A disfunção narcotizante e a banalização da morte animal

A Dor de uma Mãe*, da artista francesa Stephanie Valentin


Por David Arioch**

Quando estudei teoria da comunicação na faculdade, um dos conceitos que mais me intrigaram foi o da disfunção narcotizante, proposto por Lazarsfeld e Merton, que nada mais é do que a banalização da violência, e mesmo de tudo que é errado, imoral ou antiético.

Durante muito tempo, associei essa ideia à criança que, depois de testemunhar muitas mortes, já não sente mais nada quando vê um corpo caído; ao homem que lê tantas desgraças nos jornais que já não sente nada diante das tragédias.

Hoje, eu relacionaria também a disfunção narcotizante com, por exemplo, nossa realidade nos açougues, onde encontramos animais mortos, inclusive inteiros (como é o caso do leitão), mas normalmente nos negamos a vê-los como seres que, assim como nós, respiravam, se emocionavam. Enfim, tinham vida.

Tenho certeza de que a maioria das pessoas quando vai ao açougue jamais pensa em como foi a vida do porquinho que repousa morto atrás de uma vitrine. Afinal, por que confrontar a realidade quando podemos ignorar a exploração e a violência, vivermos em uma realidade de disfunção narcotizante?



NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

*1. Neste Dia das Mães, pense também em outra mãe em seu profundo pesar com a separação de seu filho. Clique aqui.

2. Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";

Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;

Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;

Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.

Existem diversos sites e blogues com deliciosas receitas veganas (além dos tradicionais livros de receitas), simples e baratas de fazer. Clique aqui para conhecer uma lista deles!

Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo. 

Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros. 

Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.

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