Com o crescimento dos adeptos à causa vegetariana, a indústria do ramo tem aprimorado seus produtos, conquistando não só simpatizantes da dieta, mas também pessoas que buscam viver de forma mais saudável e sustentável. De acordo com a gerente da campanha Segunda Sem Carne, da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Mônica Buava, a expansão e o conhecimento do mercado vegetariano/vegano ocorreu em 2012, quando cerca de 8% da população brasileira passou a se declarar como tal.
Demanda
Devido à alta no número de brasileiros que passaram a modificar suas dietas e hábitos de consumo, a criação de produtos e até mesmo de estabelecimentos comerciais especializados se tornou uma demanda recorrente no mercado vegetariano .
Com isso, identificou-se também um acréscimo na quantidade de pessoas que se declaram veganas, ou seja, que além de adotarem uma dieta livre de alimentos de origem animal, visam ao consumo de cosméticos, roupas e outros itens com baixo impacto ambiental e ausente de qualquer componente animal em seu processo de produção.
A tendência nacional, de acordo com Mônica, é só mais uma evidência da expansão do setor, visto que países como Reino Unido e Estados Unidos têm apresentado em seus indicadores seguidos crescimentos de adeptos pela causa. No primeiro, em um período de 10 anos, o número de veganos cresceu 360%, e nos EUA a porcentagem dobrou em seis anos.
Consumo
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em janeiro deste ano evidenciou que 63% dos brasileiros desejam reduzir o consumo de carne. Outro dado destacado pelo estudo é que 73% dos consumidores se sentem mal informados em relação à produção da carne no Brasil, além dos 35% que alegaram preocupação em relação aos impactos causados na saúde pelo consumo do item.
Dados de um levantamento realizado em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) ainda apontaram uma queda de 8% na ingestão de carne bovina no País, sendo o menor nível desde 2001.
Para a especialista, um dos fatores que têm contribuído ativamente para esses dados é o acesso à informação, que está cada vez mais democratizado. “Diferentes camadas sociais estão tendo contato com os horrores da indústria da carne e os benefícios da alimentação vegetariana, que além de ser mais barata é facilmente encontrada em feiras, supermercados e zonas cerealistas.”
Mudança
O crescimento anual de 150% a 250% de buscas no Google Trends pelo termo 'veganismo' tem enfatizado o aumento do interesse das pessoas pelo tema e por alternativas para reduzir o consumo de carne. Como exemplo, Mônica ressalta a alta de 2500% na busca pelo 'desafio 21 dias sem carne' após a Operação Carne Fraca.
Outra evolução observada é o crescimento na variedade de produtos que imitam alimentos e receitas adoradas pelos brasileiros, auxiliando assim na inserção de itens sem origem animal. “Crescemos tomando leite, comendo cachorro-quente, hambúrgueres, churrasco e respeitamos a memória afetiva que eles trazem. Para esses momentos, o leite vegetal de caixinha, as carnes fakes e queijos vegetais industrializados são ótimos aliados”, avalia Mônica.
Embora os indicadores tenham mostrado melhora para o mercado vegetariano, essa indústria ainda está muito atrás da tradicional pecuária. Enquanto a primeira faturou cerca de R$ 55 bilhões, a segunda movimenta um total médio anual de R$ 484 bilhões, dado que, para a especialista, impossibilita até mesmo uma comparação, diante do abismo de incentivo de consumo presente.
Fonte: iG
Foto: iStock
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário