Há quem diga que só os cachorros se apegam aos tutores – e os amantes de gatos sabem que isso é a maior balela do mundo. E eles estão certos. Tanto se apegam (e observam) que imitam os hábitos dos tutores. Ainda mais se saírem pouco de casa*: quanto mais caseiro, mais parecido com o tutor.
Quem desconfiou das semelhanças foi um grupo de pesquisadores da Universidade de Messina, na Itália. Eles analisaram o comportamento de 10 gatos. Cinco viviam numa casa pequena, mais perto dos tutores. Já os outros gatos eram mais independentes, moravam em lugares grandes e passavam a noite fora de casa.
Aí eles observaram as rotinas dos tutores: horários de almoço, jantar, quanto comiam e que horas costumavam dormir e acordar. E compararam com as manias dos felinos. Segundo a pesquisa, os mais independentes não pareciam se importar muito com o dia a dia das pessoas. Mas quem vivia mais perto dos tutores seguia quase a mesma rotina. Dormiam e comiam nos mesmos horários e até engordavam** junto com os tutores.
“Os gatos observam e aprendem com a gente, notam os padrões das nossas ações”, explica a pesquisadora Jane Brunt. “É sempre interessante quando ouço histórias de gatos que usam a caixinha de areia quando os tutores vão ao banheiro.” Bonitinhos, não?
Eles gostam tanto e prestam tamanha atenção nos tutores que até imitam seus hábitos. E não só isso. É com base em suas reações e expressões que eles percebem o mundo – e descobrem como devem reagir às novidades.
A conclusão é de outro estudo italiano. Pesquisadores convidaram 24 gatos e seus tutores para ver se os animais prestavam atenção às reações dos humanos. Cada dupla foi colocada em uma sala com um ventilador cheio de fitas plásticas verdes. A única saída de fuga da sala ficava em um ponto onde estavam uma tela e uma câmera. “A ideia era avaliar se os gatos usam a informação emocional fornecida pelos tutores sobre um objeto desconhecido para guiar seu comportamento”, diz a pesquisa.
Para isso, ao entrar na sala, os tutores observaram o ventilador de forma neutra. Em seguida, mostraram uma reação negativa (medo, afastamento do objeto) ou positiva (felicidade), sempre olhando do gato para o ventilador e do ventilador para o gato.
Em 79% das vezes, os animais observavam o objeto e o tutor, como se tentassem entender o que estava acontecendo. Quando a expressão era negativa, os bichinhos começavam a olhar mais para a tela, onde ficava a única saída. “Era a única saída possível. Então olhar para a tela e depois para o ventilador sugere que os gatos estavam preocupados e queriam encontrar uma maneira de fugir”, conclui a pesquisa.
É por isso que você precisa prestar mais atenção às suas reações. Se você sente medo ou raiva, seu gato pode perceber. E copiar os mesmos sentimentos.
Fontes: Revista Superinteressante (primeira matéria / segunda matéria)
Fotos: flickr.com/gattomimmo e flickr.com/jamiejohn
NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:
*1. A pesquisa comparando hábitos é válida por revelar um pouco mais sobre o comportamento dos gatos e derrubar certos preconceitos que algumas pessoas ainda têm sobre esses animais, porém, lembramos sempre que gatos não devem ter acesso à rua: devem ser mantidos seguros dentro de casa, com janelas teladas.
"Gatos independentes" não são animais livres e mais felizes, ideia que essa expressão pode passar, mas sim expostos a todo tipo de perigo que existe nas ruas, como violência (maus-tratos de humanos, briga com cães etc.), acidentes (atropelamento, quedas etc.), envenenamento, entre outros.
Tutores responsáveis de gatos, além de telar as janelas de casa (medida não só para evitar fuga, como também quedas, em casos de apartamentos), devem castrar o animal e, para lhe dar uma vida feliz e sem tédio, enriquecer seu ambiente com arranhadores, caixas, prateleiras, brinquedos como ratinhos, varinhas de pescar etc.
**2. Leia também: Gato gordo? A culpa é sua!
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