Vamos acabar com o bullying alimentar nas escolas


“Educação não é só falar 'por favor' e 'obrigada', e sim saber fazer escolhas que afetem o mínimo possível os outros e o meio ambiente.” Assim escreveu Bela Gil em seu blogue em uma das inúmeras vezes que precisou justificar por que colocava banana-da-terra e batata-doce na marmita de sua filha.

Certamente, Bela Gil e seus filhos optaram por um padrão alimentar diferente da maioria. E, nesse caso, a maioria é carnívora. Todos os dias, pais como ela e seus filhos escutam todos os tipos de comentários, desde “o que você come, afinal?” a “essa dieta faz mal! Todo mundo precisa de proteína para viver!”. Tais declarações, além de abundantes em linguagem violenta, são repletas de desconhecimento total sobre o assunto.

Uma adulta como a Bela Gil certamente teve dificuldade em lidar com tantas críticas em relação à sua alimentação. Ela virou até meme: “Você pode trocar um churrasco de picanha por um churrasco de melancia”.

Mas foquemos nossa atenção em sua filha, que, aos nove anos, é mais indefesa. Você já imaginou o quanto deve ser difícil quando seus coleguinhas falam em um tom sarcástico sobre sua comida? Todo santo dia? Isso é bullying, amigos. Vale lembrar o conceito: “Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas”. 

Nossas crianças não nascem com preconceitos; elas aprendem. Nós, pais, somos grandes responsáveis por essa aprendizagem. Devemos criar nossos filhos para serem capazes de conviver com outros pares que optam por estilos de vida diferentes do nosso. A escolha deles não pode nos gerar raiva ou incômodo. Se gera, é preciso saber os motivos. E, nesse caso, recomenda-se a terapia.

Para criarmos filhos que respeitem outras crianças vegetarianas, devemos conhecer um pouquinho desse universo. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) classifica o vegetarianismo como “o regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes. O vegetarianismo costuma ser classificado da seguinte forma:

(a) Ovolactovegetarianismo: utiliza ovos, leite e laticínios na alimentação;

(b) Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na alimentação;

(c) Ovovegetarianismo: utiliza ovos na alimentação;

(d) Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na alimentação*.

Segundo a médica Sofia Garcia Whiteman Barranha, “as dietas vegetarianas, desde que adequadamente planejadas, são seguras para todas as fases do ciclo de vida, e apresentam mesmo alguns benefícios em relação a outros regimes alimentares. É importante que os profissionais de saúde tenham competências para estabelecer planos alimentares que se adequem a cada indivíduo, explorando os potenciais benefícios”. A conclusão de Sofia pode ser encontrada em diversos outros profundos trabalhos acadêmicos nacionais e internacionais.

Portanto, em casa, reconheça os benefícios de dietas diferentes da sua. E todas merecem nosso respeito. Vamos ajudar a acabar com o bullying nas cantinas e refeitórios de nossas escolas.

Fonte: Metrópoles 

Foto: iStock


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

*1. Lembramos que a dieta ideal - tanto para a saúde humana quanto para os animais - é a vegetariana estrita. A proteína animal, inclusive a encontrada no leite de vaca, laticínios e ovos, é prejudicial em diversos sentidos (leia aqui). E a obtenção dessas secreções causa igual sofrimento e dor aos animais, tanto quanto a retirada de suas carnes. 

O veganismo é uma filosofia de vida que segue a dieta vegetariana estrita e vai além na defesa pelos animais: veganos não usam nada de origem animal no vestuário (couro, lã, seda, penas), boicotam produtos de empresas que fazem testes em animais, não frequentam lugares que exploram animais para "entretenimento", como zoológicos, circos, aquários etc. Saiba mais aqui.

2. E é perfeitamente possível - e até melhor - uma criança seguir uma alimentação sem nada de carnes ou secreções animais. Leia aqui outras matérias sobre veganismo na infância. 

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