Em texto infeliz, jornalista diz que tutores de cães deveriam pagar IPTU dobrado


O jornalista do R7 André Forastieri publicou, na última semana, um texto irresponsável em seu blogue, por meio do qual afirma que pessoas que tutelam cães que latem demais deveriam ser obrigadas a pagar IPTU dobrado. “Como as cidades já estão cheias de cachorros, e brasileiro adora cachorro, minha proposta modesta para minimizar o estrago sonoro feito por eles é que as casas que têm cachorro barulhento paguem IPTU em dobro”, disse.

Forastieri não considera em sua publicação que os cães latem para se comunicar e que exigir que fiquem em silêncio é algo cruel, já que é por meio do latido que eles chamam a atenção de seus tutores, demonstram insatisfação com alguma situação, sinalizam que algo está acontecendo ou apenas interagem com outros animais.

No artigo infeliz, o jornalista diz que tem “uma certa tentação” de enquadrar os vizinhos no artigo 42 da Lei das Contravenções Penais, que trata de som alto. A razão seria os latidos dos cães que vivem na casa. A atitude inaceitável de Forastieri, enquanto pessoa pública e formadora de opinião, dá margem para fomentar o ódio contra cães. Algo que, em uma sociedade que maltrata, explora e mata animais diariamente, é extremamente problemático.

Os leitores não receberam bem a publicação do jornalista. Uma das internautas afirmou que a cidade por si só é barulhenta, que nela se ouve som de carros, buzinas, música, crianças brincando e não só latidos de cachorros. “Acredite, você também deve incomodar alguém! Quem não gosta de barulho, e não se encaixa na rotina de uma grande cidade, a meu ver, deveria procurar uma cidade menor ou ir morar no campo, com grandes quintais e sem um pio a sua volta, sem pessoas, nada, além de você e um imenso gramado”, escreveu a internauta no comentário.

O jornalista diz ainda que a cidade não é lugar para cachorro. Segundo ele, “nesses milhares de anos de convivência, o ser humano viveu quase sempre no campo, e os cachorros também”. Ele critica a atitude das pessoas que, segundo ele, especialmente nas últimas décadas, migraram para áreas urbanas e trouxeram os cães para morar com elas em casas e apartamentos. Enquanto uma luta incansável é travada na tentativa de conscientizar as pessoas a não abandonar animais e, em caso de mudança, levá-los, Forastieri caminha na contramão, criticando famílias que saíram do campo levando consigo os animais que tutelam. 

A crítica do jornalista não é só irresponsável, como também especista e antropocentrista. Em seu texto, ele deixa claro sua concepção de que o ser humano seja uma espécie superior, o que lhe daria o direito, segundo ele, de submeter os cachorros a uma prática segregacionista, na qual haveria para eles um único lugar, distante das cidades, onde poderiam viver. O planeta, entretanto, pertence a todas as espécies que nele habitam e não cabe ao homem decidir onde os cães podem viver.


Foto: Reprodução

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