Dia Mundial do Veganismo em três matérias


Muito além dos cinco milhões: quem são os brasileiros 
que comemoram o Dia Mundial do Veganismo?


"Como foi possível que alguns indivíduos diferentes, espalhados por todo o País, experienciassem, simultaneamente, essa nova e revolucionária visão de um futuro mais saudável? E como eles sabiam instintivamente o que fazer, quando não houve mais ninguém antes deles?", disse em seu site pessoal a ex-presidente da Vegan Society e criadora do Dia Mundial do Veganismo, Louise Wallis, saudando seus antecessores.

Em 23 anos de existência dessa comemoração, muita coisa mudou, e os vegetarianos e veganos conquistaram mais representatividade. Dados colhidos pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) mostram que, no Reino Unido, 33% dos vegetarianos se declararam veganos. Já nos EUA, metade dos vegetarianos se declara vegana.

Mas, afinal, quem são os brasileiros veganos?

No Brasil, não há levantamento oficial sobre o número de veganos, mas a SVB estima que existam cinco milhões de pessoas que optam por não consumir nada de origem animal dentro do universo de 16 milhões de vegetarianos identificados por uma pesquisa do Instituto Ibope em 2012.

O agente de atendimento Arleton Cunha, 34 anos, mora em São Paulo, cidade que concentra a maior quantidade de veganos no País. Ele conta que se tornou vegano depois de assistir a alguns vídeos através da extinta rede social Orkut.

Um dado que ajuda a entender a influência da internet e o perfil dos veganos é o aumento no volume de buscas pelo termo 'vegano'. De janeiro de 2012 a julho de 2016, o número de vezes que alguém digitou essa palavra no Google cresceu 1.000% no País.

Para Cunha, o Dia Mundial do Veganismo serve para lembrar que não há direitos humanos legítimos sem respeito às outras espécies. "Nos últimos anos, mudou muito porque até em grandes veículos de comunicação já se fala em veganismo", diz.

Pesquisas paralelas, como o censo realizado pelo Mapa Veg, também corroboram o entendimento a respeito desse público. Das 27,3 mil pessoas cadastradas, oito mil se declaram veganas, o que representa cerca de 29,3% do total.

Depois de fazer um intercâmbio na Irlanda, o empresário Ricardo Campos, 34, decidiu montar um negócio que ampliasse a oferta de produtos para quem segue o veganismo e o vegetarianismo, o VegaSite. Ele diz que nos últimos anos percebeu que as pessoas respeitam e entendem um pouco mais a filosofia, mas que o cenário está longe do ideal.

"Acho o Dia Mundial do Veganismo bastante significativo, pois todas as minorias precisam se sentir incluídas e representadas. Elas precisam ser ouvidas e divulgar seus ideais - assim como ocorre com os negros, as mulheres e o público LGBT. É uma forma de mostrar ao mundo que esse nicho merece respeito. No caso do veganismo, é uma questão também de abdicar de seu próprio ego, pensar mais no planeta e na humanidade", afirma.

Fonte: Terra  

Foto: Dino



Defesa da vida dos animais é a bandeira do veganismo

A nutricionista Tamara Meirelles é especialista em vegetarianismo e veganismo 
(Foto: Assis Fernandes / O Dia)


Ética em defesa da vida dos animais: essa é uma das definições do veganismo, que consiste em uma forma de viver que busca o fim da exploração de animais para alimentação, vestuário ou qualquer outra finalidade. O Dia Mundial do Veganismo é celebrado em 1º de novembro, data em que muitos adeptos desse estilo de vida lembram que é possível ter uma alimentação saudável sem prejudicar os animais. 

Quem deseja iniciar o ano de 2018 sem nada de origem animal no cardápio é a bailarina Gislaine Lima, que passa pelo processo de transição do vegetarianismo para o veganismo desde abril. A vontade de excluir carne do cardápio começou ainda criança, especialmente por ser amante dos animais. 

“Fui pesquisar como era o processo da carne até a gente ter na mesa e vi o quanto eles sofrem, desde as galinhas, que são criadas com luzes acesas para não dormirem e se desenvolverem mais rápido, até as vacas, que são extremamente maltratadas, principalmente por conta do leite que produzem”, conta Gislaine. 

A recomendação de parar de comer carne vermelha e branca de uma vez foi de um nutricionista. Atualmente, a alimentação da jovem de 21 anos consiste em comer soja e ervilha, caprichar na salada e frutas para não sentir falta da carne. Segundo ela, a maior dificuldade é comer fora de casa, devido à falta de restaurantes exclusivamente vegetarianos e veganos

“Eu mesma faço minha comida. Tento ao máximo caprichar na salada e frutas para não sentir falta da carne. Quando sinto mais falta, faço alguma coisa com soja, risoto, macarronada, coisas do tipo. Já para comer fora de casa, é mais difícil, só temos um restaurante 100% vegano e, nos outros lugares, normalmente as pessoas entendem que só precisa ter salada”, enfatiza. 

