Animais deixados para trás durante incêndio em prédio morrem em São Paulo


Um incêndio de grandes proporções atingiu um prédio de 24 andares e causou o desabamento do edifício, localizado no Largo do Paissandu, na região central do município de São Paulo.

Ocupado por integrantes do movimento Luta por Moradia Digna (LMD), o prédio era habitado por 150 famílias com 400 pessoas. Tutelados pelos moradores, animais também viviam no local. Eles não sobreviveram.

Os animais foram deixados para trás pelos tutores, que não os resgataram. Com o fogo, a fumaça e o desabamento da estrutura do edifício, eles morreram. Não há, até o momento, registro de sobrevivência de nenhum deles.

A idealizadora da ONG Proteção Animal de Taboão e Região (PATRE), Cynthia Gonçalves, lamenta a atitude dos tutores dos animais: “As famílias simplesmente abandonaram os animais. Estamos falando de animais que ficaram ali vivendo o terror que os humanos fugiram para não viver. E que pagaram pela consequência de uma guarda irresponsável. Imagine o horror que eles passaram”.

A entidade atende protetores de animais do município de Taboão da Serra, no estado de São Paulo, e outras cidades da região, doando ração, vacinas, cestas básicas e realizando mutirões de castração e feiras de adoção. De acordo com Cynthia, ela agiria de forma totalmente oposta aos tutores que não resgataram os animais durante o incêndio. “Por mais que estejamos acostumadas a lidar com histórias de maus-tratos, de irresponsabilidade, eu morreria para salvar meus animais, eu daria um jeito.”

Cynthia critica ainda a forma como o caso foi noticiado. “Acordei com essa notícia e o que me chamou muita atenção foi uma matéria da Folha de S. Paulo, na qual o jornalista define que as famílias deixaram documentos, eletrodomésticos e animais para trás, como se os animais estivessem no mesmo grupo de objetos. A gente está falando de vidas, que ficaram lá, passaram pânico, o desespero de viver aquela situação, de se encontrar em meio a fogo e fumaça e serem soterrados”, reitera.

Ao comentar o episódio, Cynthia compara a forma como os tutores dos animais deixados no prédio lidaram com a situação com a atitude da protetora Fernanda Belin, que morreu enquanto tentava retirar um cachorro idoso e com deficiência de um incêndio que tomou conta de sua casa, em São Paulo. A fundadora da ONG afirma ainda que a morte dos animais no prédio em São Paulo revela a “irresponsabilidade do ser que se diz humano e que é desumano na verdade”.

Exploração de animais


As buscas por desaparecidos nos escombros do edifício estão sendo feitas pelo Corpo de Bombeiros, que levou duas cadelas ao local para procurar pelas vítimas. Uma delas foi treinada para encontrar pessoas vivas e outra para localizar mortos.

A prática de integrar cachorros à equipe dos bombeiros é exploratória. Isso porque os cachorros são submetidos a treinamentos que os forçam a aprender comandos antinaturais, que em nada se assemelham ao comportamento normal e aos instintos próprios dos animais.

A exploração é caracterizada também pelo impedimento dos cães viverem de acordo com suas necessidades e desejos. Afinal, para realizar as tarefas que são obrigados a fazer, eles precisam agir segundo o que é esperado pelos militares, e não conforme agiriam normalmente, mantendo-se atentos por todo o tempo.

As atividades que são obrigados a realizar não trazem benefício algum para eles, tampouco os recompensam de alguma forma, o que é extremamente antiético do ponto de vista dos direitos animais, já que cachorros existem por propósitos próprios e não devem, em hipótese alguma, ser explorados para atender a interesses humanos.


Fotos: Bombeiros de São Paulo / GloboNews


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. Lembramos ainda que seres humanos não fogem de incêndios deixando para trás crianças - eles arriscam suas vidas para salvá-las e tirá-las dali. Animais são como crianças, no sentido de precisarem da ajuda de humanos adultos e responsáveis numa situação como essa. Não, não há diferença. Animais sentem medo e dor tanto quanto nós. E todas as vidas importam.

2. Como diz a matéria, ainda não há registro de animais vivos, mas nós já contatamos a ONG Moradores de Rua e seus Cães e nos colocamos à disposição para atendimento gratuito dos animais que porventura sejam encontrados. E temos ração para doar aos que estão com seus tutores.

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