Especialista em animais silvestres já cuidou de beija-flor coberto de óleo a onça cega: "Nenhuma vida é pequena"

Beija-flor que caiu em panela com óleo de cozinha 
precisou tomar vários banhos até conseguir voar novamente 


Os médicos, quando se formam, prometem salvar vidas a qualquer custo. Isso não é diferente para os veterinários. Em São José do Rio Preto (SP), um especialista em cuidar de animais silvestres e exóticos leva a missão a sério: até beija-flor que caiu em panela de óleo ele já recuperou.

Aves, onças, tamanduás, raposas, chimpanzés e várias espécies de roedores já passaram pela clínica do Fábio Franco. Ele desenvolve esse trabalho há oito anos.

“Resolvi trabalhar nessa área, principalmente, pela falta de profissionais qualificados. Não tem satisfação maior do que salvar uma vida e ver o animal em seu habitat”, diz o veterinário.

Segundo Franco, mais de 200 animais silvestres já foram atendidos em sua clínica. Mas ele diz que a maioria não consegue ser reintroduzida no meio ambiente.

“Tentamos minimizar o tempo de internação do animal. Quanto menos tempo ele passar internado, menor é a chance de perder o medo do ser humano e se acostumar a ser alimentado”, afirma.

Os animais que ficam com alguma sequela e não podem voltar ao meio ambiente são encaminhados a zoológicos* ou órgãos respaldados pela lei.

Além dos casos mais graves enviados pela Polícia Ambiental, é comum pessoas encontrarem animais machucados e levarem para a clínica. “Recebemos muitos filhotes de maritacas com as patinhas machucadas por linhas ou que caíram do ninho.”

Veterinário cuida de beija-flor que caiu em panela de óleo 


Beija-flor

Um dos pacientes mais curiosos que Franco já atendeu foi um beija-flor. O animal entrou pela janela de um apartamento e caiu dentro de uma panela com óleo frio. A moradora resgatou a ave e a levou até o veterinário.

Segundo ele, o processo de recuperação foi semelhante ao de aves que são atingidas por petróleo em vazamentos no mar. Foram necessários vários banhos até que o resíduo saísse completamente das penas e o pássaro conseguisse voar.

Outro desafio, de acordo com o veterinário, foi manter o beija-flor quente e alimentá-lo. "Como ele tem o metabolismo acelerado, precisa comer a cada 10 minutos."

Após uma semana de cuidados especiais, o passarinho foi solto em uma área verde. "Nenhuma vida é pequena. Dizem que uma andorinha só não faz verão, mas todo animal salvo vai refletir nas futuras gerações.”

Beija-flor toma banho em clínica veterinária para tirar óleo de cozinha das penas


Outros animais

Além do beija-flor, uma onça-parda de apenas dois meses de vida já foi atendida pelo veterinário. Ela tinha deformidade ocular e corria o risco de ficar cega. A onça foi levada até Franco por uma equipe da Polícia Ambiental, que fez o resgate.

Com a ajuda de um oftalmologista, o felino passou por cirurgia e depois foi levado a um zoológico. “Por ser um filhote e órfã, era praticamente impossível ser reintroduzida à natureza”, atesta Franco.

O veterinário parece atrair os animais que precisam de ajuda. Ele já encontrou um filhote de lagarto teiú vítima de atropelamento, com lesão na cauda e desidratação, enquanto caminhava por uma rua em Rio Preto.

O bicho ficou internado durante seis meses, até ganhar peso e poder voltar ao meio ambiente.

Onça-parda de dois meses passa por cirurgia nos olhos em clínica de Rio Preto (SP)


Lagarto teiú: vítima de atropelamento, 
o animal ficou seis meses internado até ganhar peso e se recuperar


Fonte: G1 

Fotos: Arquivo pessoal 


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

*1. Frisamos que a única justificativa para um animal viver fora da natureza é quando está debilitado a ponto de não poder voltar a viver em seu ambiente natural. Nesses casos, o ideal é que sejam levados a santuários, locais de proteção onde os animais são bem cuidados até o fim de suas vidas. Temos grandes ressalvas em relação aos zoológicos mesmo nesses casos de animais que não podem mais viver na natureza por algum motivo de saúde, pois zoológicos, no geral, além de terem um espaço reduzido, não trabalham a parte educacional, e apenas expõem o animal a um público pagante e desinteressado por aquelas vidas. Santuários, por outro lado, além de cuidarem bem dos animais e terem mais espaço para eles, geralmente têm um projeto de conscientização voltado para o público e para a sociedade, sobre a importância da preservação, liberdade, cuidados etc. das diversas espécies de animais. 

2. Lembramos ainda que animal silvestre não é pet! Novamente, só se justifica ter um animal silvestre em casa quando ele for um bicho que não possa mais ser reabilitado e reintroduzido na natureza. 

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