Corpo muda desde a decisão de mudar de hábitos 

Segundo a nutricionista Tamara Meirelles, especialista em vegetarianismo e veganismo, o corpo passa por mudanças logo nas primeiras semanas após a decisão de excluir a carne do cardápio, uma vez que esse alimento ocupa um espaço no estômago e é por isso que, nas primeiras refeições, é comum sentir que está “faltando algo”.

Ela explica que o visual do prato também conta na hora de comer, porque as pessoas estão acostumadas a ter a carne como o principal e arroz e feijão como acompanhamentos. O ideal, nos primeiros dias, é implementar carne de soja ou alimentos parecidos para acostumar. “Nosso corpo não digere músculo, um ácido fica tentando digerir, mas não digere. Por isso que dá cansaço depois de comer”, informa. 

Tamara pontua que existem diversos mitos acerca do veganismo, entre eles, a falta de proteínas e ausência de cálcio na alimentação. Entre os benefícios, vegetarianos e veganos adquirem mais energia e possuem imunidade elevada contra doenças, por conta da alimentação baseada em fibras e antioxidantes. 

Alerta 

No entanto, a nutricionista alerta que ser vegano não significa ser automaticamente saudável, porque, hoje em dia, existem muitos alimentos industrializados que são 100% vegetais, mas possuem grande quantidade de conservantes. “Um prato vegetariano e vegano ideal precisa ter leguminosas, cereais, vegetais verde-escuros, oleaginosas e frutas. É muito difícil continuar sendo vegetariano se pular para o vegano. Quando vira vegana, a pessoa absorve a coisa da ética animal, passa a ser algo de sua cabeça, e aí você raramente volta”, conta. 

Restaurantes apostam em cardápios especiais 

chef de cozinha Vitor Moreira, vegano há cinco anos, decidiu abrir, há seis meses, o primeiro restaurante vegetariano e vegano do Piauí, localizado no centro de Teresina. No local, são comercializados almoço e lanches (salgadinhos, sanduíches, bolos, tortas e pães). Segundo Moreira, os mais procurados são os hambúrgueres vegetais, feitos de soja, ervilha, lentilha, quinoa ou grão-de-bico. O proprietário informa que o restaurante foca as leguminosas, que são alimentos com mais fonte de proteína. 

Ele pontua que a preocupação das pessoas com um estilo de vida mais saudável fez com que os restaurantes mudassem seus cardápios. “Na realidade, eu enxergo que os restaurantes não se importam com isso, quem se importam são as pessoas e elas estão procurando por alimentos mais saudáveis”, conta. 

Engana-se quem pensa que veganos não comem sushi, pizza ou hambúrguer. O chef de cozinha Gabriel Nolêto vende uma variedade de alimentos veganos e, entre eles, os citados acima, além de coxinha, quibe, lasanhas e doces. Ele busca diminuir ao máximo os impactos ambientais e não usar alimentos transgênicos, e sim fontes de origem 100% natural. 

Segundo Nolêto, a necessidade surgiu quando percebeu a pouca quantidade de locais voltados para a alimentação vegana, especialmente no local onde estudava - por isso, passou a produzir e vender. São carnes feitas de caju, cajá, casca de banana, soja e até feijoada vegana. De acordo com ele, o forte também são os temperos feitos por ele próprio. 

“A alimentação vegana tende a ser mais rica e mais saudável. A carne é fonte rica apenas de proteína, enquanto tem gorduras ruins. Na alimentação vegana, você encontra feijão, lentilha, ervilha e ao mesmo tempo uma variedade de nutrientes. Você busca uma série de outras opções, não se acostuma a comer só carne e outros acompanhamentos”, conclui.

Fonte: Portal O Dia  



"Não existe nenhuma necessidade de explorar os animais", dizem veganos

Cada vez mais popular, o veganismo ainda sofre com muita falta de informação, mas os veganos tentam desmitificar o estilo de vida garantindo que ele é possível para todos (Foto: Pixabay)


Em 1º de novembro, foi comemorado o Dia Mundial do Veganismo, que, na verdade, é um estilo de vida e não apenas uma dieta. As pessoas que adotam o veganismo não utilizam nenhum produto vindo de exploração animal. Não há dados confiáveis sobre o número de veganos no Brasil, mas, segundo uma pesquisa do Ibope de 2012, 15,2 milhões de brasileiros se declaravam vegetarianos.

O termo não é novo, mas tem se tornado cada vez mais popular e, hoje, existem diversos blogues, sites e grupos em redes sociais dedicados aos veganos, principalmente no que diz respeito à alimentação – o mercado vegano, inclusive, viu seu faturamento aumentar expressivamente recentemente. Com isso, filmes, documentários e artigos sobre o tema têm sido amplamente divulgados e muitas pessoas têm sido convencidas a não comer mais alimentos derivados do sofrimento animal.

A estudante de medicina veterinária Ana Castro Cabral virou vegana em 2013, aos 16 anos. "O principal motivo foi a empatia pelos animais. Não existe necessidade nenhuma de explorar os animais, e depois que descobri como eles eram tratados nos abatedouros, nas produções de leite e ovos, eu não pude fechar meus olhos para tamanha crueldade e virei vegana por amor a eles", conta. Ela diz que sentiu dificuldade no início para adaptar a alimentação, mas o pensamento de que "o que os animais passam é muito pior" nunca a deixou desistir.

