Julgamento de Anita Krajnc expõe os horrores da indústria da carne


Quando, em junho de 2015, um criador de porcos repreendeu a ativista Anita Krajnc por tentar ajudar os animais que eram levados para o matadouro, ele provavelmente não previu que sua atitude colocaria toda a indústria da carne em julgamento.

No entanto, foi exatamente isso o que aconteceu recentemente, quando Anita Krajnc se declarou inocente das acusações de transgressão por ter dado água para um porco desidratado em um dia de temperaturas extremamente elevadas em Toronto, no Canadá.

Com esse ato de bondade, Anita tentava aliviar o sofrimento dos animais amontoados dentro de um caminhão que se dirigia para um matadouro.

Além da angústia que os animais sentiram nessa situação perturbadora, um vídeo do incidente mostra que os porcos estavam superaquecidos. O caso está recebendo a atenção da mídia internacional e é fundamental reconhecer imediatamente que causar sofrimento animal, e ainda não aliviá-lo, é o que deveria ser considerado um crime.

As circunstâncias do caso enfatizam questões fundamentais em relação aos direitos animais: as leis são fracas e mal aplicadas, os animais são usados como propriedades em nome do lucro e as instituições legais e políticas privilegiam aqueles com dinheiro e poder, o que os animais não têm.

Essa é a realidade: o interesse do dono da fazenda que explorava os porcos e que protesta contra um ato de compaixão da ativista acarretou um julgamento, enquanto as necessidades do porco que sofre intensamente e está superaquecido são completamente negligenciadas.

O transporte de animais vivos é bastante estressante e perigoso e as leis são vergonhosas. Dados da Agriculture and Agri-Food Canada mostram que, em 2015 – ano em que Anita cometeu um suposto “crime” –, 14.212 porcos foram encontrados mortos nos matadouros do país.

Isso significa que mais de 14 mil porcos foram carregados vivos em caminhões de transporte e morreram durante a viagem. Ninguém foi condenado por crueldade animal por qualquer uma dessas mortes.

Outro aspecto que chama a atenção é a maneira como as leis distinguem os animais. Há animais que são priorizados e mais estimados, como cães e gatos, e outros que são considerados alimentos, como os porcos: também no ano passado, um passeador de cães foi condenado a seis meses de prisão e uma proibição vitalícia para cuidar de animais por deixar dentro de sua caminhonete seis cães, que morreram de superaquecimento.

O interrogatório do motorista do caminhão que disse para Anita deixar suas “coisas” (referindo-se aos porcos) em paz foi tuitado por vários repórteres e pelo Toronto Pig Save, movimento que realiza vigílias fora de matadouros de galinhas, porcos e outros animais na área metropolitana de Toronto e do qual Anita é cofundadora.

As declarações do motorista são chocantes e revelam como ainda perdura um sistema que trabalha contra os interesses animais. Embora ele tenha reconhecido que os porcos estavam sofrendo durante o transporte, quando confrontou Anita por dar água para um deles, ele sequer olhou para o estado do porco.

Em 2015, 20 milhões de porcos foram assassinados no Canadá e lamentavelmente isso representa apenas uma pequena parcela do total de animais terrestres mortos pela indústria de alimentos no mesmo ano: mais de 750 milhões.

Praticamente todos eles foram transportados em condições semelhantes. Além de questionar a própria indústria, vale lembrar que esse sistema cruel é financiado pelos hábitos dos consumidores. “Por que apenas nos indignamos quando a vítima é um cachorro e quando o veículo é um carro?”, questiona Anna Pippus, diretora da Farmed Animal Advocacy.



NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. No Brasil, assim como em todo o mundo, o tratamento dispensado aos animais considerados comestíveis não é diferente. Em agosto de 2015, uma carreta que levava 110 porcos para o matadouro tombou em São Paulo. Dos que sobreviveram, a maioria foi resgatada por ativistas da causa animal e levada para o Santuário Terra dos Bichos, em São Roque, e nós, da Natureza em Forma, promovemos a adoção. Interessados que sejam vegetarianos, maiores de 21 anos, e que tenham um espaço adequado podem ligar para nós - (11) 3151-2536 / 3151-4885 - e agendar uma entrevista de adoção. 

Outras formas de ajudar os porcos do Rodoanel são apadrinhamento, doação de alimentos e dinheiro. Saiba mais no site do Santuário Terra dos Bichos.

2. Também faz parte do Toronto Pig Save a fotógrafa Jo-Anne McArthur, sobre quem já falamos aqui no blogue. Leia aqui.

3. Se você se horroriza com notícias como esta, saiba que pode fazer a sua parte: não compactue mais com esses crimes contra seres inocentes. Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";

Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;

Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;

Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.


Existem diversos sites e blogues com deliciosas receitas veganas (além dos tradicionais livros de receitas), simples e baratas de fazer. Clique aqui para conhecer uma lista deles!

Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo.

Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros. 

Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário