Coelhos são ótima companhia, mas lembre-se: eles são vidas, não brinquedos



[ATENÇÃO: se você pensa em dar um coelho de presente na Páscoa que se aproxima, você deve antes ler este texto - reproduzido de um jornal - inteiro, inclusive as notas que nós, da Natureza em Forma, colocamos no final.]



Na hora de escolher um animal de estimação, a maioria das famílias opta por um cachorro ou gato. Pouca gente pensa nos coelhos, animais pequenos, silenciosos e fofos. Claro, é importante lembrar que se trata de um animal exótico, com comportamento diferente da tradicional dobradinha cão/gato, mas que também é de companhia e se adapta muito bem a apartamentos, já que não precisa sair para passear.

Um coelho pode aprender o próprio nome e aceitar ficar no colo, mas não é regra. O comportamento varia de animal para animal, mas a maioria adora um carinho cuidadoso: uma boa coçadinha no pescoço ou agrados no pelo. Veja as características e cuidados desse animal - quem sabe um coelho pode virar seu novo companheiro. As dicas são do biólogo Thiago Sá.

Raças e tipos

[Leia a nota 2 no final desta postagem.]

Comportamento e brincadeiras

Quando quer carinho, o coelho chega perto e se encosta ao lado do tutor. Alguns toleram carinho na barriga; outros, não. O ideal é o contato suave no pelo, um carinho leve na nuca. O coelho é um animal de solo, por isso, se for tentar acostumá-lo no colo, um bom começo é iniciar o contato sentado no chão. Aos poucos, ele pode aceitar esse tipo de agrado. Todos os brinquedos destinados aos coelhos são para roer - peças de madeira, principalmente, mas deve-se tomar cuidado para não oferecer qualquer pedaço de madeira porque pode conter verniz e outros produtos tóxicos ao animal.

Ambiente e gaiola

[Leia a nota 3 no final desta postagem.]

Passeio

O coelho é um animal de chão e gosta de explorar o ambiente, por isso é bom soltá-lo pela casa sempre que possível. É importante ficar atento porque os coelhos adoram roer pés de cadeiras, cabos e tudo mais que veem pela frente. Não é um animal para passear na rua ou usar coleira. Deixe ele em casa. Coelhos também não podem sofrer de estresse.

Alimentação

[Leia a nota 4 no final desta postagem.]

Cuidados

Coelhos não podem tomar banho, isso é um risco para seu sistema imunológico, que é bastante sensível. Eles fazem a higienização sozinhos, mas é possível utilizar lenços umedecidos para limpar as patas ou a área genital, caso estejam sujas. Os coelhos não têm cheiro, apenas sua urina e fezes, por isso a serragem deve ser trocada diariamente [leia a nota 3 no final desta postagem]; eles não devem ter contato com seus excrementos. Não é uma prática comum, mas a castração pode ser feita em veterinário especializado em exóticos. Bem cuidados, coelhos vivem em média oito anos.

Depoimento: Karyna Lamy e a coelha Lilly

Lilly veio com 45 dias de idade para o apartamento 
onde Karyna vive com o marido



A produtora de eventos Karyna Lamy é tutora da vira-lata Lilly, de quatro anos. Lilly é a quinta coelha que passou pela vida de Karyna desde a infância. “Coelhover” de carteirinha, a produtora de eventos trouxe Lilly para o apartamento que divide com o marido quando ela tinha 45 dias, depois de passar por um aviário na região metropolitana de Curitiba (PR).

“Estávamos voltando da casa de um amigo e paramos para ver uma ninhada de coelhos numa gaiola em um aviário. Quando entramos na loja para ver outras coisas, percebemos que tinha um coelhinho no nosso pé. Era a Lilly. Ela tinha fugido da gaiola e veio atrás da gente. Ela nos escolheu”, conta.

Lilly pesa 3,5 kg e utiliza como casa o banheiro social do apartamento. Ali é seu espaço, com toca, alimentação, brinquedos e espaço para fezes e urina. “No começo, compramos gaiola, mas como ela cresceu, decidimos utilizar o banheiro como sua casa”, conta Karyna. A porta do banheiro tem uma grade protetora, daquela comum para animais.

Apesar do bom espaço, Lilly tem carta branca para passear pelo apartamento quando Karyna está em casa. “Ela adora carinho - quando quer, vem e bate em mim com o nariz, pedindo. Mas é quando ela quer. Às vezes, quando é chamada pelo nome, ela não atende. Então, nesse aspecto, lembra um pouco um gato”, diz. 


Fotos: Arquivo pessoal


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. A Páscoa está chegando. E dias após a Páscoa, todos os anos, é a mesma coisa: abandono de coelhos. Adultos irresponsáveis compram coelhos como se fossem mercadorias para presentear crianças na Páscoa, e quando elas enjoam da novidade ou quando os pais percebem o trabalho que dá cuidar – assim como qualquer outra vida -, os animais são abandonados.

