Responda rápido [quem ainda come animais]: quando aquele filé de frango crocante chega estalando ao seu prato, você se pergunta de onde ele veio? Como foi produzido? Mas e se o animal não precisasse ser morto para você saciar seus desejos à mesa?
Isso já é possível, pelo menos tecnologicamente. E, não, não estamos falando de proteínas vegetais derivadas de soja, mas de carne de verdade. Na semana passada, a startup norte-americana Memphis Meats anunciou o desenvolvimento dos primeiros filés de frango e de pato cultivados em laboratório.
Eles são produzidos a partir de amostras de células dos animais que, ao serem colocadas em uma solução com nutrientes químicos, crescem e se multiplicam, formando o mesmo tecido do animal.
Quanto ao sabor, praticamente não há diferença em relação à carne de abatedouro, segundo os participantes da degustação promovida pela startup durante lançamento do produto dias atrás nos Estados Unidos.
O grande diferencial da carne de laboratório é a capacidade de atacar três problemas graves associados à produção convencional de proteína animal: a degradação do meio ambiente, a questão do bem-estar animal* e preocupações sanitárias e de saúde.
“A galinha e o pato estão na mesa de tantas culturas ao redor do mundo, mas a maneira como as aves convencionais são criadas acarreta grandes problemas para o meio ambiente, bem-estar animal e saúde humana. Nosso objetivo é produzir carne de uma forma melhor, para que seja deliciosa, acessível e sustentável, afirma a cofundadora e CEO da Memphis Meats, Uma Valeti, em nota à imprensa.
O único empecilho entre o seu prato e o frango high tech é o custo, atualmente proibitivo. Segundo o jornal The Wall Street Journal, meio quilo de carne de frango de laboratório não sai por menos de US$ 9.000 (sim, nove mil dólares), mas esse custo está caindo rapidamente a cada novo lote, disse ao site Gizmodo o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da empresa, Steve Myrick.
A expectativa é de que, quando as carnes sem abate chegarem às lojas até 2021, o custo coincidirá com o da carne regular encontrada hoje nos mercados. E isso não é futurologia. O hambúrguer de laboratório apresentado ao mundo em 2013, pelo cientista Mark Post, da Universidade Maastricht, na Holanda, passou de um milhão de reais para pouco menos de 40 reais a unidade em dois anos.
“Qualquer consumidor que queira consumir [nossa] carne por razões éticas ou financeiras deverá ser capaz de fazê- lo e ter essa opção no mercado.”
A plataforma tecnológica que a empresa está construindo para produzir carne sem sacrifício animal também permitirá que, no futuro, ela manipule a textura e o perfil nutricional de seus produtos, buscando agregar características mais saudáveis e nutritivas.
“Acreditamos realmente que esse é um salto tecnológico significativo para a humanidade”, diz Uma, “e uma oportunidade de negócio incrível para transformar uma gigantesca indústria global e contribuir para resolver alguns dos problemas de sustentabilidade mais urgentes do nosso tempo”.
Na foto abaixo, um prato confeccionado com tiras de pato cultivado em laboratório pela startup:
Fonte: Exame
Fotos: Memphis Meats / Reprodução
NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:
2. *Não se engane quando ouvir o termo 'bem-estar animal'. Esse bem-estarismo é a falácia usada pela indústria da carne para enganar o consumidor que tem algum peso na consciência por se alimentar de animais, mas continua se alimentando assim mesmo, e fazê-lo acreditar que os animais que está comendo não foram maltratados, mas sim viveram felizes em uma linda e ensolarada fazendinha cheia de flores, correndo livres pelos campos, até chegar o momento do "abate humanitário", outra falácia me-engana-que-eu-gosto propalada pela indústria da carne, segundo a qual o animal tem uma morte "digna", "sem dor". Montes de baboseira.
Recomendamos o documentário A Carne É Fraca, do Instituto Nina Rosa, que foi todo filmado dentro de matadouros que se orgulham em dizer que praticam o "abate humanitário". Conheça esse horror e imagine como são então os abatedouros que matam de forma não humanitária. Já a postagem A realidade por trás dos ovos "livres de gaiola" derruba outro argumento bem-estarista, em relação às galinhas - clique no link e entenda.
O que nós, da causa animal queremos e lutamos para acontecer é o abolicionismo animal, que todos vivam livres, sem dor e sofrimento, sem serem explorados de nenhuma forma, pois todos têm esse direito, não somente os humanos - ou você acha que só porque eles não falam, eles não sentem? Só porque eles não falam, os humanos são melhores do que eles e têm o direito de dominá-los e usá-los da maneira como bem entendem?
Assim, nós, da Natureza em Forma, apoiamos a ideia da criação de um substituto para a carne, já que o ponto principal de parar de consumir animais - respeito pela vida de seres inocentes - não comove a maioria das pessoas. É uma forma de minimizar o consumo, "ludibriando" o paladar do consumidor. Nesse caso, os fins justificam os meios: o importante é o fim das mortes dos animais de consumo, e essa pode ser uma alternativa se cair nas graças do grande público que come carne. Que essas iniciativas como da Memphis Meats e da Impossible Foods deem certo, prosperem e se expandam por todo o planeta - e a preços acessíveis. Que este seja realmente o começo de uma revolução nos hábitos alimentares da população mundial - e mesmo o começo de uma conscientização de que a indústria da carne é danosa não apenas aos animais, mas também ao organismo humano e ao meio ambiente em geral, e que tirá-la de nosso cardápio é algo vital para a continuidade até mesmo da vida humana no planeta.
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