Carga de 10 mil litros de sangue animal que tombou e formou mancha no Rio Vermelho, em Goiás, saiu de frigorífico da JBS

Rio Vermelho corta a cidade de Goiás (Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação)


O sangue animal derramado no Rio Vermelho na última semana saiu de um frigorífico que pertence à empresa de alimentos JBS. O secretário de Meio Ambiente da cidade de Goiás, Pedro Alves Vieira, afirmou ao G1 na última terça-feira (27/2/2018) que vai oficiar a empresa para dar explicações sobre a carga. Por telefone, a JBS disse não ser a responsável pelo transporte dos itens vendidos.

“Ainda não temos a nota fiscal do produto. Só sabemos a placa do caminhão, porque, por causa do socorro após o acidente, não tivemos acesso ao motorista. Também temos de certo que ele saiu de Mozarlândia rumo a São Luís de Montes Belos”, relatou o secretário.

Vieira disse esperar que, com explicações da empresa, consiga descobrir sobre possíveis danos ambientais causados pelo tombamento do caminhão na última sexta-feira (23/2). Ele recebeu denúncia de funcionários sobre o fato. A empresa, que inicialmente havia negado a informação, confirmou ao G1, após a publicação desta reportagem, que a carga saiu de seu frigorífico em Mozarlândia.

O acidente despejou 10 mil litros de sangue bovino e manchou de vermelho o leito do rio. O material estava sendo levado para uma fábrica de ração animal.

O laudo solicitado pela Secretaria à Vigilância Sanitária foi entregue na tarde da segunda-feira (26/2), “mas não acrescenta nada”, segundo o secretário. Vieira avalia que houve falha de comunicação na hora de solicitar a análise e vai pedir que sejam feitas novas coletas. “Coletamos amostra e enviamos para eles, que fizeram exame de microbiologia, de micro-organismo. Deu uma quantidade alta de bactérias, mas que não significa muita coisa, porque na chuva acontece a mesma coisa, tudo é arrastado para o rio. Acho que a Vigilância Sanitária estava com foco diferente do nosso. Estávamos focados no produto, se havia metais pesados, o que tinha de diferente, quais os riscos em longo prazo, qual o ciclo biológico. Esse resultado não é um parâmetro que eu posso usar. Para mim, não serviu de nada.” 

Caminhão carregado com sangue saiu da pista e tombou na cidade de Goiás 
(Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação)


Investigação

O caso é investigado pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema), de Goiânia. Segundo o delegado Luziano de Carvalho, os primeiros levantamentos já foram feitos e apontaram que não houve “grandes danos”. “Não teve nenhum relato de morte de peixinhos. Esse material, ao que tudo indica, está se depurando pelo caminho. Nossa maior preocupação é o dano ao meio ambiente”, afirmou.

Dissolução

Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Jailton Pinto de Figueiredo, a "mancha" já desceu o leito do rio e não é mais vista no centro histórico da cidade. Segundo ele, a tendência é que ela se dissipe por completo automaticamente. “Na parte histórica, já não existe mais nenhum resíduo. Trata-se de um material biodegradável e atóxico, que é dissolvido pelos micro-organismos por ação biológica.”

Em nota, a Prefeitura da Cidade de Goiás disse que o material se deslocava a uma velocidade de 1 km/h. A expectativa era de que ele chegasse ao município de Itapirapuã em 26/2 [três dias após o tombamento]. A assessoria da prefeitura da cidade informou que não houve registro da mancha no local.

Fonte: G1  


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA: 

1. O Olhar Animal, que também replicou a matéria acima, fez a seguinte nota: "Antes de pensar nos danos ambientais causados pelo derramamento, o caso remete a uma reflexão sobre os animais mortos, dos quais o sangue foi roubado. Os responsáveis por cenas assim são os que financiam a matança: o consumidor".


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