Lembramos sempre: animais não são mercadoria; animais não são brinquedo. Assim, em primeiro lugar: nunca compre animais (leia aqui sobre como funciona o comércio de vidas); adote. E, quando adotar, tenha em mente que não se trata de um brinquedo ou objeto descartável, mas de uma vida, sobre a qual você será responsável até o fim, na saúde e na doença, e irá cuidá-la muito bem. 

Se quiser presentear uma criança com qualquer animal que seja, tenha isso sempre em mente. Se for seu filho, o trabalho será seu. Se for filho de outra pessoa, consulte esses pais e tenha certeza de que eles estão cientes da responsabilidade. Do contrário, dê um bicho de pelúcia: esse, sim, não dá trabalho e pode ser descartado a qualquer momento.

2. A matéria da Gazeta do Povo fala sobre raças e tipos de coelhos. Aqui fazemos outra ressalva muito importante: raça nunca deve ser critério de escolha de nenhum animal. Quando você for adotar (e não comprar), leve para casa aquele com quem você mais se identificou, cujo comportamento e tamanho tenha mais a ver com seu temperamento e casa. 

No caso dos coelhos, saiba que a maioria cresce, mesmo os de raça.

De posse dessas informações, agora, sim, reproduzimos abaixo o que a matéria fala sobre raças e tipos, a título de curiosidade:

“Existem diversas raças de coelho, mas elas se dividem basicamente em duas variedades: o comum e o mini. O comum pode chegar a até 10 kg e precisa de mais espaço. Já o mini, ou anão, é mais popular como animal de estimação. O comportamento – dócil ou não, por exemplo – não varia de raça para raça, mas sim de acordo com o animal. As raças indicam as características externas, como coloração e tamanho do pelo, formato das orelhas e outros detalhes. O macho tem tendência a crescer mais e pode ficar territorialista com a maturidade sexual”.

3. Ambiente e gaiola” é um dos tópicos colocados na matéria. Além de falar sobre tamanhos diferentes de gaiola, o texto diz que “caso exista essa opção em casa, pode-se destinar um cômodo inteiro para ele, como um banheiro ou um quarto sem uso, com as devidas adaptações”. Para nós, essa é a única alternativa viável para quem deseja ser tutor de um coelho. Animal nenhum cometeu crime para merecer viver preso dentro de gaiolas, jaulas, baias ou aquários.

Num canto do cômodo, deve ser colocada serragem para o coelho fazer suas necessidades, e esta deve ser trocada diariamente, conforme mencionado no texto. 

A Gazeta do Povo recomenda, e nós também, a colocação de uma “toca” no ambiente de morada do coelho, para ele se esconder, podendo ser uma caixa de sapato ou um vaso de fibra de coco invertido, com um buraco. 

Além desse recinto especialmente preparado, frisamos que o coelho deve ser deixado solto quando o tutor estiver em casa, para que ele possa se exercitar e interagir - claro que sob condições seguras, como portas para o quintal ou hall fechadas e janelas teladas ou fechadas. 

E dentro dessa ambientação, além das peças de madeira citadas pela reportagem (com o devido cuidado de não conter verniz e outros produtos tóxicos ao animal), galhos e troncos são boas opções para o coelho roer. Quanto à madeira, recomendamos caixotes (não caixas de papelão) de reaproveitamento de feira, tipo paletes (que são madeiras cruas, sem produtos). O coelho é um animal que necessita roer para gastar os dentes, então tudo o que estiver em seu recinto é para ele roer. Quando já estiver tudo gasto, o tutor faz a reposição.

4. “O coelho se alimenta de uma ração específica feita à base de ingredientes de origem vegetal. É legal complementar a alimentação com folhas verde-escuras (como de beterraba, rabanete, chicória, couve etc.) ou pedaços de cenoura, nabo ou rabanete. Isso serve como um agrado para o coelho, que fica feliz em comer algo além da ração. A água deve ser sempre filtrada e oferecida em abundância, no bebedouro próprio para coelhos”, diz o texto original da matéria. 

Mas o melhor para o coelho é o inverso: 20% de ração e 80% de folhas verde-escuras, frutas e legumes - boa parte desses alimentos pode ser obtida gratuitamente na feira, por meio do descarte, ou até mesmo pelo descarte pessoal, como cascas de frutas (todas, menos as cítricas) e legumes como banana, batata, melancia, melão, talos de brócolis e couve-flor etc. O tutor deve oferecer o que supostamente o animal encontraria na natureza – e isso não é a ração, esta que deve ser um complemento em sua alimentação, e não o contrário.

Enfim, descarte de alimentos, caixotes de madeira... e tudo gratuito! A feira é uma parada obrigatória para os tutores de coelhos!

5. Em nosso Centro de Adoção, estamos com dois coelhos (um ano de idade), os irmãos Camomila e Citronela: a mãe deles foi abandonada grávida na rua, adivinhe, após a Páscoa. Ela já foi adotada, mas eles continuam aguardando uma família que lhes receba (os dois estão para adoção em dupla) com a devida estrutura relatada na matéria e frisada por nós e, claro, muito amor!

Mais informações: (11) 3151-2536 / 3151-4885 / 7766-1559 (Nextel) / contato@naturezaemforma.org.br

         Camomila e Citronela (Foto: Natureza em Forma / Divulgação)

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