Por Juliana Carreiro*
Estima-se que, no Brasil, quase cinco milhões de pessoas já pratiquem o veganismo, um modo de viver resumido pelo não consumo de produtos de origem animal ou testados em animais - alimentos, roupas, cosméticos, calçados e acessórios, entre outros itens com essas características. Normalmente, os adeptos têm motivações ideológicas e ambientais. Eu não estou entre esses cinco milhões, mas respeito a escolha.
Já que este blogue fala sobre saúde e alimentação, vou focar o mercado alimentício. Além da carne dos animais, são banidos do cardápio ovos, leites e derivados e isso restringe as opções de comida, principalmente fora de casa. Há alguns anos, os veganos não tinham quase nenhuma opção de produtos prontos para consumirem, mas, de uns tempos para cá, o leque está cada vez maior e esses consumidores vêm movimentando um mercado que cresce 40% ao ano. Do ponto de vista da presidente da Mr. Veggy, Mariana Falcão, “o mercado brasileiro chegou em um momento em que pessoas que nunca ouviram falar já sabem o que é o veganismo. Hoje não é moda. É uma tendência”. A marca oferece dezenas de pratos congelados e adaptados, como esfirras e pastéis recheados com palmito, legumes ou verduras, quibe, hambúrgueres feitos com várias leguminosas ou com legumes, coxinha, almôndegas, quibe etc.
O faturamento da empresa tem aumentado em torno de 30% a 40% ao ano e, para 2017, a previsão de crescimento é de 25%. Esse otimismo deve-se à entrada da empresa em grandes redes de supermercado, além do investimento mais intenso no e-commerce.
“Mais de 90% das vendas vem do fornecimento para mais de 600 empresas como Google, Mercedes-Benz e grandes hospitais”, complementa Mariana. E não é só essa marca que tem crescido; venho reparando na grande variedade de produtos veganos ofertada aqui mesmo no meu bairro, na Vila Mariana, em São Paulo. Na loja de produtos naturais que fica perto de casa, sempre vejo as pessoas comprando refeições veganas congeladas, como feijoada. Aliás, a feijoada da família vegana já é um dos pratos principais de um boteco da zona oeste da cidade.
Se você não mora na Vila Mariana nem em São Paulo, mas tem interesse em encontrar opções de comida vegana, bastam alguns cliques na internet e não será difícil deparar com várias opções de restaurantes, lanchonetes, deliveries, receitas para fazer em casa e até cursos sobre o assunto. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) criou um selo para certificar os produtos veganos vendidos nos supermercados do País. De acordo com a SVB, o processo de certificação é rigoroso, mas é acessível a empresas de qualquer porte. Hoje, já existem à venda no Brasil 239 produtos certificados de 24 empresas.
Para finalizar, é bom lembrar que a retirada dos alimentos de origem animal do cardápio não será prejudicial à saúde desde que o adepto da nova dieta tenha uma alimentação rica e balanceada com cereais como arroz integral, quinoa e amaranto, leguminosas como feijão, grão-de-bico e lentilha, frutas, verduras, legumes e oleaginosas. Outra dica importante é não substituir pela soja todos os pratos que seriam feitos com carne. Se você estiver ingressando nesse novo mundo ou se já optou por ele, mas não teve nenhum acompanhamento profissional, é interessante procurar um nutricionista para ajudar.
Leia também: Os diferentes vegs da causa animal
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