Alguns dos mitos que rodeiam o veganismo é que a dieta sem derivados de animais não seria adequada para todos pela falta de alguns nutrientes, mas o atleta de alto rendimento Pedro Lutti discorda disso. Ele pratica corridas de montanha e tem uma dieta totalmente vegetal desde 2005. "Deixei de consumir carne em 2000 e me tornei vegano cinco anos depois, em 2005. A indústria da carne e do leite é responsável por milhares de mortes, maus-tratos a animais humanos e não humanos. É também um grande peso para o meio ambiente. Quando entendemos que todos os animais sentem dor, medo, e que devemos nos colocar no mesmo patamar de igualdade que eles, percebemos que o que muitos tratam como uma escolha pessoal (comer carne, ovos, leite) é, na verdade, uma decisão que tira o direito de viver desses animais", opina.

Em sua saúde, o atleta diz que muita coisa mudou para melhor, principalmente em seu condicionamento físico – e ele atribui isso à alimentação, que dá "mais energia e uma recuperação muscular mais rápida". Lutti pratica corridas de montanha com distâncias que variam de 50 a 80 quilômetros. Alguns exemplos de atletas veganos são as tenistas Venus e Serena Williams, o jogador de beisebol Patrick J. Neshek, o corredor Carl Lewis e o triatleta Daniel Meyer. 

A jornalista Paula Jacob, 24, começou a ser vegetariana na adolescência por causa de seu amor aos animais, mas, alguns anos depois, voltou a comer carnes. Foi só neste ano, após voltar a se interessar sobre a indústria alimentícia, que ela decidiu virar vegana. "Sempre acreditei que tudo o que a gente come acaba refletindo em nosso dia a dia, na aparência, no humor, em tudo. Eu estava repensando todas as questões de saúde e proteção animal, e aí quando foi lançado o filme Okja, na Netflix, eu assisti. E depois disso, não foi por causa do filme, porque eu já sabia como aconteciam as coisas, mas eu acho que o filme foi um antes e depois, ressuscitou os meus ideais da adolescência. Após vê-lo, eu disse: 'Não quero mais comer animais, não quero mais fazer parte disso'", relembra.

Depois disso, Paula conta que virou vegana da noite para o dia e que, cada vez mais, começou a se aproximar de pessoas veganas e pesquisar sobre como as animais são tratados na indústria alimentícia e também na indústria de cosméticos. "Vi aqueles vídeos de denúncias contra os abates de animais e não conseguia entender como todo o processo de fazer comida, que é algo tão gostoso, pode ser baseado em morte e sofrimento. Acho que você muda a percepção de mundo como um todo, eu me importo muito mais com os alimentos, com o meio ambiente", diz.

O interesse pelo processo de produção dos alimentos, criação dos animais e uso deles nas indústrias virou uma forma de ativismo para a jornalista, que começou a usar seu Instagram para informar as pessoas sobre como cada coisa impacta o meio ambiente. Em seus stories, ela usa vídeos, emojis e imagens para explicar, de forma simples, dados sobre a indústria cosmética, poluição, gasto de água, curiosidades e questões biológicas dos animais, além de dar alternativas e dicas de marcas veganas e cruelty free (livre de crueldade). "Comecei despretensiosa, juntando informações. Vou atrás de artigos, reportagens, documentários e faço meus stories baseados nisso, de forma leve, porque acho que falar agressivamente não vai adiantar nada."

Uma das críticas mais comuns ao veganismo é que a dieta seria muito cara e, portanto, inacessível para boa parte da população. Entretanto os veganos discordam disso, explicando que os alimentos veganos já prontos realmente têm preços altos, mas uma alimentação baseada em verduras, legumes, frutas, leguminosas e sementes é, na verdade, mais barata do que consumir carnes e derivados de leite.

Ana acredita que falta informação sobre os alimentos que os veganos realmente comem no dia a dia. "Eu dificilmente como alimentos veganos industrializados porque não é tão acessível, mas ser vegano não é caro. Eu vejo os preços das carnes e fico abismada com os valores e como pode as pessoas acharem que veganismo é caro. O veganismo só não é acessível para pessoas que realmente não possuem qualquer informação", opina ela, que conta que viu sua saúde melhorar somente com a alimentação, sem sentir falta de nenhum nutriente.

Após tantos anos sendo vegano, Lutti diz ser feliz por "ter a consciência de não estar colaborando para o sofrimento de milhares de animais", o que ele acredita ser o primeiro passo para entender e praticar o respeito. "O veganismo é um posicionamento político de oposição ao consumo demasiado, crueldade, degradação do meio ambiente, machismo, sexismo. É praticar respeito absoluto pelos animais humanos e não humanos e pelo meio ambiente", finaliza.

Fonte: Estadão   


NOTA DA NATUREZA EM FORMA:

E a dieta vegana é acessível e saudável para todas as idades. Leia aqui matérias sobre veganismo na infância. 

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