Cães explorados em corridas são sacrificados quando se aposentam


Registros do governo do estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, revelam que cada vez mais galgos, cães explorados em corridas, são submetidos à morte induzida após se aposentarem. Os motivos são inúmeros, que vão desde os animais serem considerados inadequados para adoção ou porque perseguiam lagartos, odiavam gatos, eram “tímidos demais”, “barulhentos demais” ou “ansiosos e medrosos”.

As leis nem sempre foram tão brandas: antigamente, os "tutores"* de galgos eram obrigados a procurar o consentimento do regulador para que um animal fosse submetido à morte induzida. Infelizmente, de acordo com as regras atuais, é necessário apenas que o "tutor" mostre que fez “tentativas genuínas e razoáveis” para que o galgo estivesse apto a continuar a viver em harmonia no lar.

A frouxidão nas normas mostra que as pessoas ainda precisam enxergar os galgos não como instrumento de trabalho ou lucro, e sim como animais que têm direito à vida como qualquer outro. Entre as notificações de aposentadoria submetidas ao regulador entre abril de 2017 e maio de 2018, alguns "tutores" simplesmente dizem que o retorno ao lar não é adequado por causa do “temperamento” do cão, sem descrever seu comportamento em nenhum detalhe.

Exemplos absurdos de justificativas para o assassinato de galgos podem ser encontrados entre documentos obtidos sob as leis de liberdade de informação. Um deles, datado de agosto de 2017, descreve como justificativa para a morte induzida que “não é possível passear com o cão, que precisa passar por uma cirurgia no quadril, mas ele não consegue esperar. Além disso, o cão não gosta de gatos e outros animais”.

Num outro, de maio do ano passado, o "tutor" afirmava que “o cão não é caçador e não é adequado para realocação, pois odeia gatos e não faz GAP [greyhounds como programa de mascotes]”. Os documentos estão sendo liberados devido a uma crescente preocupação das organizações em defesa dos direitos animais com o enfraquecimento da política de reavaliação de galgos na Nova Gales do Sul.


Foto: Greyhound Rescue 


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

*1. Ressaltamos que animal nenhum nasceu para servir ao ser humano. Todos eles têm direito a uma vida digna e livre, e não ser explorados e usados como comida, roupa, cobaia, "entretenimento" etc. 

A citada "política de reavaliação de galgos" nem deveria existir, pois o uso desses animais como corredores já é um equívoco, para começar, e tampouco deveria existir. 

A matéria se refere aos exploradores desses galgos como "tutores", mas eles não são de forma alguma tutores, e sim, simplesmente, exploradores, por isso alteramos o texto e colocamos essa palavra entre aspas. 

2. Leia aqui sobre a exploração de galgos na Espanha. E aqui sobre a realidade do comércio de animais - no caso, galgos -, uma outra crueldade que vem antes da exploração desses bichos nas corridas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário