Foto: Pixabay
Por Paulo Furstenau*
No programa Encontro, da TV Globo, de hoje (1º de agosto de 2016), foi mostrada a história de uma professora do Piauí que “criou um projeto muito bacana”, segundo a apresentadora Fátima Bernardes, para conscientizar seus alunos sobre gravidez na adolescência: ela lhes deu a incumbência de cuidar de pintinhos durante as férias. Cinco duplas de alunos receberam um pinto para cuidar no período de 6 de julho a 10 de agosto.
“E por que pintinho?”, perguntou Fátima. E a “criativa” professora (o nome do quadro do programa é “Professores Criativos”) disse que a ideia inicial era dar gatos ou cães (!), mas mudou porque a intenção era “incomodar" (!!!), e pintos acordam às seis da manhã piando, fazem muito barulho, muito cocô etc.
A professora Alessandra Ribeiro relatou que uma das alunas está sendo ajudada pela mãe, por ter ficado muito estressada cuidando do animal. Fátima, após fazer piada sobre a intervenção da “avó” do pintinho, quis saber: “Já houve algum caso de perda do pintinho? Morreu o pintinho?”. (Na chamada do programa, ao anunciar o quadro, ela já havia se dirigido ao telespectador: “Será que estão todos vivos?”.) Ao que a criativa professora respondeu que sim, um deles morreu afogado.
Ela contou então que, ao encontrar o “responsável” pelo pintinho na escola, lhe perguntou “e se fosse um bebê, você tinha deixado o bebê morrer?”, e que o menino estava muito triste. E a apresentadora do programa, que também é garota-propaganda da Seara, concluiu que o projeto “está funcionando de uma forma educativa e lúdica”.
O ator Caio Blat, um dos convidados do programa, comentou que ter um filho, cuidar de outra vida, requer maturidade e preparação. Fátima Bernardes concordou: “É outra coisa, né?”. E nós, da Natureza em Forma, perguntamos: é outra coisa por quê? Porque é um pinto e não um ser humano? E a vida de um pinto vale menos? Ou não vale nada? Assim como as vidas dos porcos, vacas e pintos adultos, cujos resultados das torturas a que são diariamente submetidos - suas mortes - são anunciados pela jornalista, em mídia nacional, como sendo deliciosos?
Nenhum animal nasceu para nos servir como alimento, vestuário, entretenimento, mão de obra ou experimentos, quaisquer que sejam, mesmo em “experiências” aparentemente inocentes em escolas (que, no caso, resultou na morte de um ser vivo). “Nem mesmo a utilização de animais na área médico-científica é justificável, uma vez que já se sabe que a utilização de animais em pesquisas é um retrocesso, um atraso na evolução científica, além de ser um grande desperdício de dinheiro público”, de acordo com a ONG PEA – Projeto Esperança Animal (leia mais aqui). Todos os animais merecemos (sim, porque somos todos animais) a vida e a liberdade. A dor e o sofrimento vividos por qualquer forma de vida senciente é uma aberração que deve ser combatida, e não incentivada, menosprezada ou ridicularizada.
Queremos deixar claro que não somos contra nenhuma emissora de TV ou veículo de comunicação em nome de posição política ou qualquer outro tema que não seja a causa animal. Por isso, quando uma das principais jornalistas de uma das principais emissoras do País dá um péssimo exemplo à população ao se aliar à indústria assassina da carne, isso atinge diretamente a nós, que lutamos pela vida de todos os animais.
Além disso, não foi a primeira vez que o programa Encontro tratou com desdém a vida de outros seres vivos – por sinal, os pintinhos mesmo. Em 19 de junho de 2015, a cantora Claudia Leitte já havia estado ali e contado que um amigo soltara pintos na cerimônia de seu casamento, e que os bichos haviam sido pisoteados até a morte. “Um verdadeiro genocídio”, disse a cantora em tom de piada (assista aqui).
Assista ao quadro "Professores Criativos" do Encontro de hoje aqui (clique em ‘cena 7 de 7’).
A propósito, foi anunciado que a “artista” citada acima será uma das convidadas de amanhã. Uma boa oportunidade para todos enviarmos perguntas para ela: “Claudia Leitte, por que você não solta seus filhos em meio a uma manada de búfalos?”.
Conheça o Stallone
Foto: Natureza em Forma / Divulgação
Esse é o Stallone, um galo-índio que era explorado em rinhas. Ele foi apreendido pela Polícia Ambiental e hoje está disponível para adoção aqui na ONG. Stallone também já foi um pintinho. Um pintinho que poderia ter sido pisoteado no casamento da Claudia Leitte, morrido afogado durante uma “experiência” escolar ou triturado na indústria dos ovos, por ser macho. Mas que foi usado em rinha. Diferentes formas de exploração, mas que terminam com o mesmo resultado: tortura física e psicológica e morte.
Felizmente, Stallone sobreviveu e foi resgatado. E hoje tem a chance de ter a vida digna que merece, assim como todos os animais. Se você mora em São Paulo, é vegetariano, tem uma casa com terreno de no mínimo 3 m x 3 m, preferencialmente com parte de terra, e um espaço grande em seu coração, venha conhecer o Stallone. Ele é dócil, simpático e está à espera de um lar com respeito e amor.
Mais informações: (11) 3151-2536 / 3151-4885 / 7766-1559 (Nextel) / contato@naturezaemforma.org.br
Foto: Natureza em Forma / Divulgação
Foto: Natureza em Forma / Divulgação
*Paulo Furstenau é jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma
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