Homeopatia para animais ainda enfrenta preconceito, mas ganha adeptos

A gata Lucy é tratada com homeopatia para um dos principais usos da terapia: 
as questões comportamentais (Foto: Sérgio Pais / G1)


Uma postagem nas redes sociais comentando a divulgação que um médico veterinário de Bauru (SP) fez sobre a prestação de serviços de homeopatia para animais de estimação dá bem uma noção dos desafios que essa terapia, criada no final do século 18 pelo médico alemão Samuel Hahnemann, ainda enfrenta.

Formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com especialização em homeopatia veterinária concluída há mais de 15 anos, o médico veterinário Paulo Zanardi nem se surpreendeu com o comentário irônico de um internauta que taxou o anúncio como uma proposta de tratar animais com “superstição e pseudociência em pleno século 21”.

Mas, segundo Zanardi, a homeopatia não só não é uma “superstição”, como tem apresentado respostas de cura surpreendentes. Com o advento das redes sociais, os resultados positivos são divulgados pelos tutores de animais, o que tem atraído cada vez mais adeptos.

“A homeopatia vem se mostrando muito eficiente no trato de doenças de origem fisiológica, como transtornos digestivos, atropelamentos, alergias e problemas de pele, além dos controles de questões comportamentais dos animais”, explica o veterinário.

Mesmo assim, a homeopatia ainda conta com poucos profissionais habilitados a ministrar a especialidade, que é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) desde 1995.

Segundo Stelio Pacca Loureiro Luna, professor titular do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, ainda há poucos profissionais realmente habilitados a ministrar o método terapêutico.

Responsável pela disciplina de homeopatia que está na grade do curso de veterinária da Unesp há mais de 20 anos, Luna admite que a formação oferecida na graduação serve apenas para apresentar o método aos futuros médicos veterinários.

“A disciplina na graduação é bastante básica e não é suficiente para seu exercício. Para isso, o veterinário terá de se especializar, estudar muito, investir nessa especialização, e nem todos estão muito dispostos”, admite Luna.

Além disso, explica o professor, como a proposta da homeopatia é de tratamentos muito individualizados, há pouca publicação científica na área, o que a torna igualmente pouco difundida.

Como funciona

Segundo Luna, a homeopatia, seja para humanos, seja para animais, tem como base o princípio de que “semelhante cura semelhante”.

Ou seja, a terapia consiste em oferecer a um doente, de forma diluída e em pequenas doses, uma substância que, em doses elevadas, produziria sintomas semelhantes aos da doença que está sendo combatida.

Segundo o professor da Unesp de Botucatu, a grande diluição da substância faz com que não haja efeitos adversos. Ele explica que a homeopatia provoca uma resposta do próprio organismo contra o fármaco ministrado.

O médico veterinário Paulo Zanardi ministra gotas para a gata Lucy: 
resultados surpreendentes e muitas vezes rápidos (Foto: Sérgio Pais)


O veterinário Paulo Zanardi explica que a homeopatia é indicada a praticamente todo tipo de doença ou sintoma, desde os quadros respiratórios aos digestivos (gastrite, diarreia), passando pelos problemas dermatológicos e comportamentais.

“Esses problemas comportamentais representam o principal motivos que atrai as pessoas a levar seus animais de estimação a um veterinário homeopata, mas a homeopatia não muda o caráter do animal. A gente se baseia em sintomas mentais e comportamentais para achar o medicamento de fundo para cada caso”, explica Zanardi.

Por isso, completa o veterinário, a consulta precisa ser muito detalhada, uma verdadeira entrevista com o tutor do animal para se levantar informações sobre os hábitos e comportamentos do bicho.

Segundo Zanardi, há poucos casos em que a homeopatia veterinária não é indicada, como doenças endócrinas, que requerem reposição de hormônios. Ou então no caso de uma infecção já instalada, quando o uso de um antibiótico é imprescindível. Nesse sentido, Luna defende o princípio da medicina integrativa, aquela que lança mão de todas as especialidades possíveis para a saúde do animal.

“O profissional precisa ter bom senso para escolher a melhor terapêutica para cada caso. Boa parte das doenças é tratável com homeopatia, mas o bom profissional não deve deixar de usar a medicina tradicional. Ou seja, um veterinário homeopata pode e deve normalmente prescrever um antibiótico, por exemplo”, conclui o professor da Unesp de Botucatu.

Fonte: G1 


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