Um dia


Por Alta Almeida*

Um dia, sairemos de nossa caverna pessoal, não seremos mais conspiradores, hipócritas, falsos, zumbis, canibais e demônios. Um dia, não mataremos, não aniquilaremos, não semearemos sofrimento, não poluiremos os ares, os mares, as matas, os rios, cachoeiras, não poluiremos mentes.

Um dia, talvez nos olharemos de frente, talvez cuidaremos um do outro, todos serão nossa família, tudo será nossa família, o nascer e adormecer do sol, a chegada suave e a partida silenciosa das noites. 

Um dia, talvez nos veremos como um grande sistema onde nenhuma parte estará doente, pois todos cuidarão de qualquer ferida ou qualquer dor sua e do outro pensando na felicidade de todos.

Um dia em que não colocaremos mais nossos interesses mesquinhos à frente do interesse do outro de qualquer forma e de qualquer jeito, um dia em que teremos o básico e que talvez nossa diversão seja ajudar e viver felizes com esse básico.

Que passem ciclos, que passem éons, que nasçam e despeçam-se planetas, que nasçam novos seres carregando em seu coração o amor, que venha uma nova raça, que venham espaçonaves, que partam espaçonaves, que venham outros ares, outra possibilidade de mundo, novas inteligências de verdade...

No dia em que mudarmos nosso cerne, nosso DNA, que não precisemos mais de palavras, pois o gesto e o olhar dirão tudo, o dia em que não precisemos mais julgar ou escolher, pois qualquer opção estará bem e será boa e bem-vinda. Nesse dia em que não tenhamos mais julgamento, que não enxerguemos mais diferença de cores, diferença de classes, diferença de olhos ou de olhares, que não vejamos cor, ausência ou fartura de cabelos, que não enxerguemos pele, que não enxerguemos tamanho, que não meçamos as pessoas por suas posses, mas pelo o que são, nesse dia talvez tenhamos um pouco em nós da infinita grandeza dos animais.


*Alta Almeida é ativista, membro das organizações de defesa dos direitos animais São Paulo Animal Save e Direct Action Everywhere (DxE) São Paulo e comunicador da Rádio e TV Transcendental

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