A maioria das aves recebidas pelos centros de manejo de fauna silvestre durante a primavera são filhotes que nem sempre necessitam de cuidados veterinários. Na maioria das vezes, ficariam melhor se tivessem sido deixados no local de origem sob cuidados de seus pais.
Muitas vezes com o intuito de ajudar, pessoas acabam interagindo com filhotes de aves, imaginando que os animais caíram de seus ninhos e precisam de algum tipo de assistência. Entretanto nem sempre isso é verdade. É importante que as pessoas saibam identificar quando o animal precisa realmente de ajuda, além do que pode ser feito para que sua saúde não seja prejudicada.
Precisando de orientações, entre em contato com a Divisão de Fauna Silvestre pelo telefone (11) 3885-6669, no qual biólogos e veterinários poderão esclarecer dúvidas sobre diferentes situações envolvendo a fauna silvestre do município de São Paulo.
Em São Paulo, são muitas as espécies encontradas em quintais de casas, jardins e vias públicas, aumentando a probabilidade de contato com humanos. Abaixo, você encontra as orientações de como proceder no caso de encontrar aves acidentadas, como identificar filhotes que necessitem de ajuda e quais os cuidados necessários ao encontrar um animal machucado ou ferido na cidade.
Ninho de sabiá-barranco (Turdus leucomelas)
Como identificar um filhote
Ainda muito pequeno, antes de deixar o ninho, o filhote de passarinho é chamado de ninhego. Nessa fase, a ave ainda é muito pequena e não tem o corpo coberto por penas, o que torna difícil a identificação exata da espécie. O ideal é que, nessa etapa, filhotes encontrados caídos sejam recolocados em seus ninhos, para contarem com o auxílio dos pais.
Somente os pais do animal têm disponibilidade para manter a alimentação e aquecer o filhote adequadamente. Os progenitores, porém, não têm condição de levá-lo de volta ao ninho, sendo então necessária a ajuda humana para colocar cuidadosamente o filhote novamente em sua morada*. Quando criado pelos pais, a chance de sobrevivência do filhote é muito maior. Na tentativa de alimentá-lo no bico, de forma artificial, pessoas menos experientes muitas vezes provocam acidentes, como o sufocamento do animal.
Resgate
Caso não seja possível devolver o filhote aos pais, a ave deve ser encaminhada imediatamente a algum órgão competente. Para o transporte, utilize uma caixa de papelão fechada, com pequenas aberturas para o animal respirar. Procure não transportar aves em gaiolas, pois muitas vezes os animais acabam se ferindo nas grades.
As instituições capacitadas para o recebimento desses animais são os Centros de Manejo de Fauna Silvestre. Eles se dividem em Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) ou Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS).
A Prefeitura de São Paulo possui unidades para o recebimento desses animais nos parques Ibirapuera e Anhanguera. Antes de encaminhar qualquer animal, ligue para o telefone (11) 3885-6669, informando o ocorrido aos técnicos da Divisão de Fauna.
Cuidados com o filhote
Tenha sempre em mãos o contato das instituições responsáveis pelo manejo da fauna silvestre em sua região. Porém, na impossibilidade de levar o filhote imediatamente aos órgãos encarregados, a pessoa deve providenciar alguns cuidados até que ele seja encaminhado.
Conter o animal em um local adequado é muito importante. Um pano limpo e macio pode ser útil nesses casos. É necessário manter o filhote aquecido, longe de correntes de ar e, ao mesmo tempo, em local arejado e fora do sol. Mantenha disponível um pequeno recipiente com água e não force a alimentação da ave, pois ela poderá sufocar. Mantenha animais domésticos como cães e gatos afastados. Após isso, se informe por telefone com a Divisão de Fauna Silvestre sobre como proceder.
Filhote abandonado
Ao encontrar um filhote de passarinho abandonado, procure ter certeza de que ele está sozinho. Se você perceber que a ave está realmente abandonada, parada em um mesmo local durante muito tempo, pode ser que algo tenha acontecido aos seus pais. O tempo de ausência dos pais durante o cuidado com os filhotes pode variar conforme a espécie.
Em muitos casos, os pais costumam se afastar dos filhotes quando pessoas chegam perto, por isso tenha muito cuidado ao fazer qualquer tipo de aproximação. Procure o ninho e veja se há aves por perto que possam ser seus pais. Quando os filhotes estão maiores, apesar de não estarem totalmente aptos para o voo, eles não costumam ficar mais em seus ninhos. Em algumas espécies, as aves jovens costumam correr pelo chão ou realizar voos curtos e descoordenados.
Filhote em perigo
Muitas vezes, mesmo saudáveis, os filhotes ou ninhos se encontram em locais de fácil acesso para animais domésticos, como cães e gatos. Também pode ocorrer de serem encontrados em ruas movimentadas, correndo risco de atropelamento.
Em relação aos ninhos, demarque o local e evite aproximações, mantendo os animais domésticos contidos. Caso encontre ninhegos, estes devem ser recolocados o mais rápido possível em suas devidas casas. Filhotes e aves jovens podem ser colocados em locais mais seguros, desde que mantidos próximos do local onde se encontravam. Nessa fase, eles costumam chamar seus pais, que os encontram mesmo no meio da vegetação adensada.
Machucados ou ferimentos
Ao encontrar um filhote de passarinho, sempre verifique a situação do animal. Veja algumas dicas:
1. Verifique primeiramente se há sangue ou alguma alteração na superfície do corpo da ave;
2. Observe se as asas se fecham normalmente ou se ficam caídas (pode evidenciar uma fratura) e se a plumagem está desigual ou com defeitos. Isso pode denunciar o ataque de predadores;
3. Se o filhote não está caído e seus pais estão próximos, não mexa no animal;
4. Se o filhote está piando e os pais não se aproximam, afaste-se, pois sua presença pode estar inibindo a aproximação deles;
5. Dê um determinado tempo para que os animais tenham a chance de agir naturalmente. Só interfira depois de comprovada a necessidade de algum cuidado especial.
Dificuldade em voar
Aves encontradas no chão que não conseguem voar direito não estão necessariamente com problemas ou precisam da ajuda humana. Nos centros urbanos, é muito comum, principalmente na primavera, encontrar aves recém-saídas dos ninhos que se encontram exatamente nessa situação. Esses animais não devem ser recolhidos pela população, que muitas vezes intervém com o intuito de ajudar.
Dependendo da espécie, as aves recém-saídas dos ninhos têm o hábito de buscar alimento no chão. É o que acontece, por exemplo, com o sabiá-laranjeira. Sem conseguir voar adequadamente, os pássaros jovens apresentam movimentos estranhos, trombando em árvores e objetos ao seu redor. Essa situação é normal e faz parte do aprendizado do animal, que está desenvolvendo sua capacidade de voar e explorar o ambiente. É importante ressaltar que a retirada de animais da natureza nessas condições pode ser considerada crime ambiental.
Fonte: Prefeitura de São Paulo
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