Professora 'adota' sapo que perdeu movimento das patas após ser mordido por seu cão

Professora Arlete Falco e o sapo Eustáquio  


A professora aposentada Arlete Falco, de 64 anos, “adotou” um sapo que perdeu o movimento das patas traseiras na casa onde ela vive, em Itumbiara, na região sul de Goiás. Arlete conta que o anfíbio já fazia companhia para ela há dias, aparecendo na frente da casa, até que, em 12/10/2018, pareceu não conseguir se mover. Segundo ela, um dos cachorros da casa, o labrador Teddy, mordeu o bichinho e, se sentindo responsável, passou a cuidar dele.

“Esse sapo vinha e depois sumia. Descobri que ele estava saindo do cano da água da chuva do fundo da casa. Como ele chegava lá na frente da casa é que é um mistério. Até que ele sumiu e eu já estava dando como morto. Até que meu filho, que mora em Bauru, veio e viu ele saindo. Vimos que ele estava respirando, mas não estava conseguindo mover as patinhas. Ele colocou o sapo na parte a que o cachorro não tem acesso e estou cuidando dele”, conta Arlete.

Ela afirma que recebeu algumas sugestões de conhecidos para “se livrar” do bichinho e diz que não quis tomar essa atitude. “É um ser vivo. Acabou sendo uma adoção meio forçada, mas não tenho coragem. Ele foi vítima de um animal que é meu. Espero que ele se recupere logo. Sinto-me na obrigação de mantê-lo com um certo conforto para não ficar jogado à deriva até se recuperar”, completa.

Arlete falou e faz: ela organizou como pôde um cantinho especial na casa para manter o sapo bem tranquilo. Sobre um chão forrado com uma trepadeira, o anfíbio tem acesso a insetos que ela mesma coloca. Ele tem ainda proteção contra o sol, improvisada com uma antena antiga. A professora também molha o sapo todos os dias para mantê-lo úmido e combater um pouco o calor.

Ainda sem um nome oficial para o sapo, Arlete conta que deve batizá-lo de Eustáquio, acatando a sugestão da filha, que mora em Brasília. “Espero que ele se recupere e fique bom logo”, deseja a professora.

Sapo Eustáquio, que perdeu o movimento das patas 


O veterinário Diogo Baldrin, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), diz que, pelas imagens, o sapo parece ser da espécie rhinella marina, também chamada popularmente de sapo-boi. Segundo o especialista, eles são bem comuns em Goiás e podem ser encontrados em casas e ruas - principalmente no início da época de chuva, quando começam a se reproduzir e se deslocam mais para se alimentar. No entanto, seria necessário um raio-x para saber quais são suas condições reais de saúde.

"Nessa situação, era preciso entender se houve ou não fratura, onde foi essa fratura, mas não tem como dar um diagnóstico visual. Geralmente, a gente precisa de um raio-X para entender o comprometimento total, se ele está comendo e defecando e como estão os órgãos internos. Então não dá para saber se ele vai recuperar os movimentos", conta.

O profissional avalia ainda que Eustáquio está sendo muito bem tratado pelas mãos de Arlete: “O melhor é manter como ela está mantendo. É bem atípica a atitude dessa senhora, mas acho que tem que ser mostrado para as pessoas terem consciência de que animal não é só cachorro, gato, cavalo. A gente tem que ter amor pelo ecossistema”.

Também conforme Baldrin, o sapo não é considerado venenoso e pode ser tocado, evitando só o contato com feridas. Ele afirma que, ao contrário do que muitos mitos pregam, os anfíbios dessa espécie não representam risco.

“Existem vários mitos. Esse líquido urticante, popularmente chamado de leite, até existe, mas não espirra. Pode ter contato com ele, sem ter feridas nas mãos que toquem nas glândulas. Com isso, não tem risco de as pessoas se intoxicarem”, afirma o veterinário.

Fonte: G1 

Fotos: Arquivo pessoal


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