Por Paulo Furstenau*
"Moedor de porco" é o nome indigesto dado a uma Câmera Escondida que o Programa Silvio Santos exibiu em 2011, mas que ainda é atual e superválida de ser compartilhada. Na verdade, esse vídeo merecia um estudo de psicologia sobre características humanas como negação e hipocrisia.
Na pegadinha, o ator Ivo Holanda se faz passar por um atendente de açougue em um supermercado que vende "linguiça instantânea". Os clientes se aproximam, provam uma amostra grátis da linguiça, elogiam e pedem para levar. Ele então aparece com um leitão e o coloca numa máquina falsa que supostamente mói o animal, resultando no "porco fresco", outro chamariz escrito em um cartaz para atrair a clientela.
Os clientes reagem horrorizados, todos se mostrando contra a morte do animal. Um rapaz, ao olhar para o porquinho com uma nítida expressão de piedade, tenta impedir que Ivo Holanda coloque o bicho na máquina. Uma mulher chega a bater no ator. "Que nojo!", exclama outro freguês, ao ver a linguiça supostamente feita do leitão recém-moído.
Embora linguiça e salsicha não sejam feitas com animais moídos vivos como mostra o vídeo, e sim já mortos, a vida que os porcos têm até a hora do abate é muito pior do que qualquer morte. (Cabe aqui lembrar sobre os pintinhos machos, que são triturados vivos na indústria dos ovos.)
Em condições normais, um porco vive em média 12 anos. Os porcos criados para virarem linguiça, salsicha, bacon etc. são abatidos entre os quatro e seis meses de vida. Já a carne de leitão, "prato" apreciado pelos humanos, vem de porquinhos que não chegam a viver um mês.
E como é a vida desses animais - que são mais inteligentes que os cães e humanos de três anos de idade - nas suinoculturas? Com poucos dias de vida, eles têm seus dentes arrancados e rabos amputados, para que não comam os rabos uns dos outros no excessivo estresse causado pelo confinamento (o mesmo acontece com as galinhas, que têm seus bicos cauterizados, processo chamado de debicagem). Seus testículos também são arrancados, para que cresçam e engordem rápido. Isso tudo sem anestesia.
Eles são tirados de suas mães com três semanas de vida, ainda na fase de amamentação (em condições normais, porcos mamam até dois a três meses de idade), e presos em celas minúsculas, onde viverão sobre seus excrementos até o momento de serem levados para o matadouro, ainda crianças. (E as mães, separadas de seus filhos, continuarão em suas celas parindo novos porcos até o fim precoce de suas vidas.)
No matadouro, costuma-se atordoar os porcos antes de matá-los, mas muitos ainda estão conscientes quando são içados pelas patas traseiras e degolados. E essas cenas são presenciadas pelos próximos da fila do abate, que sabem que seu momento também chegará em minutos.
Essa é a trajetória da linguiça, salsicha, bacon etc. antes de chegar ao prato dos humanos, todos os dias, do café da manhã ao jantar. Mas, conforme mostra a Câmera Escondida em questão, as pessoas parecem achar que esses itens vieram de árvores ou foram fabricados com algum ingrediente sintético. O tom do vídeo é cômico, mas a realidade dos porcos (e todos os outros animais explorados para consumo humano) é trágica - e a reação de surpresa das pessoas ao depararem com o principal "ingrediente" do que queriam comprar chega a ser surreal. "Vai matar o porco?", perguntou a moça que pediu dois quilos de linguiça.
Humanos e o leite
Em julho deste ano (2017), o Programa Silvio Santos mostrou uma Câmera Escondida em que uma atriz oferece a degustação de uma nova marca de leite ("fresquinho, direto da fonte", ela anuncia) em um supermercado. As pessoas experimentam e aprovam, mas se horrorizam quando surge outra atriz que dá a entender que o leite veio de seus peitos.
Embora, assim como "Moedor de porco", "Leite fresco do peito" não tenha tido qualquer intenção ativista pela causa animal, apenas humorística, a pegadinha deixa bem claro outro enorme contrassenso dos seres humanos em relação aos animais que consomem como se fossem ingredientes. Afinal, tomar leite de vacas e cabras é normal e gostoso, mas tomar leite de uma humana é nojento? Mas não é esse o leite próprio para nossa espécie?
Veja aqui a Câmera Escondida.
Amantes de bacon e o porquinho
Já o site BuzzFeed promoveu o encontro entre pessoas que declaram efusivamente sua paixão por bacon - e, inclusive, estavam naquele estúdio para supostamente participar de um teste sobre o sabor do bacon - e um leitão.
Em julho deste ano (2017), o Programa Silvio Santos mostrou uma Câmera Escondida em que uma atriz oferece a degustação de uma nova marca de leite ("fresquinho, direto da fonte", ela anuncia) em um supermercado. As pessoas experimentam e aprovam, mas se horrorizam quando surge outra atriz que dá a entender que o leite veio de seus peitos.
Embora, assim como "Moedor de porco", "Leite fresco do peito" não tenha tido qualquer intenção ativista pela causa animal, apenas humorística, a pegadinha deixa bem claro outro enorme contrassenso dos seres humanos em relação aos animais que consomem como se fossem ingredientes. Afinal, tomar leite de vacas e cabras é normal e gostoso, mas tomar leite de uma humana é nojento? Mas não é esse o leite próprio para nossa espécie?
Veja aqui a Câmera Escondida.
Amantes de bacon e o porquinho
Já o site BuzzFeed promoveu o encontro entre pessoas que declaram efusivamente sua paixão por bacon - e, inclusive, estavam naquele estúdio para supostamente participar de um teste sobre o sabor do bacon - e um leitão.
Confira aqui a reação delas ao depararem com a "matéria-prima" daquilo que dizem gostar tanto de comer.
Mude
Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:
- VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";
- Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;
- Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;
- Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;
- Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.
Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo.
O Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros.
Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.
*Paulo Furstenau é jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma
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