Neyla Santos tinha apenas 13 anos quando, após ver a mãe matando uma galinha, decidiu que não comeria mais carnes de animais. A decisão, porém, foi questionada repetidas vezes pela família, até chegar a um ponto em que a jovem cedeu aos apelos da mãe. “Quem não come carne não tem proteína”, dizia em tom reprovador. No entanto, bastou a independência alcançada com a idade para que ela não tivesse dúvidas: abolir o consumo de carne de sua dieta era a escolha mais acertada a fazer.
Como Neyla, centenas de outros brasileiros chegaram a essa conclusão. E muito mais que apenas escolha alimentícia, a decisão sobre que comida colocar no prato tem implicações econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, filosóficas, históricas e até religiosas.
Na capital do Piauí, crescem os adeptos das práticas que procuram qualidade de vida através da alimentação saudável, bem como o posicionamento contra a exploração animal. Apesar das dietas vegetarianas e veganas excluírem totalmente o consumo de carne, elas se diferenciam. Enquanto a primeira exclui do cardápio apenas a proteína animal, a segunda abole não só a carne, como também qualquer produto de origem animal. Isso passa pelo leite e seus derivados, ovos, mel, lã, produtos que passem por testes em animais, entre muitos outros*.
Vegana há cerca de 10 anos, Neyla conta que seu processo de escolha envolveu uma decisão radical. “Vi no Orkut algumas informações que me contemplaram completamente. Algo que sugeria que como podemos gostar de alguns animais e aceitar a morte de outros? Depois de ler e me informar, parei com a carne. Primeiro foi o porco, depois carne bovina, mas dali a uma semana, em um churrasco de família, quando me ofereceram peixe e eu olhei para o animal, eu soube que não comeria mais nada. Quem ama animais entende como se dá o processo de matança, não compactua com isso”, relembra.
Hoje, não só ela, como também os filhos e o esposo aderem a uma dieta e conduta que visa não favorecer a exploração animal. Tanto os filhos de 18, 13 e seis anos** quanto o marido são ovolactovegetarianos, em uma dieta que não consome nenhum tipo de carne, mas aceita ovos, leite e alguns derivados de origem animal.
Neyla explica que o processo de adequação alimentar sempre foi natural, sem imposições ou exigências. Assim, a consciência que se tem na família é alcançada de forma coletiva, com diálogo e troca de informações. “O veganismo é consciência, porque sabemos que o especismo não funciona. O que não quero para mim como humana não vou fazer com um animal, não tenho direito de usufruir dele, de tratá-lo como um produto. Os animais são sencientes, eles sentem e têm consciência quando são submetidos a esses horrores”, destaca.
Ela relata os maus-tratos que envolvem toda a cadeia de produção animal e reforça o posicionamento contrário ao que é feito na indústria de produção de carnes. “A única coisa de que me arrependo hoje é não ter sido vegana há mais tempo. É impossível saber como as vacas leiteiras são tratadas, as galinhas, os porcos, os bois, e aceitar que isso continue a acontecer”, pontua.
Seja no prato, roupas, acessórios ou itens de perfumaria e maquiagem, não entra na vida de Neyla nada que passe pela exploração animal. Como ela, outras milhares de pessoas aderem ao estilo de vida.
Fonte: Portal O Dia (Piauí)
Foto: Glenda Uchôa / O Dia
NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:
*1. Leia também: Os diferentes vegs da causa animal
**2. Sim, é perfeitamente possível - e saudável - crianças e adolescentes serem vegetarianos/veganos. Na coluna ao lado desta postagem, vá ao box 'Pesquise por assunto', clique no marcador 'veganismo na infância' e confira uma série de matérias a respeito.
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