Cerca de 90% dos animais resgatados nos trechos sul e leste do Rodoanel são domésticos, afirma SPMar


Dirigir exige atenção dos motoristas, especialmente nas estradas, quando a velocidade é maior e o tempo ao volante também. No Alto Tietê, região que abriga diversos animais silvestres, a preocupação é ainda maior. De acordo com a concessionária SPMar, responsável pelos trechos sul e leste do Rodoanel, mais de 790 animais foram resgatados da via desde julho de 2014. No entanto, outro dado preocupa: cerca de 90% desses animais são domésticos e foram abandonados pelos próprios tutores.

A presença dos animais nas estradas pode provocar acidentes, atropelamentos e batidas. O engenheiro de meio ambiente Rafael Souza explica, porém, que isso pode ser agravado por atitudes do homem. Embalagens de alimentos jogadas na via, por exemplo, podem atrair diversas espécies. “Esse é o principal fator. Outro é o próprio tráfego de pedestres na rodovia, pois o cheiro do ser humano acaba atraindo o animal, principalmente os domésticos. Os silvestres não, eles já são afugentados”, afirma.

É comum que animais silvestres invadam a pista. A maioria das rodovias fica perto de matas, rios e áreas verdes. O vaivém seguro só é possível com atenção no trânsito e, também, na travessia dos animais que aparecem inesperadamente no meio da estrada. “Ainda temos um número alto de animais que margeiam a rodovia, infelizmente. Continuamos nosso trabalho de conscientização com moradores das áreas lindeiras e esperamos obter um resultado positivo num futuro próximo”, afirma o gerente de Operações da SPMar, Isaque Moraes.

Na tentativa de evitar o aumento no número de ocorrências, pelo menos com os animais silvestres, a SPMar fez no trecho leste, que fica na região do Alto Tietê, 10 passagens subterrâneas para facilitar a travessia dos bichos, como conta Souza. “Essas passagens têm duas funções principais: uma é defender a própria vida do animal; a outra é que ele não atravesse a rodovia pela faixa de rolamento, e sim por um túnel subterrâneo, garantindo assim a segurança dos usuários da via.” Embora a presença dos animais silvestres seja comum, a SPMar divulgou um dado que preocupa ainda mais: desde julho de 2014, a concessionária resgatou 794 animais nos trechos sul e leste do Rodoanel, sendo que 90% das ocorrências envolvia animais domésticos abandonados por seus tutores.

A concessionária também tenta atuar em defesa dos bichos. Atualmente, a SPMar tem parceria com duas associações. Uma delas é um sítio, localizado em Guararema, que recebe animais de grande porte. Há três meses, o local se tornou abrigo para um cavalo e uma vaca.

A parceria oferece ajuda financeira para que o espaço cuide do bicho resgatado. “Ração, veterinário etc. Animais da SPMar ficam 10 dias. O proprietário pode vir e retirar o animal. Se ele não se interessar, fica pelo pátio”, explica o dono do sítio, Josafá Amaro.

Os cuidados com a saúde dos animais ficam sob responsabilidade do veterinário Gustavo Marques de Oliveira. “Normalmente, nos animais que têm algum tipo de ferimento, fazemos um atendimento para esse ferimento, manejo correto dessa ferida. Procuramos também instituir um tratamento de vermifugação e vacinação para fazer o manejo sanitário desses animais e, em algumas emergências, temos que promover a eutanásia.”

A SPMar orienta ainda que, quando houver animal na pista, o motorista diminua a velocidade e aperte o pisca-alerta, que ajuda a sinalizar o risco para outros motoristas. Assim que possível, em segurança, o motorista deve ligar para a concessionária e passar informações que possam ajudar na retirada do animal, como o quilômetro onde ele foi visto. O telefone é o 0800 774 8877.

Fonte: G1

Foto: TV Diário / Reprodução


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. Nós excluímos da matéria um trecho em que o gerente de Operações da SPMar diz que "a população que não puder manter o animal deve recorrer a grupos e organizações não governamentais (ONGs) que possam recebê-los".

Em primeiro lugar, quem pensar em adotar um animal deve sempre saber que ele poderá ficar doente ou se tornar deficiente e, a não ser que faleça antes, certamente irá envelhecer. E isso tudo implica cuidados e gastos. 

Quanto ao aspirante a tutor, um dia ele poderá ser demitido, ter filhos, se mudar de cidade, estado ou país, entre tantas outras mudanças possíveis de ocorrer na vida. 

Portanto essa pessoa que deseja levar um animal para casa deve estar consciente disso tudo, inclusive que nenhuma dessas situações é motivo para abandonar qualquer animal. Você abandonaria um filho se ele adoecesse, se tornasse incapaz ou se você ficasse sem dinheiro, se mudasse ou tivesse outro filho? Pois é. Então adote um animal apenas se estiver disposto a ficar com ele até o fim natural de sua vida, fornecendo-lhe os melhores cuidados haja o que houver.

Mas se o caso foi você ter encontrado um animal abandonado, a solução também não é deixá-lo em uma ONG. Assim como nós, outras ONGs de proteção animal já estão cheias de bichos para adoção - imagina se fôssemos receber todos os animais que, infelizmente, são abandonados diariamente.

É aqui que entra o bom e velho "cada um deve fazer sua parte". Se você encontrar um animal abandonado, tem duas opções: uma é ficar com ele, se tiver condições, real vontade e amor, além da consciência que citamos acima; outra é você mesmo fazer uma campanha de adoção para esse animal. Em nosso site, damos algumas orientações quanto a isso. Leia aqui.

2. Quanto às tais passagens subterrâneas, podem até servir para felinos e canídeos, mas e os outros animais? E os macacos, que se deslocam entre as árvores? E as aves que não voam? E mesmo entre felinos e canídeos, eles não sabem onde estão as passagens subterrâneas, não sabem ler sinalizações. Além disso, 10 passagens em uma extensão de 177 km do Rodoanel não é nada, deveria haver pelo menos uma a cada 500 m, para que os animais pudessem ter mais chances de encontrar uma delas. 

E estamos falando dos animais de hoje e daqueles que virão - vale lembrar que a construção do Rodoanel, e o (in)consequente desmatamento promovido no entorno, matou muitos e muitos bichos. Mais um exemplo do "progresso" em favor do homem, mas menosprezando sempre os animais, e os envolvidos achando que medidas paliativas e precárias devem ser vistas como preocupação com os animais e aplaudidas pela população. 

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