Imagem e foto: Google
Por Paulo Furstenau*
Vinte e dois de abril, Dia da Terra. O doodle - um videozinho de animação temática que o Google publica em sua página inicial para homenagear datas especiais - da vez traz a primatóloga e antropóloga britânica Jane Goodall para dar um recado.
"Acho que já nasci amando os animais. Minha infância foi só animais, animais e animais", diz ela logo após se apresentar. A animação mostra então, em poucos quadros, o fato que mudou a vida de Jane (e não só de Jane) para sempre: sua ida, na juventude, para a África (na região que hoje é a Tanzânia).
Sua voz em off, que narra o vídeo, conta o que aconteceu certa vez após uma forte chuva no Parque Nacional de Gombe, quando ela sentiu o cheiro de pelo molhado dos chimpanzés e ouviu a sinfonia dos insetos: "Eu me senti em união plena, uma sensação de admiração e reverência. Na floresta, você entende que tudo está interconectado, e até a menor espécie, por mais insignificante que pareça, tem um papel importante na trama da vida".
E se engana quem deduziu que um desses papéis dos animais seja o de servirem como alimento para os seres humanos. Em um vídeo de menos de um minuto publicado no canal do Jane Goodall Institute no YouTube (veja aqui, em inglês), a ativista se declara vegetariana.
Ela conta que leu um livro sobre a indústria da carne e ficou chocada ao conhecer a forma como os animais são tratados. "Depois disso, quando vi um pedaço de carne em meu prato, pensei: isso simboliza medo, dor e morte, e não quero comer isso." Jane conclui citando a destruição que a criação de animais para abate causa no meio ambiente, além de ser "terrivelmente cruel".
O site do Jane Goodall Institute conta um pouco da história dessa renomada defensora dos animais. Em 1960, aos 26 anos, ela deixou a Inglaterra para "se aventurar no pouco conhecido mundo dos chimpanzés" na África.
Jane Goodall trabalha pelos chimpanzés, humanos e meio ambiente há quase 60 anos
(Foto: Jane Goodall Institute)
"Equipada com pouco mais que caderno, binóculos e sua fascinação pela vida selvagem", Jane passou a viver com eles, para aprender "como uma vizinha, e não apenas uma observadora distante". Seus estudos sobre esses animais levaram-na a compreendê-los "não somente como uma espécie, mas também como indivíduos com emoções e laços afetivos de longo prazo".
Ao descobrir que a sobrevivência dos chimpanzés estava ameaçada pela destruição de seu habitat e pelo tráfico, Jane desenvolveu uma forma de conservação de espécies que cuidasse também das necessidades dos humanos, dos outros animais e do meio ambiente, "honrando a conexão entre eles".
Nesses quase 60 anos de trabalho de campo, e hoje também viajando pelo mundo para compartilhar sua experiência, Jane Goodall tem mostrado as urgências de proteger os chimpanzés da extinção e preservar o meio ambiente. Ela fundou o instituto que leva seu nome em 1977, para garantir que seu trabalho continue mobilizando pessoas na defesa do "mundo que todos nós compartilhamos".
O doodle em homenagem ao Dia da Terra termina com a seguinte mensagem de Jane: "Todos os indivíduos são importantes, cada um deles exerce algum impacto no planeta, todos os dias, e cabe a nós escolher que tipo de diferença queremos fazer".
Imagem: Google
No Dia da Terra do ano passado [2017], o Google já havia feito uma alusão ao veganismo, mostrando discretamente como uma escolha alimentar baseada em vegetais, e não em animais, pode contribuir para o meio ambiente (leia aqui).
O doodle deste ano foi mais explícito, na escolha da personagem e na mensagem transmitida: a preservação do meio ambiente está intimamente conectada à causa animal, à proteção de todos eles. Nas palavras de Jane, é o amor aos "animais, animais, animais".
Saiba mais aqui sobre como tudo - planeta, animais e humanos - está conectado.
*Paulo Furstenau é jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma
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