Boi se torna um símbolo de resistência


Imagine como seria nadar por quase 10 km num mar extremamente frio a fim de se salvar da morte. Foi exatamente o que fez um boi na madrugada de 14 de junho [2018], uma das mais frias do ano, depois de pular do navio Aldelta, que estava atracado no Porto de São Sebastião (litoral norte de SP), durante a operação para carregamento de cinco mil animais rumo a algum país do Oriente Médio.

A vontade de viver fez com que esse animal sobrevivesse até as sete horas da manhã em plena água gelada, quando foi avistado por uma pequena embarcação. Foi laçado e levado em segurança para a Praia das Cigarras, mas o que poderia ser uma esperança de liberdade logo se transformou num novo pesadelo.

A defesa civil foi acionada e a Cia. Docas, que administra o Porto, enviou um caminhão guincho, que içou o boi (já com todas as patas amarradas) como se fosse um saco de batatas. A Docas noticiou que o boi seria examinado pelos veterinários presentes no Porto e, se estivesse bem, seria novamente embarcado… para a morte.

Rodrigo Polacow, morador e ambientalista de São Sebastião, conseguiu fotografar o resgate e também filmar o içamento do animal. Ele conta que o boi aparentava estar exausto, mas não tinha ferimentos, inclusive, chegou a ficar em pé na areia, mas logo tombou de cansaço. Tanto sacrifício para, como diz o ditado, “morrer na praia”… ou quase isso.


Apenas sete dias atrás, em 8 de junho, outros dois bois se jogaram do navio Aldelta, que permanece atracado em São Sebastião, com mais cinco mil animais. A Docas informou na ocasião que os animais foram resgatados em “bom estado” e reembarcados.

Já foram registrados, em outras partes do mundo, diversos casos de animais em navios de carga viva se jogando ao mar numa tentativa alucinada de escapar da morte. Infelizmente, nenhum deles até hoje foi poupado, apesar da forte determinação de viver. O boi de São Sebastião é um desses símbolos de resistência e mostra o quanto o sofrimento desses animais pede urgência.


Vale ressaltar que, depois de todo o sofrimento que esses animais enfrentam num navio em alto-mar, vivendo durante 15 a 20 dias em meio a fezes, urina e vômito, com fraturas e sem poder sequer respirar direito ou deitar para descansar, ainda são abatidos no país de destino de forma brutal, ainda conscientes, com um corte no pescoço que os faz sangrar até a morte. Um triste começo, um doloroso meio e um trágico fim – é isso que está acontecendo com os bois brasileiros.

O juiz federal Djalma Moreira e o procurador regional da República Sérgio Monteiro já deram pareceres contrários a esse tipo de comércio e de forma muito bem fundamentada. O Projeto de Lei 31/2018, do deputado estadual Feliciano Filho (PRP), também visa acabar com a exportação de animais vivos pelos portos de São Paulo. Agora só falta o governador enxergar a situação e colocar um fim a essa crueldade. Manifeste sua opinião na página do governador






Fonte: Anda - Agência de Notícias de Direitos Animais

Fotos e vídeos: Rodrigo Polacow

Nenhum comentário:

Postar um comentário