Não há como negar: filhotes são adoráveis. Com seus corpos desengonçados, pisadas atrapalhadas e seu hálito adorável, é fácil de entender por que todo mundo baba em cima deles. Ter um filhote é divertido, e entre ensinar uma criança sobre responsabilidade e querer um “certo” tipo de cão, muitas pessoas preferem comprar filhotes ao invés de adotar.
Os filhotes comprados em lojas de animais procedem, quase que exclusivamente, de operações comerciais de procriação em larga escala, também conhecidas como criações de cachorros. E, com eles, vem um passado obscuro.
Há entre duas e três mil instalações de procriação licenciadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos no país. Porém esses números não levam em consideração os criadouros que não precisam de licença ou aqueles que operam ilegalmente. O tamanho desses lugares varia entre ter apenas alguns animais para procriação até milhares.
Embora seja difícil obter um número exato de quantos criadouros existem nos Estados Unidos, a vida miserável desses animais é certa. Resgatistas já encontraram muitas vezes instalações cheias de fezes, fêmeas que ultrapassaram um número saudável de gestações e inúmeras doenças se alastrando.
Se você ou alguém que você conheça estiver pensando em comprar um cão, por favor leve em consideração o que é colocado a seguir e repense sua decisão de comprar ao invés de adotar.
Cães que são bem cuidados em abrigos e lares têm suas unhas cortadas frequentemente (exercícios regulares também gastam as unhas). Mas, em criadouros, as unhas podem crescer demais ou enroscar no arame da gaiola, deixando o cão preso. Existe ainda a possibilidade de que a unha cresça de volta para dentro da pele do animal. Até mesmo os cuidados mais básicos com os animais são habitualmente negligenciados nos criadouros.
Criadouros e criadores têm uma coisa em mente: maximizar lucros. As fêmeas emprenham em toda e qualquer oportunidade, com pouco tempo para se recuperar entre as ninhadas. De acordo com a Sociedade Americana de Prevenção à Crueldade com Animais (ASPCA, sigla em inglês), “devido à falta de práticas apropriadas pelos funcionários dos criadouros, animais doentes não são retirados de seu grupo de procriação e os filhotes ficam suscetíveis a condições congênitas e hereditárias”.
Os problemas de saúde nos criadouros podem incluir:
Doenças renais
Distúrbios musculoesqueléticos (displasia no quadril, luxação nos joelhos etc.)
Distúrbios endócrinos (diabetes, hipertireoidismo)
Distúrbios no sangue (anemia, doença de von Willebrand)
Surdez
Problemas de visão (catarata, glaucoma, atrofia progressiva da retina etc.)
Giárdia
Parvovirose
Cinomose
Infecções do trato respiratório superior
Pneumonia
Sarna
Pulgas
Carrapatos
Parasitas intestinais
Verme do coração (dirofilariose)
Diarreia crônica
Devido ao confinamento em gaiolas tão pequenas, os pelos ficam embolados com fezes e urina. O excesso de pelos faz os cães parecerem maiores do que realmente são e, assim que são tosados, seus corpos desnutridos se revelam.
Essas péssimas condições sanitárias não somente contaminam sua comida, mas infectam os próprios cães. Muitos não recebem medicação adequada nem são examinados pelo veterinário, e não é raro que fiquem sem diagnóstico e tratamento. Os filhotes que chegam a ser vendidos ao consumidor frequentemente estão doentes antes mesmo de chegarem aos seus lares definitivos e, infelizmente, alguns morrem pouco tempo após terem sido comprados.
Não é incomum que um cão de criadouro sofra com a falta de socialização e demonstre um comportamento medroso com pessoas e outros animais. Os filhotes são retirados de sua ninhada, bem como de suas mães, geralmente com apenas seis semanas de vida. Porém os primeiros meses de um filhote são críticos para sua socialização, e passar tempo com suas mães e irmãos ajuda a prevenir problemas como:
Medo
Agressividade
Ansiedade
Timidez excessiva
Deformidades genéticas como fenda labiopalatal ou prognatismo (maxilar inferior saliente) são frequentemente vistas em cães resgatados de criadouros. Obviamente, esses são os animais infelizes que os criadores não mostram ao público. Apenas os filhotes mais fofos são considerados de valor para serem colocados à venda, enquanto os outros ficam em gaiolas, sendo usados como reprodutores até que sua “produtividade” caia… fase em que eles são geralmente mortos.
Esse teria sido o destino de Lily, o galgo italiano da foto acima, que foi resgatada de um criadouro pela organização sem fins lucrativos National Dog Mill Rescue.
Salve uma vida: adote
Muitas lojas de animais vão dizer que seus filhotes são licenciados pelo Departamento de Agricultura, mas frequentemente usam isso para dar uma falsa sensação de segurança, quando, na verdade, seus filhotes são de criadouros. De acordo com a ASPCA, serem registrados significa apenas que ambos os pais dos filhotes tinham papéis.
Nunca compre; adote. Com milhões de animais esperando em abrigos e ONGs e mais de um milhão e meio de cães e gatos sendo exterminados em abrigos norte-americanos ao ano por não terem um lar, a adoção é sempre a melhor opção.
Fonte: Olhar Animal (via One Green Planet)
Fotos: Reprodução
NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:
1. E no Brasil, a situação não é nada diferente. Agora mesmo, em nosso Centro de Adoção, além de animais tirados das ruas e das mais diversas situações de maus-tratos e abandono, estamos com três shih tzus vindos de fábricas de filhotes, todos eles com brucelose, doença infecciosa bacteriana que não tem cura e afeta a parte reprodutiva - fêmeas abortam e machos ficam estéreis, por isso eles iam ser sacrificados, porque não dariam mais lucro para os criadores. Conheça a história deles aqui.
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