Algumas coisas para saber antes de adotar um gato


Quando realizei o sonho da casa própria, a primeira coisa que fiz foi adotar um gato. Foi assim que Steve, um resgatinho de três meses, entrou na minha vida. Foi uma convivência deliciosa, mas preciso admitir que fiz tudo errado desde o começo, quando pegá-lo no colo e senti-lo ronronando foi o suficiente para trazê-lo para casa. Porém, se tivesse um pouco mais de conhecimento, talvez tivesse feito diferente algumas coisas, por exemplo...

Check-up veterinário

Como chegou já castrado, até os 10 anos suas visitas ao veterinário foram somente para vacinação. Porém um dia ficou doente e teve o diagnóstico de FIV (também conhecida como Aids felina), que não sei se ele herdou da mãe, da vida na rua até ser resgatado ou das vezes em que fugiu e voltou machucado. Muitos protetores testam os animais para a FIV e a FeLV (leucemia felina) antes de doar. Ambas não são transmitidas aos humanos, mas são altamente transmissíveis a outros gatos pelo contato com secreções (sangue, saliva) ou de mãe para filhotes. Mas ser portador não impede que o gato tenha uma vida longa e feliz.

Telas do bem

Quando ele chegou em casa, não instalei telas. Achava que machos castrados não saíam de casa. Que ilusão: várias vezes ele escapou, e muitas ele voltou com sinais de briga. Talvez, SE tivesse tela em casa, ele não tivesse saído e contraído FIV. Se o gato morar em apartamento, a tela é ainda mais mandatória. Gatos são curiosos e qualquer movimento do lado de fora da janela é suficiente para se jogar, mesmo que do outro lado tenha 15 andares de queda livre.

Fora da caixinha

Por ser um animal asseado por natureza, o normal seria o gato usar as caixas de areia por instinto, mas pode haver desvios. Segundo a bióloga e doutora em psicobiologia Juliana Damasceno, a má pontaria pode ocorrer por motivos clínicos (patologias como cistite e outras doenças do trato urinário e digestivo) ou comportamentais. Passou pelo check-up veterinário e está tudo em ordem? Então o problema provavelmente tem origem comportamental. “Pode ser ansiedade, estresse, marcação territorial ou, por incrível que pareça, a própria caixa de areia”, conta Juliana.

Como são exigentes até com seu "banheiro", fatores como a quantidade de caixas de areia, tamanho e localização, tipo do granulado e limpeza podem levar o gato a procurar um local diferente para evacuar. Nesses casos, ela indica a instalação de caixas de areia em número maior que a quantidade de gatos (pelo menos uma a mais que o número de gatos da casa), com profundidade mínima de sete centímetros (para que consigam cavar e enterrar com facilidade) e grandes o bastante para que o animal consiga dar uma volta em torno do corpo dentro da caixa. Devem estar em locais silenciosos, de fácil acesso e longe de onde se alimentam. Para a manutenção da areia, o ideal é usar granulado fino e limpo pelo menos duas vezes ao dia. “Além disso, é bom lavar a caixa com álcool 70% e água morna uma vez por semana”, diz.

Atchim!

Sempre tive rinite crônica, e quando ela piorou, o otorrino pediu um teste de alergia. Já tinha feito um quando criança, mas ao repeti-lo, estava lá, além das coisas de sempre (mofo, poeira, bolor etc.), saliva do gato (e formiga, vai entender o universo).

De acordo com o professor de imunologia clínica e alergia da Faculdade de Medicina da USP e supervisor do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo, dr. Fábio F. Morato Castro, os alérgenos do gato podem estar presentes em sua pele, urina ou saliva e eles são muito aderentes, podendo ficar “presos” às roupas das pessoas por até um ano.

Mas eu já amava o bichano e não seria a alergia que me faria abrir mão de sua presença. O que fazer, então? “O ideal é encontrar uma solução positiva e prazerosa. Por exemplo, escovações mais frequentes podem ajudar a diminuir a presença de pelos no ambiente. Além disso, há tratamentos e medicamentos específicos que podem ajudar o tutor a manter os sintomas sob controle”, indica dr. Castro.

Gatos e plantas

Comigo-ninguém-pode parece uma ameaça, mas é o nome de uma planta que faz muito mal para pessoas e animais. Ter uma planta venenosa em casa pode ser um convite a um acidente com o gato, já que é comum que os felinos recorram à ingestão de plantas para induzir o vômito e se livrar de algo que não caiu bem. Grama comum e ervas como a cidreira, camomila e quebra-pedra funcionam bem para esse objetivo e não farão mal ao bichano. Por outro lado, plantas comuns em jardins, como bico-de-papagaio, coroa-de-cristo, copo-de-leite e samambaias em geral também podem representar riscos à saúde do animal. A dica é checar as plantas da casa antes de o gato chegar e, se não for possível abrir mão delas, restringir o acesso às áreas onde são cultivadas.

Garras afiadas

Por que os gatos arranham?

A) Para se espreguiçar
B) Para afiar as unhas
C) Para marcar o território
D) Todas as alternativas
E) Nenhuma das alternativas

As alternativas A, B, C e, principalmente, D estão corretas. “Trata-se de uma forma de comunicação”, explica a dra. Juliana Damasceno. Os gatos possuem uma glândula secretora de feromônio entre os coxins (a parte fofinha das patas), e ao arranhar as superfícies, deixam esse sinal olfativo nos locais, marcando seu território. Além disso, quando querem brincar, eles costumam arranhar seu local favorito, sinalizando que estão prontos para a diversão.

“Ou seja, é um comportamento extremamente importante para felinos no geral e é fundamental prover um local ideal para que o gato exiba esse comportamento”, explica. Para isso, ela indica arranhadores com altura suficiente para que o gato consiga arranhar em pé (sobre as patas posteriores) e forte o bastante para suportar o peso do felino. Pode ser difícil encontrar o modelo ideal, pois o gosto dos gatos pode variar: tem quem goste de arranhar na vertical, na horizontal; uns preferem tecidos ásperos (carpetes e sisal), outros preferem madeira... Descobrir o arranhador certo pode representar a trégua entre os bichanos e os móveis da casa.

Fonte: Casa Vogue

Imagem: DreamWorks Animation SKG 

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