Gatos na poesia de Ferreira Gullar e voz de Adriana Calcanhotto

Ferreira Gullar e Gatinho, em 2005 (Foto: Folha de S. Paulo)



Por Paulo Furstenau*


Entre a vasta e bela obra do poeta e gateiro Ferreira Gullar, falecido recentemente, está o livro Um Gato Chamado Gatinho (ano 2000, Editora Salamandra, ilustrações de Angela Lago), uma homenagem a Gatinho, seu siamês. Conheça um pouco desse filho felino que inspirou um livro do poeta, em um de seus poemas.

O Gato Curioso

Era uma vez, era uma vez
um gato siamês.

Por ser muito engraçadinho,
é chamado de Gatinho.

Além de ser carinhoso,
ele é muito curioso.

Nada se pode fazer
que ele não deseje ver.

Se alguém mexe na estante,
está lá no mesmo instante.

Se vão consertar a pia,
está ele lá de vigia.

E o resultado é que quando
viu seu dono consertando

a tomada da parede,
meteu-se com tanta sede,

a cheirar tudo que – nhoque!
levou um baita de um choque!

E pensa que ele aprendeu?
Mais fácil aprendia eu!

Mantém-se o mesmo abelhudo
que quer dar conta de tudo.


Capa do livro de poemas (Reprodução)


A cantora Adriana Calcanhotto, usando seu nome Adriana Partimpim - dentro de seu projeto de cantar músicas voltadas para o público infantil -, gravou outros três poemas do livro. Veja os clipes, ouça e cante as músicas - e se você tiver a alegria de viver com um gato, chame-o e cantem juntos!




O Ron-Ron do Gatinho

O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pelo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.

Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.

É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso ele faz ron-ron
para mostrar gratidão.

No passado, se dizia
que esse ron-ron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.

Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ron-ron em seu peito
não é doença - é carinho.



Gato Pensa?

Dizem que gato não pensa
mas é difícil de crer.
Já que ele também não fala
como é que se vai saber?

A verdade é que o Gatinho,
Quando mija na almofada,
vai depressa se esconder:
sabe que fez coisa errada.

E se a comida está quente,
ele, antes de comer,
muito calculadamente,
toca com a pata pra ver.

Só quando a temperatura
da comida está normal,
vem ele e come afinal.

E você pode explicar
como é que ele sabia
que ela ia esfriar?



Dono do Pedaço

Para qualquer outro gato,
Gatinho não dá espaço.
Em nossa casa, ele impera -
é o dono do pedaço.

Certa vez, uma vizinha
- que era de fato uma tia -
pediu pra deixar seu gato
conosco só por um dia.

Mal o gato entrou na casa,
Gatinho se enfureceu,
pulou em cima do intruso
que, assustado, correu.

Gatinho saiu-lhe atrás
aos tabefes e às unhadas,
correram os dois pela casa
na mais louca disparada.

No quarto, em volta da cama,
por baixo e por cima dela,
rodaram como foguetes,
sumiram pela janela.

Só depois de muito esforço,
pude conter o gatinho,
enquanto o outro fugia
pro apartamento vizinho.

Assim acabou-se a guerra
que me serviu de lição:
proíbo a entrada de gatos;
só gatas têm permissão.


E se você ainda não é tutor de um gato, aqui no Centro de Adoção da Associação Natureza em Forma tem vários bichanos esperando uma família que lhes dê um lar com muito amor, cuidado e respeito. Adote um gato - você verá como eles são realmente inspiradores!

Acompanhe nossas redes sociais e conheça nossos felinos para adoção!



*Paulo Furstenau é jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma

Um comentário: