais.

Seus pés ficam machucados e ensanguentados, pois são cortados pelo gelo e se desgastam pelas enormes distâncias que são forçados a percorrer.

A veterinária Barbara Hodges enfatiza: “A corrida violaria as leis de crueldade animal em 38 estados [nos EUA] e no distrito de Columbia, mas é claro que o Alasca não possui essa lei”.

Muitos cães recebem antiácidos com frequência, em uma tentativa de prevenir as úlceras gástricas que são comuns.

Um veterinário que estudou os efeitos da corrida nos animais descobriu que a doença estomacal induzida pelo exercício pode afetar 50% a 70% dos cães, número significativamente maior do que o de cães que não participam de corridas.

Os animais com úlceras tipicamente não exibem os sintomas até a condição se tornar fatal e eles começarem a sangrar internamente e ter vômitos, que podem sufocá-los até a morte.

A vida fora da trilha é igualmente sombria. A maioria dos canis mantém dezenas de cães, que vivem acorrentados com apenas alguns barris ou casas como abrigo. O mundo deles não possui mais do que apenas alguns metros e os corredores lentos estão condenados.

“A crueldade de algumas técnicas de treinamento iria revirar seu estômago. Isso para não começar a falar de alguns manuais que recomendam matar os cães com resultados indesejados. Eles chamam isso de seleção. Na verdade, é assassinato”, denuncia Jeff Jacobs.

Não há nenhuma exigência para que os concorrentes de Iditarod informem o número de cães mortos. Assim, o número real de falecimentos é desconhecido.

Ganhar a Iditarod significa ser vangloriado, lucrar e receber prêmios. Enquanto o “vencedor” humano dessa corrida mortal recebe um troféu, os cães ganham um túmulo gelado. Apesar da carnificina, empresas como a Coca-Cola continuam patrocinando essa atrocidade.

Brincar com as vidas dos animais é eticamente indefensável. Desde o uso de iscas vivas até rinhas de galos, muitas atividades que antes eram comuns têm sido condenadas.

Cada vez mais pessoas têm rejeitado a exploração animal conforme aumenta a conscientização sobre o sofrimento que eles experimentam. Os cães merecem uma família amorosa ao invés de ser tratados tão brutalmente.




Fotos: Daniel Herman


NOTA DA NATUREZA EM FORMA:

Você também se revoltou com a notícia? Pois você pode fazer algo por esses cachorros com o simples ato de não consumir esse produto ou os produtos e serviços de qualquer empresa que patrocine essa e outras práticas que envolvam exploração de animais. 

No Brasil, além do refrigerante em questão, você pode boicotar empresas que patrocinam barbaridades como rodeios e vaquejadas. Informe-se e não dê mais seu dinheiro para essas empresas que financiam tais horrores contra os animais. A Brahma, por exemplo, patrocina a Festa do Peão de Americana, em São Paulo, apenas para citar uma das empresas que apoiam financeiramente crueldade contra animais no País.

E, claro, boicotar as próprias "atrações". E não apenas não frequentando (ou deixando de frequentar) rodeios, vaquejadas, zoológicos, aquários, circos com animais etc. Existem muitas outras formas de exploração e crueldade vendidas como entretenimento ou atração turística que as pessoas financiam sem se dar conta do que realmente está por trás, do que os animais sofrem.

Saiba mais aqui.

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