Animais de corte exportados pela Europa são espancados e torturados

Vacas exportadas pela Irlanda chegam à Turquia cobertas de esterco após 12 dias de viagem


Vacas e ovelhas que saem de países europeus para serem abatidos na Turquia e no Oriente Médio recebem socos, chutes e choques enquanto são transportados. O jornal britânico The Guardian obteve vídeos que mostram maus-tratos a animais de países como Alemanha, Hungria, Romênia, Polônia, Irlanda e Eslovênia. O abuso é ilegal e contraria leis da União Europeia (UE).

Os animais são transportados sob péssimas condições, em locais sujos, apertados e superlotados. Ovelhas chegam ao seu destino cobertas de fezes. Em portos, vacas e ovelhas são arremessadas contra grades e caminhões. As imagens também mostram formas cruéis de abate, com os animais se debatendo, presos de ponta-cabeça pelas patas, antes de terem a garganta cortada.

Durante oito meses, ativistas da organização australiana Animal International acompanharam o transporte de animais desde a partida em portos europeus até o destino final, na Croácia, Turquia e seis países do Oriente Médio. “A Europa é, para todos os efeitos, exportadora de crueldade animal em massa, que é largamente invisível para os cidadãos da UE”, diz a diretora do Eurogrupo dos Animais, ONG de defesa dos direitos dos animais, Reineke Hameleers.

Segundo o The Guardian, após assistirem às filmagens, deputados da Alemanha, França, Lituânia e Finlândia pediram à Comissão Europeia que reforce a aplicação das leis existentes e que se alargue a legislação relativa ao abate de animais de raça europeia em países de fora da UE.

Leis da UE violadas

Vaca da França é suspensa pela pata em matadouro na Turquia


Além da crueldade, as imagens revelam violações de diversas leis europeias, que determinam que a exportação de animais vivos deve seguir normas de cuidados ao longo de todo o percurso, incluindo nas fases que ocorrem em países não pertencentes ao bloco. A única etapa que não é regulada por lei europeia é a do abate.

Segundo as normas europeias, as transportadoras não podem empregar violência ou qualquer método que possa causar medo desnecessário, lesão ou sofrimento aos animais. Além disso, os equipamentos de transporte e de carga devem ser concebidos, mantidos e operados de modo a evitar lesões e sofrimentos. O transporte deve ser realizado sem demora e com o menor trajeto possível.

De acordo com um escritório de advocacia especializado em direitos de animais e transporte animal consultado pelo The Guardian, os países de onde partiram os animais que aparecem nas imagens não poderiam ter autorizado a viagem sem que as empresas garantissem que as regras de transporte seriam cumpridas.

Recentes decisões de tribunais europeus determinaram que transportadores devem provar que têm cumprido a legislação da UE em todos as etapas da viagem – como entregar às autoridades do país de partida um documento detalhando as condições de transporte ao longo de todo o trajeto. Os países são responsáveis pela aplicação da regulamentação europeia.

Maus-tratos são recorrentes

Vaca da Lituânia aparece em vídeo sendo amarrada na Palestina


Autoridades da UE, deputados e grupos de defesa dos direitos dos animais têm relatado abusos a animais transportados vivos, apesar da existência de leis e de recentes decisões judiciais que determinam a rígida observância das normas. Em novembro de 2016, um documento apresentado por autoridades de diferentes países ao Conselho Europeu da Agricultura falava na existência de “lacunas contínuas e inaceitáveis na aplicação das leis de bem-estar de animais de exportação”.

Para ativistas que defendem os direitos dos animais, as empresas de exportação e transporte que violam os regulamentos europeus de proteção animal são motivadas pela redução de custos e encargos administrativos.

Os maus-tratos ocorrem em período em que as exportações de gado da UE para o Oriente Médio tiveram rápido aumento. Segundo o The Guardian, o volume exportado de gado bovino dobrou entre 2014 e 2016, chegando a 650 mil cabeças. Já a exportação de ovinos aumentou em 25% desde 2014, chegando a 2,5 milhões de cabeças. Os principais destinos são Líbia, Líbano e Jordânia.

Animais exportados por países da UE levam pancadas ao entrarem em barco na Croácia


Nos últimos anos, deputados têm aderido a um movimento que reivindica mudanças na regulamentação europeia sobre o transporte de animais. O Eurogrupo dos Animais reuniu dezenas de organizações de defesa e recolheu mais de 700 mil assinaturas para pedir à UE o fim do transporte de animais vivos em longas distâncias.

“Devemos avançar para um sistema alimentar em que os animais sejam criados e abatidos o mais próximo possível do local onde eles nascem. Isso não é apenas primordial para o bem-estar dos animais, mas também essencial para a segurança alimentar, para o meio ambiente e para a garantia da saúde pública”, diz Reineke.

Fonte: Uol


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. Veja o vídeo sobre essa investigação no site da Animal International - clique aqui. Com legendas em inglês, o filme tem como chamada: "Quando se tornou normal tratar os animais assim?".

2. O portal Vista-se lembra que o Brasil também faz esse tipo de envio de animais vivos para países do Oriente Médio. Em outubro de 2015, um navio com cinco mil bois afundou em um porto do Pará, trazendo o assunto à tona.

3. “...lacunas contínuas e inaceitáveis na aplicação das leis de bem-estar de animais de exportação”, diz o documento X. “Devemos avançar para um sistema alimentar em que os animais sejam criados e abatidos o mais próximo possível do local onde eles nascem. Isso não é apenas primordial para o bem-estar dos animais, mas também essencial para a segurança alimentar, para o meio ambiente e para a garantia da saúde pública”, diz a diretora de um grupo de defesa dos direitos dos animais.

Esse bem-estarismo é a falácia usada pela indústria da carne para ludibriar o consumidor que tem algum peso na consciência por se alimentar de animais, mas continua se alimentando assim mesmo, e fazê-lo acreditar que os animais que está comendo não foram maltratados, mas sim viveram felizes em uma linda e ensolarada fazendinha cheia de flores, correndo livres pelos campos, até chegar o momento do "abate humanitário", outra falácia me-engana-que-eu-gosto propalada pela indústria da carne, segundo a qual o animal tem uma morte "digna", "sem dor". Montes de baboseira.

Recomendamos o documentário A Carne É Fraca, do Instituto Nina Rosa, que foi todo filmado dentro de matadouros que se orgulham em dizer que praticam o "abate humanitário". Conheça esse horror e imagine como são então os abatedouros que matam de forma não humanitária. Já a postagem A realidade por trás dos ovos "livres de gaiola" derruba outro argumento bem-estarista, em relação às galinhas - clique no link e entenda. 

O que nós, da causa animal (com algumas exceções, como esse Eurogrupo dos Animais, que se contenta com medidas bem-estaristas), queremos e lutamos para acontecer é o abolicionismo animal, que todos vivam livres, sem dor e sofrimento, sem serem explorados de nenhuma forma, pois todos têm esse direito, não somente os humanos - ou você acha que só porque eles não falam, eles não sentem? Só porque eles não falam, os humanos são melhores do que eles e têm o direito de dominá-los e usá-los da maneira como bem entendem? 

E não, não é impossível - não é nem mesmo difícil - deixar de ser cúmplice de toda essa crueldade e parar de se alimentar de qualquer tipo de carne. Leia a próxima nota.

4. Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";

Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;

Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;

Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.

Existem diversos sites e blogues com deliciosas receitas veganas (além dos tradicionais livros de receitas), simples e baratas de fazer. Clique aqui para conhecer uma lista deles!

Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo. 

Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros. 

Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.

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