Veganismo sem complicação

Julia Guedes é jornalista, formada em nutrição culinária pelo 
Natural Gourmet Institute, em Nova Iorque (Foto: Divulgação)


Quando a gente mira numa alimentação mais equilibrada, parece sempre tropeçar em dois grandes degraus: tempo e dinheiro. Enquanto nas prateleiras do supermercado, os rótulos orgânicos e naturebas se multiplicam em progressão geométrica – e os preços seguem o ritmo –, a solução parece ser investir no in natura – e passar horas esquentando barriga no fogão. Nada convidativo, muito menos viável.

Para descomplicar a equação, a jornalista Julia Guedes, 24 anos, criou o blogue Herbivoraz. E, há um ano, abastece a plataforma com dicas práticas da culinária vegana, além de fotos de dar água na boca. Formada em nutrição culinária pelo Natural Gourmet Institute, de Nova Iorque, ela agora compilou num livro homônimo o passo a passo de 50 pratos inéditos, ensinando a incrementar as refeições no dia a dia para que veganos e não veganos tenham uma alimentação mais saudável. 

Adaptando é que a gente se entende

Muito além do caderno de receitas, o objetivo dessa paulista de Jacareí é mostrar o quanto comer bem pode gerar consequências positivas na saúde e no meio ambiente. “O veganismo ainda encontra resistência porque o ato de se alimentar envolve questões culturais, emocionais e ligadas ao paladar de cada um”, diz Julia. “Mas, por mais que você não consiga mudar completamente seu estilo de vida, o mais importante é ser consciente sobre o assunto e seguir em pequenos passos.”

Quase todas as receitas do Herbivoraz são criadas a partir da culinária não vegana. Uma delas é uma versão do clássico PF: arroz, feijão carioca, couve refogada e banana da terra grelhada. Mas basta folhear o livro para entender que adaptar nem sempre é sinônimo do mote "Você pode substituir um ingrediente de origem animal por outro vegano, por exemplo".

Até porque isso costuma pesar no bolso – não é segredo que um queijo vegano industrializado sai mais caro que o de origem animal. Mesmo assim, dá para usufruir de efeitos semelhantes com ingredientes mais em conta, como abóbora ou tofu (que, segundo Julia, é um dos produtos mais versáteis dessa seara). "A alimentação vegana pode ser muito mais barata que a carnívora e menos trabalhosa", garante ela. "Basta incluir no cardápio mais legumes, frutas, hortaliças e vegetais."

Abaixo, o mapa da mina de Julia para mudar a alimentação sem complicação:

1. Procure saber. Busque detalhes sobre os benefícios transformadores de uma alimentação mais natural tanto para o corpo quanto para o meio ambiente – os impactos da indústria alimentícia tradicional são de gritar: do desmatamento à emissão de gases poluentes. Informação faz a cabeça e ajuda a rever nossos hábitos que caíram no automático.

2. Diminua os processados. Alimentos embutidos e industrializados podem parecer opções práticas, mas cuidado: eles contêm compostos químicos e ingredientes duvidosos. O melhor, sempre, é priorizar alimentos naturais e integrais que você mesmo pode cozinhar.

3. Bata perna. Frequente mercados orgânicos e feiras livres de rua. Eles ajudam os produtores locais, além de serem fonte de conhecimento de alguns ingredientes de que talvez você nunca tenha ouvido falar – e, o melhor, são fresquinhos e cabem no bolso.

4. Plante. Cozinhar com ingredientes que você mesmo plantou e cuidou é uma experiência única. Comece pelos temperos, fáceis de cultivar em casa. Ervas aromáticas são ótimas opções. (Mas nada impede que logo venham as hortaliças e os legumes.)

5. Coma cru. Quem tem pressa quer praticidade – e não há nada igual a comer direto do pé: economia de tempo sem abrir mão do sabor.

Fonte: Revista Trip  


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